De família caiçara, Maria Tereza Leal Diz, conhecida como Teté, destaca a importância das tradicionais festas religiosas realizadas em Itanhaém / Nayara Martins/DL
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“Todos nós nascidos em Itanhaém somos caiçaras”. A afirmação é da pesquisadora e escritora Maria Tereza Leal Diz, mais conhecida como Teté, 73 anos, do município. Na sua opinião, hoje, a cultura caiçara é pouco representada na Cidade, já que a maioria deles foi morar no interior do município.
“Sabemos que o caiçara é o povo que mora na faixa litorânea, desde o sul do estado do Rio de Janeiro até o norte do Paraná”, explica.
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Natural de Itanhaém, Teté diz que nas décadas de 40 e 50, com o boom imobiliário, grandes empresários compraram as terras onde viviam os caiçaras e, inclusive, alguns chegaram a ser expulsos de suas terras e foram morar à beira dos rios.
“Um exemplo é a família que mora na Ilha do Bairro, também conhecida como “Ilha do Mauricinho”, no rio Preto, onde há um núcleo com maior representatividade de caiçaras e que ainda preservam os costumes”, salienta.
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Ela lembra de alguns pescadores artesanais, que saem com os seus barcos de pesca e comercializam o pescado, na Praia dos Pescadores. Além de outras famílias caiçaras que mantêm a tradição e que moram em sítios, à beira dos rios.
“A cultura caiçara é muito rica, em Itanhaém, pois faço essa pesquisa há muitos anos. Na administração do ex-prefeito Orlando Bifulco, entre 2001 a 2004, como diretora de Cultura, desenvolvemos um projeto sobre a cultura caiçara, para mostrar as histórias, o modo de vida, as lendas e a culinária”.
Na época foi montada uma cozinha caiçara na casa de um morador, onde havia fogão a lenha e eram feitos os pratos típicos caiçaras como nas décadas de 40 e 50. As receitas eram preparadas por um grupo, à base de pratos com mariscos, peixes e frutos do mar. Todos os pratos foram registrados das comidas típicas caiçaras.
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Outro projeto é o de um Centro de Tradições Caiçaras em Itanhaém. “O objetivo era resgatar as lendas, a culinária, as histórias e as danças típicas de comunidades caiçaras. Mas o projeto não se tornou realidade”, lamenta.
Na sua opinião, a Cidade deve se desenvolver de forma mais harmônica. “A Administração Municipal precisa cuidar das origens da população. É fundamental haver um resgate da cultura caiçara, que foram um dos primeiros habitantes na Cidade. Além de se preservar o patrimônio histórico”, completa.
Festas tradicionais
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A pesquisadora destaca ainda a importância da preservação das festas tradicionais religiosas em Itanhaém.
“Nossa principal festa religiosa é a do Divino Espírito Santo. Além da fé no Divino Espírito Santo, ela reúne muitas famílias da Cidade, como também o Reisado de Itanhaém”.
Para ela, a essência dessas festas está se perdendo com o tempo. Um dos motivos é que a igreja católica perdeu muitos fiéis. A Festa do Divino Espírito Santo e do Reisado de Itanhaém foram suspensas, nos últimos dois anos, devido à pandemia, mas este ano, já estão sendo retomadas.
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Teté lançou o seu primeiro livro “Dicionário Tabacudo”, em 2019, com o registro de termos e expressões usados por antigos itanhaenses.
A autora já está preparando um novo título e será baseado em suas pesquisas feitas há 40 anos. O livro mostrará entrevistas com as famílias mais antigas de Itanhaém, além de lendas e histórias. Uma das principais fontes foi o seu tio Nestor Leal, caiçara e irmão de sua mãe Maria Pureza Leal Diz, nascido em 1894 e já falecido.
O novo livro será lançado em setembro deste ano.
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