Itanhaém

Maré Vermelha e proibição afetam pescadores artesanais em Itanhaém

A proibição se deu devido ao fenômeno Maré Vermelha e a presença de biotoxinas produzidas por microalgas marinhas

Nayara Martins

Publicado em 23/08/2024 às 06:30

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Pescador Mime fala dos prejuízos nas vendas de mariscos e ostras, na Praia dos Pescadores, em Itanhaém / Luiz Carlos da Silva/Divulgação

Pescadores artesanais que vivem da pesca em Itanhaém estão sendo prejudicados com a Maré Vermelha. Um exemplo é o pescador Almir Rodrigues, conhecido como Mime, de Itanhaém.Ele cita os prejuízos com a proibição do Governo de São Paulo em extrair e vender os moluscos bivalves, como ostras, mariscos e mexilhões nas cidades do litoral sul – Praia Grande, Itanhaém, Peruíbe e em Cananéia, no Vale do Ribeira.

A proibição se deu devido ao fenômeno Maré Vermelha e a presença de biotoxinas produzidas por microalgas marinhas.  

Rodrigues, que trabalha há cerca de 35 anos, com a extração de mariscos e a pesca artesanal, afirma que a situação está bastante difícil aos pescadores artesanais que dependem das vendas dos moluscos em Itanhaém. 

Ele já atua na pesca artesanal desde a época do seu pai, na Praia dos Pescadores, um dos locais mais tradicionais para a venda de peixe fresco na Cidade. Possui um boxe com a venda de camarão, caranguejos, mariscos e ostras, no local. 

“Está difícil a situação, já que vivemos com as vendas de ostras e mariscos. Somos em quatro pescadores que vivem do sustento desses moluscos na Praia dos Pescadores. Nunca havia acontecido a maré vermelha com a ostra,e é a primeira vez essa proibição de trabalhar”, desabafa.

Lembra que já havia acontecido, há cinco anos, a proibição da extração do marisco pelo mesmo motivo, por um mês.“Já estamos há 15 dias sem poder vender mariscos, ostras ou mexilhões. As contas não esperam”.
Rodrigues atua ainda com a pesca do camarão de arrasto. Apesar de ter barco de pesca, ele explica que está há um mês sem poder sair porque o mar não está favorável.  

“Minha principal fonte de renda é o marisco, a ostra e o caranguejo. Trabalhei essa semana somente com a venda caranguejo, foi a minha única renda”.  

Com a liberação da venda de ostras em Cananéia, Rodrigues afirma que já pode comprar os moluscos dos viveiros de Cananéia para revender em Itanhaém

“Há anos que já trabalhamos com a ostra de Cananéia, que é a de melhor qualidade.Mas os mariscos ainda estão proibidos de retirar dos pontos em Itanhaém. Em período normal, o marisco é tirado na Prainha dos Pescadores ou na praia do Cibratel”, frisa.

Segundo o pescador, eles não são avisados sobre a liberação pelos órgãos do Governo. “Ninguém avisa nada, ficamos sabendo pelo jornal na televisão ou tiramos, comemos e fazemos o teste pra ficar sabendo”, completa.
Rodrigues acredita que a liberação da venda do marisco vai acontecer até o final do mês.Mas, em setembro, já começa o período do defeso do marisco, que vai até o mês de dezembro, sem poder extrair o marisco. 

O defeso do caranguejo será nos meses de outubro e novembro. E o da ostra é de 18 de dezembro a 18 de fevereiro. Nesses períodos, os pescadores recebem o seguro defeso.

Liberação

Na segunda-feira (19) houve o anúncio do Governo do Estado sobre a liberação da retirada de moluscos bivalves como mariscos, mexilhões e ostras provenientes de cultivos das cidades de Cananéia – em Porto Cubatão e Itapitangui, de Cigarras em São Sebastião e de Itapema em Ilhabela, no litoral paulista.

Apesar da liberação, as cidades do litoral sul – Peruíbe, Itanhaém e Praia Grande ainda não estão liberadas. A proibição aconteceu no último dia 12 de agosto, confirmando a chegada do fenômeno Maré Vermelha.

A decisão se deu após a análise de resultados obtidos em coletas realizadas nos últimos dias 13 e 14 deste mês pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento m por meio da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) e reverte a suspensão de consumo e comércio de moluscos bivalves provenientes de fazendas marinhas dessas áreas monitoradas.

O Governo diz ainda que novas coletas serão realizadas a fim de alcançar o monitoramento de todas as áreas de cultivo do litoral paulista. 

A suspensão do consumo e da venda de moluscos bivalves no Estado ocorreu após relatórios de ensaio de amostras de água coletada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb)e pela Coordenadoria de Defesa

Agropecuária da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo no período de 28 de julho a 5 de agosto deste ano. Foram detectadas a presença de biotoxinasproduzidas por microalgas marinhas acima do valor permitido. 

Seis pessoas são intoxicadas em Peruíbe

A Secretaria Municipal de Saúde em Peruíbe constatou que seis pessoas estiveram com suspeita de intoxicação pelo consumo de mariscos na Cidade. Todos são de uma família de pescadores e moram no bairro Jardim Itatins.

Segundo a Vigilância Epidemiológica, nenhum dos casos foi necessário internação.  

A Vigilância Sanitária afirma que três estabelecimentos que apresentaram estoques de moluscos bivalves tiveram seus estoques interditados, de forma cautelar, na Cidade. Os demais estabelecimentos apresentaram produtos de outras regiões, como Fortaleza, Santa Catarina, Chile ou era de data anterior à proibição.

A prefeitura de Itanhaém informa que não há produção industrial de ostras e mariscos no município e que o comércio desses produtos foi proibido na Cidade.

Diz ainda que foram realizadas orientações nos locais onde os pescados são comercializados. E que, até o momento, não houve nenhum caso de internação ou atendimento devido ao consumo desses moluscos. 

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