Joana e o professor Eduardo mostram a antiga foto do Gabinete de Leitura, em 1888 , no Museu Conceição, em Itanhaém / Nayara Martins/DL
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Fundado em 20 de julho de 1888, por cinco homens ligados ao setor cultural na época, o Gabinete de Leitura “José Rosendo” está completando 135 anos este ano. O espaço, localizado na praça Carlos Botelho, no centro histórico de Itanhaém, tem importância histórica e cultural. No local acontecem exposições, apresentações de filmes de cinema, saraus, entre outras atividade culturais.
O professor de história Eduardo de Souza Brito conta a história do Gabinete desde a sua fundação. No dia 20 de julho de 1888, houve uma primeira reunião na casa de Manuel Antônio Ribeiro, onde foi lavrada a ata de fundação da Associação Cultural e recebeu o nome de Gabinete de Leitura Itanhaense.
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“Além de ser parte da história do município, o local foi o primeiro espaço coletivo cultural do litoral sul paulista”, destaca o professor. Lembra que, na época, não havia nem assinatura de jornais na Cidade. Eles se reuniam nas casas dos fundadores.
Um dos idealizadores do Gabinete foi Isaías Cândido Soares, o último intendente da Cidade, em 1907. Além de contar com João Batista do Espírito Santo, o propagandista, o pintor Benedito Calixto, o aperfeiçoador e Narciso de Andrade e João Mariano Soares, os incentivadores.
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A sede social do Gabinete foi inaugurada dia 5 e agosto de 1896, na residência do capitão Júlio Agostinho dos Santos, e se localizava ao lado do cruzeiro e da subida da rampa do Convento Nossa Senhora da Conceição.
“O espaço era bem maior e multicultural, com acervo de livros, jornais e revistas. Tinha um espaço para apresentações de peças teatrais, atrás do prédio. Na entrada eram sete degraus, com o assoalho de madeira. As peças eram escritas pelos artistas Benedito Calixto e Emídio de Souza”, revela.
Brito diz que no período entre 1896 a 1932, o Gabinete viveu o seu período áureo. Após isso, o espaço viveu um declínio a partir de julho de 1932, com a Revolução Constitucionalista. “O prédio era o único local para abrigar as tropas paulistas. Houve vários roubos de objetos, sujeira e destruição”, frisa.
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O espaço acabou sendo destruído e, em 1949, a situação piorou, pois um barbeiro começou a organizar bailes de carnaval no Gabinete. Também foi sede do Esporte Clube São Paulo.
Na época, o ex-prefeito Harry Forssell autorizou a retirada de todos os objetos do espaço que foram levados para o antigo Campão.
Na década de 1980 houve um incêndio no Gabinete de Leitura, na primeira gestão do ex-prefeito Edson Batista de Andrade. Até hoje não se sabe qual foi a causa do incêndio. E o prédio foi demolido.
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Apenas em 2011, o prédio foi reconstruído. Mas foi aberta uma nova travessa dona Albertina, ao lado do prédio, pelo ex-prefeito João Carlos Forssell. “É muito triste o prédio não ter sido recuperado como nos moldes originais”.
O historiador diz ainda que a maioria das informações foi coletada pelo memorialista José Rosendo, um dos primeiros funcionários da Câmara de Itanhaém, que, na época, funcionava na antiga Casa de Câmara e Cadeia, no centro histórico.
Marco cultural
A diretora do Museu Conceição e do Gabinete de Leitura, Fátima Cristina Pires, fala sobre a importância do local. “Os Gabinetes de Leitura são equipamentos culturais de importante significado para a identidade e o desenvolvimento intelectual de um local”. O Gabinete é um dos últimos em seu estilo funcionando no Brasil.
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“Em Itanhaém não foi diferente, o Gabinete de Leitura criado em 1888 por intelectuais da época, entre eles Benedito Calixto, foi um grande marco para a cultura regional”, frisa.
Hoje, o espaço é aberto a exposições diversas, eventos e conta com acervo de fotos antigas no município. Além de ter livros de arte e arquitetura consultados no local. Abriga o ponto MIS (Museu da Imagem e do Som) de cinema, onde passam de seis e oito filmes ao mês.
Para a advogada Joana Maria Soares Merlin Scholtes, neta do interventor Isaías Cândido Soares, o Gabinete de Leitura tem um papel fundamental na área cultural da Cidade. “É muito importante esse espaço já que está aberto aos artistas e outras pessoas ligadas ao movimento cultural de Itanhaém”.
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Joana conta que o seu avô Isaías era um amante da cultura e um grande idealista para os padrões da época. “Aos 22 anos, ele já era membro e presidente da Câmara Municipal. Foi ainda o último intendente da Cidade, nomeado pelo governador em 1907”, conclui.
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