Balsa entre Guarujá e Bertioga é feita com o auxílio de rebocadores / Nair Bueno/ DL
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Imagine-se na seguinte situação: ficar das 11 horas da noite (23 horas) em diante, com oito crianças, sem ter onde se alimentar, abrigar e proteger, aguardando o momento da maré baixar para que os rebocadores, que empurram as balsas sem motor que realizam a travessia entre Guarujá e Bertioga, voltasse a cumprir a missão de atracar as balsas no flutuante fixo que dá acesso à terra firme.
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Pois isso ocorreu, semana passada, com a cidadã Mônica Santanna, moradora da região do Rabo do Dragão, em Guarujá, que 'ousou' atravessar para Bertioga para levar as crianças a um parque de diversões. Quando ela conseguiu atravessar, já não havia transporte público para levá-la em casa. Ela ainda tinha que trabalhar na manhã seguinte.
"Só conseguimos atravessar duas horas depois, quando a maré subiu novamente. Perdemos o último ônibus que nos levaria para casa. Moramos próximos do quilômetro 14 da Rodovia Guarujá-Bertioga (Ariovaldo de Almeida Viana - SP-61). Deveriam deixar pelo menos uma catraia para pedestres", conta Mônica.
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As paralisações totais e parciais constantes viraram rotina na região. A última mais duradoura ocorreu há um mês (dia 16 de dezembro), quando o sistema foi interditado para um reparo no equipamento localizado do lado de Bertioga, voltando somente no dia 18. O Diário publicou a situação.
"É revoltante e isso não pode ficar assim. Tenho passado ali todos dias. Não estão nem aí para quem paga o pedágio imagine para os pedestres. Estava relutante, mas vou ter que acionar o Ministério Público. Somos cidadãos e merecemos respeito", desabafa o diretor-secretário da Associação de Moradores da Cachoeira, Sidnei Bibiano dos Santos, que luta insistentemente por uma atenção dos poderes públicos em relação à travessia e outras questões de infraestrutura.
Além de pedestres, turistas e moradores são obrigados usar a Rodovia Doutor Manuel Hipólito Rego, a Rio-Santos, gastando tempo e combustível, como já ocorreu inúmeras vezes, após as paralizações por questões técnicas e relativas ao tempo e maré.
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DH.
O Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo (DH) já se manifestou afirmando que continuará mantendo, durante a temporada, travessia com rebocadores. Balsas com motores - como ocorre na travessia Santos-Guarujá - só serão viabilizadas em março próximo.
Segundo o DH, "a alternativa adotada traz vantagens em relação à manutenção. Caso haja algum problema, o rebocador pode ser rapidamente substituído por outro e a balsa volta operar normalmente. Esse modelo é utilizado em todo País e certificado pela Marinha do Brasil", explicou, negando negligência.
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FRÁGIL.
Independente do acerto, ou não, sobre o sistema adotado há meses, o que acontece na realidade é uma travessia permanentemente frágil e prejudicial para cidadãos e cidadãs que se utilizam o transporte que une os dois municípios. Não seria difícil imaginar, por exemplo, a possibilidade de balsas ficarem à deriva em caso de incidentes.
Mesmo assim, o DH justifica que duas balsas alugadas com rebocador são estratégia adotada para que os usuários não sejam prejudicados enquanto as embarcações que atendem esta travessia passam por manutenção: "A manutenção, que vem ocorrendo em todas as embarcações desde o início da atual gestão, é importante para garantir segurança, conforto e confiabilidade".
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PREFEITURAS.
A Prefeitura de Guarujá já havia revelado que encaminhou um ofício à Direção do DH pedindo o retorno das balsas com motor nas travessias entre o município e Bertioga, operadas diariamente com duas balsas alugadas com rebocadores desde novembro de 2021.
"Estamos pedindo providências o mais breve possível, alegando que a economia local sofre prejuízos com essa situação, na medida em que o trânsito de trabalhadores, turistas e mercadorias é diretamente prejudicado com as medidas adotadas", alerta a Administração.
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Do outro lado, a Secretaria de Segurança e Mobilidade de Bertioga informa que a gestão da travessia Bertioga-Guarujá é responsabilidade do DH, ligado ao Departamento de Logística e Transportes do Governo do Estado. "A pasta reforça que, apesar da disposição para eventuais alternativas, as demandas sobre ações devem ser solicitadas ao órgão estadual", pondera.
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