PROBLEMA

Governo do Estado abandona escola localizada em Guarujá

Há dois anos que crianças do Rabo do Dragão são obrigadas a se locomover 20 quilômetros para estudar no Perequê

Carlos Ratton

Publicado em 15/11/2021 às 07:30

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Móveis apodrecem e material escolar se deteriora na escola que poderia estar em pleno funcionamento / Nair Bueno / Diário do Litoral

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Enquanto cerca de 80 crianças do primeiro ao quinto ano do Ensino Fundamental de Guarujá se arriscam diariamente dentro de um ônibus para chegar numa escola localizada no bairro do Perequê, o prédio da antiga Escola Estadual Rural Bom Jardim, na região conhecida como Rabo do Dragão, se encontra há dois anos abandonada com tudo que tem dentro.

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A escola fica no quilômetro 16,8 da Rodovia Ariovaldo de Almeida Vianna SP 61, também conhecida como Estrada Guarujá-Bertioga, às margens do Canal de Bertioga, ao lado da entrada do Condomínio Sítio São Pedro (de alto padrão). Ela foi inaugurada em 10 de março de 1963.

Na época, o prédio estadual foi inaugurado para atender filhos de sitiantes que viviam da plantação de bananais, cana de açúcar, mas também da atividade da pesca artesanal, que é mantida até hoje na região, apesar do pouco incentivo por parte das autoridades municipais e estaduais.

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A Reportagem esteve no local. A alvenaria, embora bastante castigada, ainda é recuperável. No entanto, mesas, cadeiras, bancos, armários, carteiras escolares e até material (livros, apostilas, cadernos, lápis, cola) se deterioram. O forro já não existe mais e as lousas resistem ao tempo. Tudo no entorno está destruído e sendo consumido pela mata.

O secretário geral da Associação dos Moradores e Amigos da Cachoeira da região do Rabo do Dragão, Sidnei Bibiano Silva dos Santos, quase não tem palavras para descrever a situação. Ele afirma que a comunidade é composta por 1,5 mil moradores. "O loteamento já utilizou suas dependências como base para castração de animais domésticos. Mas ninguém lembra de reaproveitar os imóveis, construídos com dinheiro público. Poderia ser até uma creche. As crianças vão para a escola porque a Prefeitura do Guarujá cede um ônibus em dois períodos. Agora, imagina a agonia de uma mãe se precisar atender um filho numa emergência?", confirma.

Ex-ALUNOS E MÃES.

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Jeferson Carlos Machado, residente às margens da Estrada desde que nasceu, descobriu o abandono e disse que toda sua família - mãe, tios e irmãos - estudou na escola. "Era um marco para nós. Tinha uma equipe de professoras excelente. Os caseiros aqui dos condomínios também colocavam filhos na escola. As paredes estão rachando. Tem muitas famílias dos bairros do entorno que poderiam colocar as crianças para estudar lá se a escola estivesse funcionando", afirma.

"Foi minha porta para o mundo. Poderia ser um lugar recreativo pelo espaço que ela tem e por ser o mais próximo da natureza", explica o ex-estudante Diogenio Machado, acompanhado da também ex-estudante Carolina Machado: "fiz a primeira e segunda série na escola. Um descaso total do Estado".

"Poderia se tornar uma futura creche ou até um centro comunitário. O que não pode é ficar assim, abandonado. Lamentável mesmo", afirma Geize de Oliveira, mãe de aluno que estuda no Perequê.

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A Secretaria da Educação do Estado (Seduc-SP) confirma que o prédio foi desativado em 2019 por não possuir condições adequadas de segurança e conforto para a realização das aulas. A unidade possuía apenas 20 estudantes matriculados, que foram redirecionados. Atualmente está em tratativa que toda a demanda de ensino fundamental dos anos iniciais (1º ao 5º ano) seja atendida pela rede municipal do Guarujá.

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