DOIS PESOS
Enquanto é rígido com famílias pobres de pescadores artesanais, impedindo-as de construir e manter moradias na beira da estrada (ver nesta reportagem), faz 'vistas grossas' ao empresariado da noite
Na última terça-feira (16), a Reportagem constatou que o pórtico de entrada da casa de shows Laroc Club Guarujá está localizado a menos de 15 metros da estrada e ao lado de uma placa do próprio órgão fiscalizador com os seguintes dizeres: "antes de constr / Nair Bueno/DL
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Cada vez fica mais evidente que o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Estado de São Paulo adota 'dois pesos e duas medidas' em relação à fiscalização da Rodovia Guarujá-Bertioga (Ariovaldo de Almeida Viana - SP-61), região do Rabo do Dragão.
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Enquanto é rígido com famílias pobres de pescadores artesanais, impedindo-as de construir e manter moradias na beira da estrada (ver nesta reportagem), faz 'vistas grossas' ao empresariado da noite.
Na última terça-feira (16), a Reportagem constatou que o pórtico de entrada da casa de shows Laroc Club Guarujá está localizado a menos de 15 metros da estrada e ao lado de uma placa do próprio órgão fiscalizador com os seguintes dizeres: "antes de construir defronte da rodovia, consulte o DER - telefone 3362-6622".
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Se fosse a construção de um quartinho a mais de uma família de pescadores que ganhou mais um filho ou neto, ou mesmo uma benfeitoria feita por um comerciante para melhorar o atendimento dos fregueses, já teria sido multado e ido para o chão faz tempo.
No local, a Reportagem descobriu outras situações. A Laroc e outras casas de shows que estão funcionando dentro de marinas vendem bebidas.
A lei 11.705/2008 é clara: são vedados, na faixa de domínio de rodovia federal ou em terrenos contíguos à faixa de domínio com acesso direto à rodovia, a venda varejista ou o oferecimento de bebidas alcoólicas para consumo no local.
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Segundo informações, após uma noite de balada intensa, as pessoas saem, nem sempre em condições boas para dirigir, para pegar seus veículos no estacionamento da Laroc que fica a aproximadamente quatro quilômetros, para depois dirigir numa estrada estreita, com uma faixa só de rolamento, mal sinalizada e iluminada.
Até food-trucks (proibidos no município) ficam em frente à Laroc nos finais de semana. É muito comum ver animais mortos na pista.
DER.
O DER vistoriou os locais indicados pela Reportagem e constatou a existência de uma tenda em situação irregular. Após a notificação do responsável, a mesma foi removida.
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"As demais construções do estabelecimento mencionado estão regulares. A fiscalização por parte do DER é constante e, sempre que identificada uma irregularidade, o departamento toma as medidas cabíveis", resumiu.
O DER finaliza esclarecendo que, quando há construções irregulares na faixa de domínio e em área não edificável, faz a notificação administrativa de embargo, na qual é estipulado o prazo de 15 dias para regularização do local. Quando a regularização não acontece por via administrativa, o DER toma as providências judiciais devidas.
A Laroc foi procurada por intermédio de suas redes sociais, mas não se manifestou sobre a construção à beira da estrada.
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CAIÇARAS VENCENDO.
Ano passado, o advogado Cláudio Luís da Silva venceu, em segunda instância, uma ação movida pelo DER, que previa a retirada de uma casa histórica de mais de 100 anos, localizada às margens da Rodovia.
"Queriam derrubar a casa dela, uma construção de 1916 com laudo juntado pelo próprio órgão", afirmará o advogado que defende a permanência de, até então, cinco imóveis de caiçaras que moram ao longo da estrada. A decisão não cabe recurso.
Há anos que a Reportagem mostra a especulação imobiliária envolvendo a área de preservação permanente. Até pequenos comerciantes estão tendo que se defender para não serem jogados na beira da estrada sem direito algum.
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Enquanto o DER pressiona para retirá-los, marinas e condomínios de luxo aumentam a extensão de seus imóveis, construídos sem qualquer tipo de fiscalização em áreas preservadas por lei.
O advogado alertava que a empresa que confecciona o laudo técnico para o DER é sempre levada pelo próprio órgão. Portanto, um verdadeiro conflito de interesses.
"E a empresa ainda junta uma proposta de recuperação ambiental da área. Ou seja, ainda vai lucrar com a retirada dos caiçaras", denunciou.
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Lembrou que a grande maioria dos moradores vive da pesca artesanal por décadas e não teria como sobreviver longe de suas habitações.
"Querem deixar a região elitizada, de nível financeiro alto. Acabar com a cultura caiçara e permitir que o canal Bertioga só seja acessível a lanchas e grandes embarcações, que visam somente o lazer e ainda afetam negativamente o meio ambiente", disparou.
O DER já se manifestou sobre a questão, mas nunca explica porque a demolição se dá somente com imóveis de pescadores e pequenos comerciantes. Resumiu apenas informando que estão ocorrendo ações judiciais de reintegração de posse na SP-061 referente a processos antigos, de mais de uma década atrás.
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