A estrada se encontra em péssimo estado de conservação em quase toda sua extensão, causando mortes a pessoas e danificando veículos / Divulgação
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Há cerca de quatro meses, o Governo do Estado de São Paulo destinou R$ 17 milhões para que o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) investisse na recuperação da Rodovia Ariovaldo de Almeida Vianna SP 61, também conhecida como Estrada Guarujá Bertioga, às margens do Canal de Bertioga. No entanto, segundo moradores da região conhecida como Rabo do Dragão, os trabalhos sequer foram iniciados, causando riscos a pedestres e morte a animais silvestres.
Os moradores - a maioria caiçara que vive às margens da rodovia - iniciaram um abaixo-assinado online que visa cobrar recapeamento de boa qualidade (e não reparos) e sinalização de velocidade para evitar que pessoas e animais que cruzam a estrada sejam atingidos por veículos, principalmente à noite, quando a iluminação é precária, revelando que o problema não está só no chão, mas também na parte aérea dos 22,5 quilômetros da estrada, ligando a área urbana de Guarujá até a balsa que dá acesso ao município de Bertioga.
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Jeferson Carlos Machado, autor de inúmeras imagens mostrando a situação da estrada, revela que a situação é de calamidade. "Eu moro na estrada há 30 anos e a situação não muda. Nos quilômetros finais antes da balsa de Bertioga, a situação é deplorável. Não existe sequer podas de árvores, que invadem a rodovia e obrigam que os ônibus, por exemplo, invadam a pista oposta. Já ocorreram mortes fatais por batidas de frente. Estamos precisando de apoio do Estado", afirma.
Para outro morador, Igor Santana dos Santos, o custo para manter os carros em ordem é enorme. "Estraga tudo. Fizeram poucas barreiras para conter encostas e os acostamentos não são suficientes. Um abandono só", revela.
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"A quantidade de buracos é enorme. Um morador chegou a filmar as manobras que os motoristas tem feito para evitar quebra do veículos. Toda a via de rolamento está precisando de socorro. Os pontos de ônibus, no acostamento, também estão bastante danificados. A situação está tão grave que estão sendo atropelados animais silvestres e domésticos. Temos muitas crianças morando na região", reclama o secretário geral da Associação dos Moradores e Amigos da Cachoeira da região do Rabo do Dragão, Sidnei Bibiano Silva dos Santos.
O líder comunitário completa enfatizando que a estrada precisa ampliar a sinalização de travessia de animais silvestres, também a sinalização onde tem moradores e colocar mais lombadas. "Já informamos o DER sobre a situação até com imagens. Mas mandam uma empresa terceirizada para efetuar o serviço, que é colocar asfalto frio, sem compactação correta, e o mesmo buraco abre dias depois. Estão enxugando gelo", afirma.
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MUNICIPALIZAÇÃO.
Em recentes reportagens, o Diário descobriu que uma das saídas para minimizar os problemas da estrada seria repassa-la ao Município, que ganharia autonomia administrativa para atender as demandas dos moradores, reconhecer os imóveis, manter as crianças estudando perto de casa, promover assistência à saúde de forma mais eficaz e levar qualidade de vida para a comunidade caiçara da região. Mas a proposta nunca foi adiante.
Para se ter uma ideia sobre a questão, hoje, por não ser municipalizada, um serviço simples e corriqueiro, como por exemplo, trocar uma lâmpada na rodovia, vira um verdadeiro martírio burocrático. A Secretaria de Operações Urbanas de Guarujá tem que emitir um ofício para o DER para fazer a reposição nos postes da estrada, que é praticamente uma via urbana dentro de Guarujá.
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Ano passado, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), recebeu indicação formal para municipalizar por intermédio da deputada Monica da Bancada Ativista (PSOL). Apesar de Dória, por ofício, ter dado aval para a municipalização, a proposta, que está parada em alguma gaveta do Palácio dos Bandeirantes, seria fundamental para ampliar os serviços públicos e o crescimento econômico da região, além de cerca de 30 mil pessoas que seriam beneficiadas com a medida.
A deputada justifica que toda a estrada possui características urbanas, com serviços de correios, transporte público, coleta de lixo, iluminação, mas tudo de forma bastante precária, necessitando ampliar a infraestrutura para famílias que lá residem por mais de 70
Sobre a municipalização, a Prefeitura já havia informado que pediu e transferência parcial de domínio entre os quilômetros 4,5 e 8,5, junto à Superintendência do DER, em 2019. Já o órgão havia informado que é necessário um ofício, desde que a Diretoria Regional do local esteja de acordo. A solicitação também deve ser aprovada pela Câmara dos Vereadores. O DER não se manifestou sobre as novas questões da estrada.
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