RISCO
O militar garante que ele (Bolsonaro) não quer ninguém com máscara perto e que as folgas no quartel foram canceladas para atendê-lo, além de uma reprogramação na escala, causando muito trabalho aos oficiais responsáveis pelos horários
Bolsonaro já colocou a máquina pública para trabalhar em prol da transposição / Divulgação
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Uma informação de um militar indignado com a situação, mas de mãos atadas pois, se identificado, poderá sofrer represálias verbais e até sofrer punição. O presidente Jair Bolsonaro (PL) teria supostamente proibido o uso de máscaras de proteção contra a Covid-19 dentro do Forte do Andradas, em Guarujá, onde está curtindo férias e pretende ficar até está quinta-feira (23).
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O militar garante que ele (Bolsonaro) não quer ninguém com máscara perto e que as folgas no quartel foram canceladas para atendê-lo, além de uma reprogramação na escala, causando muito trabalho aos oficiais responsáveis pelos horários.
Apesar do esforço, disse ainda que, repentinamente, o presidente resolveu ir para Santa Catarina, ficando em Guarujá somente até quinta e que na Fortaleza do Itaipú, em Praia Grande, Bolsonaro é considerado 'persona non grata' pelo comando, após se recusar a almoçar com o comandante tempos atrás.
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Finalizando conta que a decisão do presidente estaria constrangendo o Comando do Forte do Andradas e incomodando inúmeros outros militares que, por conta da hierarquia, não se manifestam. Ele também disse, por fim, que há casos de militares com fortes sintomas respiratórios na fortificação e que os militares colocam as máscaras quando o presidente sai a passeio.
Quem serviu as Forças Armadas sabe muito bem que quando uma ordem coloca em risco a própria vida, de seus companheiros e farda e subordinados não deve ser cumprida.
Também é sabido que boa parte dos jovens que estão servindo no Forte dos Andradas presta serviço temporário (não de carreira), portanto, pode contrair uma doença que já matou quase 618 mil pessoas no Brasil.
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Conforme dados oficiais, são quase 70 mortes a cada 24 horas. Os números estão no novo levantamento do consórcio de veículos de imprensa sobre a situação da pandemia de coronavírus no País. O balanço é feito a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde.
DANÇANDO.
A denúncia anônima do militar do Forte do Andradas de que o presidente esteja submetendo pessoas ao perigo estimulando o não uso de máscaras e baixando a guarda em termos de segurança não é novidade.
Esta semana, viralizou pelo assessor especial da Presidência Mosart Aragão um vídeo nas redes sociais em que Bolsonaro aparece dançando em um barco com um grupo de jovens também em Guarujá, sem máscara.
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Na gravação, com seguranças em motos aquáticas ao redor, Bolsonaro dança uma paródia da música Baile de Favela feita em sua homenagem. A versão traz ofensas a mulheres de esquerda e cita, em tom de deboche, o ex-deputado Jean Wyllys. O passeio em que Bolsonaro aparece dançando funk ocorreu no domingo(19).
Na segunda (20), Bolsonaro passeou de moto pela cidade e foi ainda para Santos. Por volta de 16h30, ele deixou o Forte dos Andradas acompanhado de sua comitiva e utilizou a travessia de balsas para chegar a Santos, onde passeou pela orla da praia e parou para comer pastel no bairro Aparecida.
Voltou ao Guarujá e, no bairro Santa Rosa, parou em uma lanchonete, onde sentou-se à mesa com o presidente da Caixa, Pedro Guimarães e dois admiradores. Ao chegar no Forte, por volta das 19 horas, Bolsonaro parou para cumprimentar apoiadores que o aguardavam na frente da fortificação militar. Foi neste momento que o presidente ouviu um senhor hostiliza-lo. No vídeo, também viralizado, ele estava sem máscara.
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MULTAS.
Vale lembrar que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), decidiu prorrogar para até o dia 31 de janeiro o decreto que estabelece o uso obrigatório de máscaras no Estado. A medida foi anunciada nesta segunda-feira (20).
A iniciativa é em função do avanço da variante Ômicron no Mundo, que agora registra mais de 30 casos reconhecidos no Brasil. O uso de máscaras em lugar público é obrigatório em São Paulo desde 1º de julho de 2020 e a infração prevê multas de R$ 552,71 por pessoa física e de R$ 5.294,38 por estabelecimento.
A Vigilância Sanitária estadual já autuou Bolsonaro seis vezes pelo não uso da máscara somente na região da Baixada Santista e Vale do Ribeira. Meses atrás, o presidente esteve em quatro cidades do Vale do Ribeira: Iporanga, Eldorado, Itaóca e Ribeira. Ele levou uma multa diferente em três delas por práticas reiteradas de desrespeito às restrições sanitárias.
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Não são poucas as reportagens mostrando que o uso de máscaras de proteção - recomendada por autoridades sanitárias como forma de diminuir o contágio pelo novo coronavírus - não é levado a sério pela Presidência da República.
Em agosto deste ano, o cerimonial da Presidência informou que o uso de máscara de proteção era opcional durante o evento de cumprimento de oficiais-generais promovidos. A cerimônia ocorreu no Salão Nobre do Palácio do Planalto. Depois do aviso, algumas pessoas que acompanhavam a solenidade retiraram o item de proteção.
Procurado ontem, o Comando do Forte dos Andradas garante, por sua Assessoria de Imprensa, que não procede a informação sobre a proibição do uso de máscaras nas dependências da fortificação de Guarujá.
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"Desde o início da pandemia, conforme previsto em lei, os militares e civis que adentram a área militar fazem uso obrigatório da proteção contra a Covid-19. O Forte dos Andradas apoia, desde o início da pandemia, as Prefeituras da Baixada Santista e do Vale do Ribeira nas ações de prevenção e combate à Covid-19", finaliza nota.
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