Marcos Matos é diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafe) / Nair Bueno/DL
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Com cheirinho de café fresco em todos os ambientes onde ocorreu o evento, o XXIII Seminário Internacional do Café de Santos ocorreu nos dias 11 e 12 de maio no Sofitel Jequitimar, em Guarujá, e contou com a presença de diversos participantes do Brasil e do mundo, casos de Michelle Burns, vice-presidente da Global Coffee Tea and Cocoa da Starbucks Coffee Company, Edward A. Esteve, chief Carbon Officer and Head of Coffee Division of ECOM Agroindustrial, Michael Von Luehrte, diretor executivo da Swiss Coffee Trade Association entre outros. Dentro das várias pautas, o clima, a logística e o futuro do mercado desse segmento foram os temas mais explorados pelos expositores.
Seja aqui no Brasil ou no mundo, em algum lugar, há nesse momento em que você lê esse texto um café brasileiro sendo apreciado. Porém, é claro, o preço do produto subiu consideravelmente nos últimos dois anos. Mas, se somos os maiores produtores e exportadores de café do mundo, o que explica essa alta que vemos nas prateleiras dos supermercados?
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"O brasileiro, hoje, vive essa angústia sobre o preço do café. Ele faz parte da nossa dieta; é o café com leite e o pão com manteiga que nos segura até a hora do almoço. O francês não faz isso. Agora, imagine o seguinte: o café, assim com o arroz, faz parte de uma atividade econômica que visa lucros. O preço do mercado internacional subiu e, se o nosso mercado interno também não subir, para onde vai esse café? Para fora. E por aqui, vai faltar. O dólar está mais caro, hoje na casa dos cinco reais. Isto é, se eu vendo um dólar de café, eu recebo cinco reais. Isso significa que o preço aqui dentro do país precisa subir para fazer esse equilíbrio. É uma questão mercadológica", explica Adalto Corrêa Júnior, diretor-executivo da Associação Comercial de Santos.
Corrêa Júnior faz questão de enfatizar que uma série de fatores fizeram o preço do café subir, e não apenas uma condição isolada.
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"Estiagem e geada atípicas, por exemplo, fizeram a produção diminuir, o que elevou seu preço. Além disso, a logística, que é o transporte, também afetou. Hoje um container para mandar café para fora custa em torno de 10 mil dólares. A pandemia reduziu, também, o consumo da bebida. Quando ela ficou mais controlada, a demanda explodiu e o Hemisfério Norte começou a pagar mais pelo café, o que fez com que os navios fossem quase todos para lá. Faltou navio aqui. Chamamos isso de "tempestade perfeita", quando várias condições se somam para acontecer juntas", diz.
Perguntado sobre a expecctativa de que o preço da safra interna diminua - o que também diminuiria o preço do café nas prateleiras dos nossos supermercados - Corrêa Júnior não mostrou entusiasmo. "Se eu tivesse uma bola de cristal, seria bom, mas não tenho. Porém, sendo sincero, acho bem difícil que isso aconteça em curto prazo", finaliza.
Cecafé
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Marcos Matos, diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafe), destaca que, hoje, eles representam 96% das exportações de café do Brasil, abastecendo o mercado interno e garantindo o fluxo do comércio, e que um evento como esse serve não apenas para debater assuntos de interesse do segmento, mas também criar uma cadeia de ideias e pontos de vista.
"Gostaria de falar de uma questão especial sobre essa edição do evento: os desafios globais. Aqui nós nos conhecemos, conversamos, falamos sobre estratégias e outros assuntos que interessam ao mercado interno e externo do café. O Brasil, históricamente, passou por muitas dificuldades climáticas nos últimos 10 anos. E o grande segredo está em trabalharmos com os produtores de forma correta e com informações precisas. Queremos contribuir com as discussões e ouvir as dificuldades desse produtor. Eu e o Cecafé saímos desse evento muito felizes, enxergando que há uma maturidade do setor do café em nível global", finaliza.
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