LEI
Prevista em lei desde 1998, a proibição de som alto na faixa de areia das praias de Guarujá, no litoral de São Paulo, era tratada com complacência até pouco tempo atrás
Equipes de fiscais acompanhados por policiais militares e guardas-civis percorrem a faixa de areia em busca de equipamentos ligados debaixo de guarda-sóis e barracas / Deepak Yadav / Unsplash
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Prevista em lei desde 1998, a proibição de som alto na faixa de areia das praias de Guarujá, no litoral de São Paulo, era tratada com complacência até pouco tempo atrás, mas a explosão das reclamações de banhistas incomodados com a cacofonia de músicas à beira-mar exigiu medidas mais drásticas.
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A gestão municipal contabilizou média de 20 chamadas por hora à central telefônica nos dias de praias cheias no ano passado. "A maioria das pessoas desconhece que som alto é proibido em Guarujá", disse Valéria Amorim, secretária de Defesa e Convivência Social do município.
"Houve um período longo de orientação, mas infelizmente tivemos que partir para a apreensão, já que as pessoas estão resistentes em seguir a regra."
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Panfletos com informações sobre as apreensões foram distribuídos nas praias semanas antes do início da fiscalização, no dia 8 de janeiro.
Desde então, equipes de fiscais acompanhados por policiais militares e guardas-civis percorrem a faixa de areia em busca de equipamentos ligados debaixo de guarda-sóis e barracas. O banhista abordado é orientado a desligar a música e guardar a caixa e, caso resista, é encaminhado para a delegacia. Caixas de som grandes, com amplificadores, são levadas pelos funcionários municipais mesmo desligadas.
Para recuperar o equipamento apreendido, o dono tem até 15 dias para procurar o Protocolo Geral da prefeitura e pagar multa de R$ 100 por dia em que o eletrônico ficar retido em um galpão municipal.
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Ao entrar na faixa de areia da praia de Pitangueiras no último dia 11, uma quinta-feira, o efetivo logo atraiu olhares curiosos. A primeira abordagem foi feita a uma família que passava o dia na praia com a caixa de som pendurada no guarda-sol. O mais jovem do grupo tentou argumentar com o guarda-civil, mas foi informado sobre a lei municipal e desligou o aparelho.
Assim que os fiscais se afastaram, ele protestou com o copo de caipirinha na mão e voltou a ligar o equipamento. Perguntou à reportagem se os policiais não deveriam estar prendendo bandidos em vez de confiscar as caixas de som de quem está na praia.
Uma senhora o impediu de dizer o nome e dar entrevista.
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Em outra abordagem, uma família de sete pessoas que estava debaixo de uma tenda de camping foi orientada a desmontá-la. O item também é proibido nas praias de Guarujá e alvo das fiscalizações.
Atendentes de um quiosque próximo tentaram minimizar o constrangimento dos clientes e logo montaram três guarda-sóis no local. Um banhista reclamou da falta de informações sobre a proibição da tenda naquela praia específica, diferente de outros pontos do litoral, mas o protesto foi em vão. Ele tentou explicar seu ponto de vista citando como exemplo as normas de trânsito, em que a mesma regra vale para todo o país.
A prefeitura afirma que as placas com as regras foram retiradas para reforma e serão colocadas de volta na orla.
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A restrição às estruturas de lona na faixa de areia segue a mesma lógica, por exemplo, da regra que proíbe quiosques de lotear a praia com guarda-sóis na faixa de areia à espera dos clientes. Animais, bicicletas e churrasqueiras também são proibidos nas praias.
Em quatro dias, entre sábado (13) e terça-feira (16), a prefeitura diz ter apreendido dez caixas de som e orientado 484 banhistas que estavam com o aparelho ligado a respeito da proibição. Outros 38 equipamentos foram desligados e guardados pelos donos a pedido dos fiscais.
"Não é uma tarefa fácil, eu sou o preposto da prefeitura na faixa de areia", disse Ricardo dos Anjos, fiscal de posturas da Prefeitura de Guarujá. "O turista quer conforto máximo quando vem para a praia, e quem atrapalhar vai ouvir coisas desagradáveis, mas a lei tem que ser respeitada", continuou.
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O fiscal conta que o trabalho é dinâmico porque, assim que a equipe se afasta, as caixas de som voltam a ser ligadas.
Apesar dos protestos de quem é obrigado a desligar a música, há mais manifestações favoráveis à iniciativa do que contrárias. A reportagem presenciou ao menos duas abordagens elogiosas durante a ação da última quinta na praia de Pitangueiras.
"Pelo amor de Deus, caixinha de som na praia é insuportável", disse a professora Lucilene Fonseca, 62, que estava com a família ao lado de um grupo orientado a desligar o aparelho. "A falta de educação incomoda", acrescentou.
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Além do incômodo na praia, as caixas de som atrapalham quem mora à beira-mar. "Temos uma faixa plana de areia e os apartamentos são muito próximos da praia", afirmou a secretária Amorim.
"Geralmente, são pessoas com mau gosto musical, [isso] gera poluição sonora. Se o som fosse bom, ninguém reclamaria", disse a dona de casa Paola Carvajal, 51, que também passava o dia na praia de Pitangueiras e presenciou a ação dos fiscais.
"Venho todas as férias, e as caixas de som são cada vez mais frequentes. Como cada um gosta de um estilo de música, o melhor é escutar na sua casa", opinou a corretora Tatiana Cardoso, 48.
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