Continua depois da publicidade
A Secretaria-Geral da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) confirmou hoje (3) que haverá uma reunião extraordinária com os presidentes dos 12 países que integram o bloco (o Paraguai está suspenso temporariamente) para discutir a proibição ao sobrevoo e à aterrissagem do avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, em países da Europa. A data da reunião ainda será definida. O objetivo é promover uma demonstração pública de rechaço à iniciativa dos governos de Portugal, da Itália, da França e da Espanha.
Em comunicado, o secretário-geral da Unasul, Alí Rodríguez, diz que a reunião foi convocada a pedido do presidente do Equador, Rafael Correa. “A Secretaria-Geral da União das Nações Sul-Americanas, a Unasul, rechaça a perigosa atitude assumida pela França e por Portugal ao cancelar intempestivamente a permissão de sobrevoo do avião em que estava o presidente Evo Morales”, diz o texto.
Nos parágrafos seguintes, o comunicado se refere à reunião extraordinária. “O presidente do Equador, o economista Rafael Correa Delgado, solicitou ao secretário-geral da Unasul, Alí Rodríguez Araque, que solicite à Presidência Pro Tempore da organização representada pelo presidente do Peru [Ollanta Humala] para convocar de forma urgente uma reunião extraordinária”, diz o texto.
Ontem (2), o avião de Morales foi proibido de ingressar nos espaços aéreos de Portugal, da França, da Itália e da Espanha porque havia suspeita de que o ex-agente norte-americano Edward Snowden estivesse a bordo. Morales foi obrigado a desviar a rota e aguardar autorização para seguir viagem, em Viena, na Áustria. As autoridades austríacas informaram que Snowden não estava no avião de Morales.
Nos Estados Unidos, Snowden é acusado de espionagem e está na Rússia esperando a concessão de asilo político. O ex-agente denunciou que os norte-americanos monitoravam e-mails e ligações telefônicas de cidadãos dentro e fora do país. Há, ainda, informações de que comunicações da União Europeia também foram monitoradas. O norte-americano pediu asilo a 21 países, inclusive ao Brasil, que indicou que não o concederá.
Desde ontem, o assunto é examinado pela Presidência da República do Brasil e pelo Ministério das Relações Exteriores. Assessores de Dilma examinam a hipótese de haver uma declaração formal de repúdio à proibição por parte da Unasul. O tema está sendo conduzido pelo assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia.
O embaixador da Bolívia no Brasil, Jerjes Justiniano Talavera, disse que é fundamental também que ocorra uma declaração formal durante a Cúpula do Mercosul, no próximo dia 12, em Montevidéu, no Uruguai. “Foi um ato de violação não apenas à Bolívia, mas a todos os latino-americanos, principalmente os países menores. É uma agressão a todos nós”, disse o diplomata.
O ministro das Relações Exteriores da Bolívia, David Choquehuanca, disse que o país pretende denunciar a situação constrangedora vivida pelo presidente Morales. “Não sabemos quem inventou essa grande mentira, mas queremos denunciar à comunidade internacional esse injustiça com o presidente”, informou.
Vários presidentes latino-americanos saíram em defesa de Morales, como a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, que classificou de “humilhante” o fato. “Definitivamente, estão todos loucos. Um chefe de Estado e seu avião têm imunidade total. Não se pode permitir esse grau de impunidade”, disse Cristina, em sua conta no Twitter.
Continua depois da publicidade