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Governo da Colômbia e as Farc obtêm pacto sobre vítimas

A admissão de responsabilidade pelas Farc poderia ajudar o presidente Juan Manuel Santos, que apostou sua reeleição pelo processo de paz

Publicado em 08/06/2014 às 10:56

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O governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) concordaram ontem em assumir a responsabilidade pelas vítimas do conflito interno, dando um impulso para as negociações de paz alguns dias antes do segundo turno das eleições presidenciais. Em um comunicado conjunto emitido ontem, em Havana, ambas as partes concordaram em dez eixos que nortearão a discussão das vítimas de meio século de violência. Esse era o quarto dos seis pontos da agenda discutida nas conversas mantidas ao longo de um ano e meio em Cuba.

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"Qualquer discussão sobre este ponto deve partir do reconhecimento de responsabilidade para com as vítimas do conflito", afirma o texto. "Nós não vamos trocar a impunidade."

A admissão de responsabilidade pelas Farc poderia ajudar o presidente Juan Manuel Santos, que apostou sua reeleição pelo processo de paz, mas está empatado com seu rival de direita Oscar Iván Zuluaga. A votação será no próximo domingo.

O futuro do diálogo com as Farc depende do resultado do segundo turno. Zuluaga tem dito que se ganhar imporá condições para continuar as negociações.

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Santos considerou o acordo "histórico e decisivo" para o futuro das negociações de paz. Um feito que, segundo ele, permitirá uma comissão de vítimas "exigir seus direitos e justiça", declarou, durante um ato de campanha em Montería, no Departamento de Córdoba.

O governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) concordaram ontem em assumir a responsabilidade pelas vítimas do conflito interno, dando um impulso para as negociações de paz alguns dias antes do segundo turno das eleições presidenciais (Foto: Divulgação)

Na lista dos dez pontos-chave da discussão entre o governo colombiano e as Farc sobre esse tema estão o reconhecimento de responsabilidade, a reparação das vítimas e seus direitos, o esclarecimento da verdade, a garantia de não repetição, o princípio de reconciliação, entre outros.

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Princípios que, segundo o chefe dos negociadores do governo, o ex-vice-presidente Humberto de La Calle, "não têm antecedentes nem na Colômbia, nem em nenhum lugar em um processo de paz". "O que estamos anunciando hoje (ontem) é um passo histórico", disse a jornalistas, em Havana.

O número dois da guerrilha e líder de sua equipe negociadora, Iván Márquez (Luciano Marín Arango), também comentou o acordo. "As vítimas não são só as do confronto armado e dos erros da guerra. As políticas econômicas e sociais são os piores motivos porque têm causado a maioria das mortes na Colômbia", afirmou.

Alguns representantes das vítimas do conflito colombiano devem ir à Cuba, ainda sem data definida, com propostas para a conclusão do processo de paz. O conflito de meio século entre as forças do governo, guerrilheiros e paramilitares deixou mais de 200 mil mortos e milhões de desalojados na Colômbia. As delegações não especificaram a data em que o diálogo será retomado em Havana.

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