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Se em 2014 os salários atrasados foram quitados na véspera do segundo jogo da grande final contra Ituano, em 2015 o Santos parece ter entrado no eixo mesmo sem ter todos os pagamentos regularizados
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Às vésperas da grande final do Campeonato Paulista, o Santos é dominado por um clima de mistério. Na contramão da postura aberta adotada por Oswaldo de Oliveira em 2014, quando o time acabou vice-campeão do Estadual, perdendo o título para o Ituano, o técnico Marcelo Fernandes tem fechado praticamente todos os treinamentos da equipe e dificultando o acesso aos principais jogadores.
Em contrapartida, os problemas financeiros no clube ainda incomodam e, mais uma vez em meio às finais, o presidente, agora Modesto Roma Jr, vive dias de incerteza quanto à renovação do nome de destaque do atual elenco: Ricardo Oliveira.
No ano passado, durante a disputa das finais, o então meia santista Cícero cobrava de Odílio Rodrigues um aumento salarial em sua renovação de contrato de empréstimo, após ter sido o grande nome da equipe na competição, assumindo, inclusive, a artilharia e a faixa de capitão. Sem acordo, transferiu-se para o Fluminense.
Neste ano, o atacante Ricardo Oliveira chegou à Baixada Santista sem alarde e assinou contrato com prazo estipulado até o fim do Paulistão por R$ 50 mil mensais. A aposta deu certo e o avançado foi a grande surpresa do campeonato. Agora, quando tudo já parecia acertado para sua renovação contratual, por R$ 150 mil mensais, mais bonificações, e vínculo até maio de 2018, Modesto e o staff do atleta já cogitam rever partes do acordo do centroavante definir sua permanência no Alvinegro Praiano.
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Se em 2014 os salários atrasados foram quitados na véspera do segundo jogo da grande final contra Ituano, em 2015 o Santos parece ter entrado no eixo mesmo sem ter todos os pagamentos regularizados, já que os direitos de imagem dos jogadores seguem pendentes há mais de um semestre. Mesmo assim, a mescla de nomes experientes com os mais jovens tem rendido dias de alegria aos jogadores no CT Rei Pelé. O clima é dos melhores.
Mais distantes da imprensa nesta reta final de Campeonato Paulista, os jogadores convivem com o primeiro desafio de Marcelo Fernandes como técnico profissional. Acostumado ao elenco santista, o ex-auxiliar, mesmo amigo pessoal de Oswaldo de Oliveira, tem apostado em um caminho completamente oposto para sair campeão paulista em 2015: mistério.
Enquanto Oswaldo preocupava-se apenas em não expor exageradamente Gabriel e Geuvânio, que recém haviam subido da base, e não escondia a escalação e nem a preparação do time, fechando apenas o último treinamento para os jornalistas, Marcelo evita ao máximo a aproximação midiática em suas atividades no CT com os jogadores. Treinamentos fechados se arrastam desde antes do clássico contra o Corinthians, pela penúltima rodada da fase de grupos.
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Tentando transformar os segredos em título, o Santos de Marcelo Fernandes enfrenta o Palmeiras de Oswaldo de Oliveira neste domingo, às 16h, na Vila Belmiro. O time da Capital venceu o primeiro confronto por 1 a 0 e joga na casa adversária por um empate para ser campeão paulista.
Marcelo esconde jogadores importantes; Lucas Lima vira 'porta-voz'
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Todo o clima de mistério implantado pelo Santos nesta reta final de Campeonato Paulista não se restringe apenas aos excessivos treinos fechados, sem a presença da imprensa. Com os problemas de lesão de Robinho, Gustavo Henrique e Valencia, além de Werley, que contraiu dengue na semana que antecedeu a primeira decisão contra o Palmeiras, o técnico Marcelo Fernandes aproveitou a oportunidade para intensificar as dúvidas sobre sua equipe, talvez, com a intenção de confundir o rival deste domingo.
A pedido do treinador, os quatro atletas foram orientados a não concederem entrevistas nestas duas semanas de finais. Algumas, já previamente marcadas, tiveram de ser canceladas. Tudo para que a incerteza paire no CT Rei Pelé.
Já Ricardo Oliveira vive um momento semelhante, porém, por um motivo distinto. Diante da novela que se transformou a renovação de contrato do camisa 9 do Peixe, o CEO do clube, Dagoberto Santos, também preferiu ‘calar’ o jogador às vésperas do clássico, o que não aconteceria se Modesto Roma Jr tivesse cumprido a promessa de selar o novo vínculo com o atleta na última segunda-feira.
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Outros jogadores do elenco santista também se tornaram inacessíveis nos últimos dias. Casos de Geuvânio e Gabriel. Com isso, a comissão técnica acredita que pode tirar alguma vantagem para reverter o placar de 1 a 0, conquistado pelos palmeirenses, no Palestra Itália, no último domingo.
Por outro lado, Lucas Lima se transformou em uma espécie de para-raios. Além de ser disponibilizado para entrevistas exclusivas, o meia de 24 anos atenderá a imprensa, em geral, pela quarta vez só neste mês de abril. Depois de conceder entrevista coletiva dias 1º e 13 e ser escolhido pelo clube para acompanhar Chiquinho na zona mista do dia 23, Lucas voltou a ser escalado para a coletiva desta quinta-feira, o que gerou, no mínimo, estranheza pelos profissionais que acompanham o dia-a-dia do Alvinegro Praiano.
Vale lembrar que, em janeiro, o Santos comprou os 10% que ainda pertenciam ao Internacional de Porto Alegre sobre o atleta e, desta forma, passou a possuir 50% do camisa 20. O grupo de investimentos maltês Doyen Sports detém 40% e a empresa Khodor Soccer, que pertence ao empresário do jogador, ficou os 10% restantes.
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Não é segredo para ninguém que clubes como Cruzeiro e do exterior têm interesse em tirar Lucas Lima do time da Vila Belmiro. Vivendo uma crise financeira alarmante, o Peixe vê no jogador, que tem contrato até dezembro de 2017, uma grande chance de ganhar dinheiro para sanar algumas dívidas e, até por isso, já se mexeu e contratou, sem custos, o jovem Rafael Longuine, meia que se destacou neste Paulistão atuando pelo Audax.