Reforço mais caro do Brasil, Damião convive com reserva e ostracismo

O Santos apostou alto em Leandro Damião. Sua contratação é alvo de muita discussão e divergência dentro do clube e entre torcedores. Inclusive, já virou até tema pontual neste período eleitoral – o Santos define seu novo presidente no dia seis de dezembro.

No próximo dia 15, vence a quarta e última parcela de três milhões de euros que o Peixe tem de pagar ao Internacional. A quantia é repassada pela Doyen Sports, porém, na mesma data, o alvinegro terá de arcar com um milhão de euros para quitar o negócio. Damião tem cinco anos de contrato com o time da Vila Belmiro, que espera lucrar com o jogador neste período, já que se comprometeu, em contrato, a devolver os R$ 42 milhões corrigidos ao grupo de investimento maltês.

O problema é que, por enquanto, Leandro Damião é um grande ‘mico’. O camisa 9 já participou de 40 jogos pelo Santos e marcou irrisórios nove gols. No Campeonato Brasileiro, foram apenas quatro bolas na rede do centroavante em 22 partidas.

“O Leandro tem capacidade, demonstrou isso. Está vivendo um momento de dificuldade, mas a gente não pode cobrar um jogador que teve poucas oportunidades nesta reta final. Precisa retomar aquilo que ele sabe fazer, talvez neste final de temporada tenha tinha uma dificuldade maior”, analisou o técnico Enderson Moreira.

O treinador trabalhou com Damião nas categorias de base do Inter, conhece bem o sempre muito reservado jogador de 25 anos. Quando chegou ao Santos, em setembro, Enderson tinha como uma de suas missões recuperar o atacante, que, após muitas oportunidades, estava perdendo espaço no time comandado até então por Oswaldo de Oliveira.

Entretanto, nada mudou. A má fase do camisa 9 perseverou mesmo com a troca de treinador, e Enderson se viu ‘obrigado’ a recolocar Leandro Damião no banco de suplentes, principalmente em função da regularidade de Gabriel, jogador da base, muito querido pela torcida e artilheiro da equipe na temporada.

“Talvez ele precise iniciar uma temporada do zero, com um novo astral, sendo um jogador de opção no começo. À medida que as coisas forem fluindo positivamente, as coisas voltam de forma natural”, vislumbrou Enderson Moreira, deixando claro que o ex-jogador da Seleção Brasileira e centroavante nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, não tem previsão para voltar a ser titular do Peixe.

Em 2014, Leandro Damião viveu um jejum de quase cinco meses de gols. Sofreu duas lesões sérias, uma no púbis, outra tornozelo. A sua pubeite, como foi diagnosticada, ainda gera comentários nos bastidores da Vila sobre a condição do jogador para desempenhar seu futebol em plenitude.

Na derrota para o Corinthians por 1 a 0, no clássico de Itaquera do domingo, o atleta entrou no decorrer da disputa pela quarta vez seguida. O empate em 1 a 1, contra a Chapecoense, há cinco rodadas, marcou a última vez que Damião foi escalado como titular. Na ocasião, o Peixe entrou em campo com vários reservas. Se formos analisar a escalação do atacante com força máxima, Damião não é titular desde a 29ª rodada, na derrota por 3 a 0 para o Criciúma, em Santa Catarina. Ainda pesa o fato do camisa 9 não ter sequer entrado em campo nos dois confrontos contra o Cruzeiro, pela semifinal da Copa do Brasil. Foram os jogos mais importantes do Santos no ano, e a contratação mais cara da história - entre clubes brasileiros - não entrou em campo.

Apesar de tudo, Leandro Damião é um profissional exemplar. Cumpre com suas obrigações, não atrasa nos treinamentos, se empenha do CT Rei Pelé e não se envolve em polêmicas extracampo. Agora, como o Santos já não aspira mais nenhum objetivo na temporada, o ânimo do elenco também não é o mesmo. Talvez seja o momento certo para Damião se reencontrar, aproveitar os cinco jogos que lhe restam antes de gozar das férias e, quem sabe, na temporada 2015, voltar a ser o goleador que o consagrou no Sul e que a torcida santista tanto espera.