OPINIÃO

Qualquer homenagem é pouco no aniversário de Pelé, mas todas são necessárias

Pelé faria 83 anos nesta segunda, e segue firme como um tópico da cultura nacional tal qual o samba, a prontidão e outras bossas, como cantou Noel Rosa

Bruno Hoffmann

Publicado em 22/10/2023 às 21:38

Atualizado em 23/10/2023 às 14:39

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Píer do Pelé, inaugurado neste fim de semana em São Vicente / Divulgação/PMSV

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Todo 23 de outubro deveria ser o Dia da Independência do Brasil. Não é a data em que deixamos de ser uma colônia, mas a do nascimento do homem que nos libertou - mesmo que pelo futebol - do nosso sentimento hereditário e voluntário de inferioridade perante o mundo, o que Nelson Rodrigues chamou de Complexo de Vira-Latas. Pelé faria 83 anos nesta segunda, e segue firme como um tópico da cultura nacional tal qual o samba, a prontidão e outras bossas, como cantou Noel Rosa.

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O primeiro aniversário do Rei após a sua morte  é marcada por homenagens. Neste fim de semana a cidade de São Vicente lançou o Píer do Pelé, com direito a craques de todos os tempos, torcida organizada e muita pompa para apresentar o novo ponto turístico do município. Já Santos - cidade litorânea sem ser capital que está no mapa do mundo primeiro por Pelé, depois, bem depois, pelo porto - vai inaugurar o Bonde Pelé e plantar árvores em alusão ao maior de todos.

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Neste ano, o Campeonato Paulista de Futebol fez um troféu em celebração ao Rei. O Brasileirão também se lembrou do gênio da bola na rodada inicial da competição. Neymar, ao superar o número de gols do eterno 10 pela seleção (em partidas oficiais), saiu socando o ar, como reverência ao mestre. Cabo Verde, Colômbia e Suíça rebatizaram estádios com o nome de Pelé. A avenida que circunda o Maracanã também passou a se chamar Rei Pelé.

Nenhuma exaltação é suficiente para uma figura tão grandiosa, mas todas são necessárias. São rituais que nos lembram quem fomos como povo para vislumbrar o que podemos ser. O que queremos ser. E o que merecemos ser. Pelé mostrou que nada é impossível. Sorte nossa que ele era brasileiro.

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Já o Santos Futebol Clube está mal das pernas, e o vexatório 7 a 1 neste fim de semana não era o que o Rei merecia. No fundo, porém, não importa. O clube pode até cair de divisão pela primeira vez. Ter tido o Pelé toda quarta e domingo durante quase 20 anos é um orgulho que só o Santos pode ter. Ah, que inveja.

A seleção brasileira também não anda se esforçando para homenagear o seu eterno 10, chegando a se enrolar em casa contra a Venezuela. A camisa futebolística mais famosa que há não merecia isso. Sorte que quase a América do Sul inteira está na próxima Copa, mas esse é um assunto para um outro momento.

O futebol é o esporte mais popular do planeta, e criou seus ídolos eternos em cada país: Maradona e Messi na Argentina, Valderrama na Colômbia, Eusébio e Cristiano Ronaldo em Portugal, Cruyff na Holanda, Suárez no Uruguai. Na Inglaterra, país inventor do futebol, o maior de todos se foi neste último sábado: Sir Bobby Charlton. O inglês certa vez disse: "Às vezes eu sinto que o futebol foi inventado para este jogador mágico".

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Ele não se referia a Messi, Maradona, Cruyff, Cristiano Ronaldo ou a si mesmo. Era sobre Pelé.

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