Em audiência nos EUA, delatores de corrupção na Fifa afirmaram que Marco Polo Del Nero recebeu propinas quando era vice-presidente da CBF / Divulgação/CBF
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O presidente da Conmebol, o paraguaio Alejandro Domínguez, pediu para que o presidente banido da CBF, Marco Polo Del Nero, não fosse à final da Copa Sul-Americana, entre Flamengo e Independiente, no Maracanã, no último dia 13.
A reportagem apurou que os dois dirigentes conversaram no início daquela semana. Domínguez disse a Del Nero que não seria bom para a Conmebol se ele fosse visto publicamente em evento da entidade sul-americana. Um dos vice-presidentes da Fifa, o paraguaio já sabia que o presidente da CBF seria banido por 90 dias pelo Comitê de Ética da entidade, o que apenas foi anunciado dois dias após a partida entre Flamengo e Independiente.
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A cadeira na tribuna do Maracanã destinada ao mandatário da CBF ficou vazia. Ao lado dela, se sentaram Domínguez, o presidente da AFA (Associação do Futebol Argentino), Claudio Tapia, e o presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol), Reinaldo Carneiro Bastos.
Domínguez não quis se pronunciar sobre o assunto, assim como tem evitado dar entrevistas por causa dos problemas envolvendo dirigentes sul-americanos.
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Del Nero é acusado pelo Departamento de Justiça dos EUA de fraude em contratos relacionados a competições sul-americanas. Seu antecessor na CBF, José Maria Marin, está sendo julgado nos Estados Unidos por fraude e lavagem de dinheiro.
Em audiência nos EUA, delatores de corrupção na Fifa afirmaram que Marco Polo Del Nero recebeu propinas quando era vice-presidente da CBF. O empresário J. Hawilla apresentou gravações onde negociava com Kleber Leite, dono da agência Klefer, o pagamento de propinas para os ex-presidentes da CBF, José Maria Marin e Ricardo Teixeira e para o atual mandatário, afastado pela Fifa, Del Nero.
Del Nero deverá entregar sua defesa à Fifa no início de janeiro. A suspensão pode ser prorrogada. Há a possibilidade de ele ser banido do futebol em definitivo.
O escândalo detonado pela investigação americana já envolveu três ex-presidentes da Conmebol: os paraguaios Nicolás Leoz e Juan Ángel Napout e o uruguaio Eugenio Figueiredo. Este último foi extraditado para o Uruguai.
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A preocupação de Domínguez, que assumiu a presidência da Confederação Sul-Americana em janeiro do ano passado, é tentar passar uma imagem de mudança na entidade. Houve a tentativa de usar o termo "nova Conmebol". O cartola deseja usar o recém-acertado contrato de TV para transmissão da Libertadores entre 2019 e 2022 como um marco. O acordo vai render US$ 1,46 bilhão para a entidade e os clubes participantes.
No discurso de abertura antes do sorteio dos grupos da Libertadores de 2018, Domínguez usou duas vezes a palavra "transparência" associada à sua administração na Conmebol.
REPRESENTANTE
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No evento da Libertadores em Assunção, quem fez, mesmo que de maneira informal, o papel de representante do futebol brasileiro, Reinaldo Carneiro Bastos, sucessor de Del Nero na presidência da FPF.
Como já havia acontecido (de novo extraoficialmente) na final da Sul-Americana. Bastos também é diretor de coordenação da CBF.
O dirigente era procurado por cartolas do exterior para conversas no saguão do hotel onde a cartolagem estava hospedada na capital paraguaia. No momento da inauguração das estátuas de Pelé e Maradona, colocadas em seguida no Museu do Futebol Sul-Americana, Claudio Tapia tirou o pano da obra sobre o ex-jogador argentino. Para Pelé, o encarregado foi Carneiro Bastos.
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