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Patrocinadores confrontam Santos: Só ficam se Robinho for embora

Ao menos cinco patrocinadores já entraram em contato com a diretoria santista

Folhapress

Publicado em 16/10/2020 às 19:00

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Patrocinadores afirmam que continuidade dos seus contratos com o clube depende da desistência da contratação de Robinho / Ivan Storti/Santos FC

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O retorno do atacante ao time da Vila Belmiro foi anunciado no último sábado (10), mas ainda terá de ser aprovado pelo conselho deliberativo, em reunião marcada para a próxima quarta-feira (21). Se a autorização for negada, o estatuto da agremiação obrigará que o negócio seja desfeito.

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Esse trâmite já estava previsto, mas a votação, caso realmente aconteça, ocorrerá sob crescente pressão de patrocinadores após a chegada do atacante, condenado em primeira instância na Itália a nove anos de prisão por violência sexual. Ele nega que tenha cometido o crime e recorre em segunda instância.

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A insatisfação dos anunciantes foi ampliada nesta sexta (16), com as revelações pela Globo de gravações de conversas do atleta, tidas como fundamentais para a condenação. Para a Justiça italiana, o conteúdo das interceptações mostrou que Robinho e os demais acusados do crime sabiam da condição da vítima -ela estaria sob efeito de álcool.

Philco, Kicaldo, Kodilar, Tekbond e Casa de Apostas foram as empresas que deram o últimato após a reportagem.

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O contrato da Kicaldo, empresa do ramo alimentício e que anuncia sua marca nas mangas da camisa do time, foi uma das primeiras a avisar o clube nesta manhã que deverá manter o patrocínio somente se a contratação for desfeita. Esse contrato rende ao Santos aproximadamente R$ 2,5 milhões.

A empresa avalia que, independentemente de Robinho ser inocentado futuramente, a postura do jogador, a partir do conteúdo das conversas, é inadmissível e não o exime de culpa.

"Sempre mantivemos forte parceria com o time e seus torcedores, porém neste momento exigimos a rescisão imediata com o atleta. Caso contrário, a Philco irá revogar o contrato, pois a situação não compactua com os valores da marca", afirmou a marca, em texto divulgado nas redes sociais.

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A Kodilar, que possui um acordo de R$ 1,2 milhão para anunciar nos meiões, estuda tomar a mesma decisão e analisa ainda uma forma de pedir a suspensão de contrato de forma temporária, até a conclusão do caso na Justiça italiana.

"Aguardamos a decisão final da diretoria do clube, até segunda-feira (19), para definirmos o futuro da parceria", informou a Casa de Apostas em nota.

O Grupo Foxlux, de materias elétricos, também cobra explicações, mas pelo menos por enquanto não condiciou sua permanência à rescisão. Disse ter pedido esclarecimentos ao clube sobre "quais ações serão tomadas em relação ao ocorrido para que possamos decidir as melhores atitudes a serem adotadas".

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Sem um patrocinador máster na camisa desde o final de 2018, o Santos depende do fatiamento de espaço no uniforme para conseguir receita.

Na quarta (14), a Orthopride, rede de franquias de ortodontia e estética, já havia rescindido seu contrato de patrocínio com o clube, iniciado em 2018 e no valor de R$ 2 milhões, por causa da contratação de Robinho.

A votação do conselho deliberativo é necessária por causa das eleições, marcadas para 12 de dezembro. Segundo o estatuto do clube, a menos três meses do pleito, o comitê de gestão não pode contratar, vender jogadores ou antecipar receitas sem autorização do conselho, que vai decidir por maioria simples entre os presentes.

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Ao todo, o clube tem 303 conselheiros aptos a votar (entre honorários, efetivos e eleitos), mas dificilmente esse será o quórum da assembleia.

"O comitê de gestão nos informou da contratação e os detalhes foram enviados para a comissão fiscal, que deu parecer favorável. Agora, o conselho terá de aprovar ou rejeitar a contratação", afirma o presidente do conselho deliberativo do Santos, Marcelo Teixeira.

Até o momento, o atleta não é considerado culpado pelo crime, já que o processo ainda está tramitando na Justiça italiana, composta por três instâncias.

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Somente depois de percorrer essas três fases, a sentença pode ser considerada definitiva, com absolvição ou condenação -e, neste caso, com o início do cumprimento da pena.

A audiência no Tribunal de Apelação de Milão está agendada para o dia 10 de dezembro.

"Será a primeira vez [do processo] nesse tribunal, mas não sei dizer se será a última, porque o juiz pode querer reabrir alguma questão ligada às provas, aprofundar alguma coisa, ouvir novamente alguma testemunha", disse à Folha no início da semana o advogado Alexander Guttieres, que representa Robinho ao lado de Franco Moretti. Os dois escritórios, sediados em Roma, assumiram o caso depois da decisão de primeiro grau.

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Caso a sentença final, na terceira instância, considere Robinho culpado, um novo processo terá início, dessa vez para decidir sobre o cumprimento da pena de prisão. A Constituição brasileira impede a extradição de brasileiros para países onde crimes tenham sido cometidos.

O caso voltou à tona nos últimos dias, depois que seu retorno ao Santos foi anunciado, provocando indignação de torcedores e levantando o debate sobre a posição do clube, considerada contraditória após a participação em campanhas de combate à violência contra a mulher.

Na quarta (14), após a notícia da saída da Orthopride por causa da contratação, a agremiação publicou sua primeira nota oficial sobre o assunto.

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"O clube não pode entrar no mérito da acusação, pois o processo corre em segredo de Justiça na Itália e sobretudo o Santos FC orgulha-se de, em sua história, sempre respeitar as garantias fundamentais do ser humano, dentre as quais, a presunção da inocência e o respeito ao devido processo legal", afirma a nota.

"Não será o Santos FC que lhe dará uma sentença antecipada, prejulgando e o impedindo de exercer sua profissão", continua a agremiação. "Infelizmente vivemos na era dos cancelamentos, da cultura dos tribunais da internet e dos julgamentos tão precipitados quanto definitivos, porém há a certeza que o torcedor do Santos FC entenderá que compete exclusivamente à Justiça realizar o julgamento."

O clube diz ainda que não há mudanças em seu posicionamento nas campanhas de combate à violência contra a mulher: "São valores irrenunciáveis e que fazem parte da história do legado Alvinegro".

A Folha procurou o Santos novamente após a divulgação das conversas interceptadas e aguarda uma resposta.

O acordo inicialmente firmado entre Robinho e o time tem duração prevista de cinco meses, até o fim do Campeonato Brasileiro, em fevereiro de 2021.

O salário, segundo o clube, será simbólico de R$ 1.500, mas envolve também outros ativos de performance, prevendo bônus de R$ 300 mil após dez partidas jogadas e outros R$ 300 mil depois de 15 jogos. Os valores, no entanto, só serão pagos no próximo ano.

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