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José Carlos Peres diz que momento é de pagar dívidas e promete nova Era

Candidato da chapa “Santos Vivo”, o empresário afirma no Papo de Domingo que se preparou durante anos para assumir a presidência do Santos Futebol Clube

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 23/11/2014 às 11:52

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Um candidato preparado, que vem para mudar o Santos para valer e modernizar o clube. Assim se define José Carlos Peres, candidato da chapa “Santos Vivo” à eleição presidencial do Peixe, marcada para 6 de dezembro.

Em visita ao Diário do Litoral, o empresário de 66 anos apresentou sua proposta de governo e adiantou que, caso eleito, o Santos jogará na Vila Belmiro e no Pacaembu. Além disso, José Carlos Peres afirma que em sua eventual gestão, Pelé será o presidente de honra do clube, terá cadeira no Comitê Gestor e manda o recado: vai acionar a Fifa em busca dos direitos do Santos no caso Neymar, independente da condição de ídolo que o jogador representa para os torcedores.

Confira a entrevista de José Carlos Peres, na íntegra, ao DL:

Diário do Litoral - O senhor é favorável ao atual modelo de gestão do Santos? Como pensa em utilizá-lo?

José Carlos Peres - Sobre o Conselho de Gestão, é importante dizer que ele é estatutário. Então, você não pode falar que vai extingui-lo sem que o Conselho Deliberativo do clube concorde.

O conselho já está sendo reorganizado. Nós já temos quatro nomes escolhidos. Nossa proposta é fazer que o Comitê de Gestão vire um conselho de administração livre, não ligado a nenhuma chapa e a nenhuma parte política.

Na equipe que estamos montando, cada um vai ser responsável pelo seu setor. Um será responsável pela parte financeira, outro será responsável pelo marketing. E essa será a pessoa que trará o patrocínio, pois tem acesso as grandes marcas do mercado. E um outro será o responsável pela nova filosofia que iremos implantar, que é a de modernização no sistema de informatização do Santos. Isso agregará todos os setores do clube.

DL - O Santos está há dois anos sem um patrocinador ‘master’. Como resolver esta situação?

Peres - O Santos tem uma característica há muito tempo, que é a seguinte: Nós sempre vendíamos o almoço para ter o que comer na janta. Só que, atualmente, nós vendemos o almoço e a janta juntos. Aí o clube entrou em parafuso. A questão do patrocínio é credibilidade. Quem não tiver credibilidade no mercado, não vai conseguir patrocínio master.

Eu considero que a questão do patrocínio é que ninguém quer se ligar a uma marca que tem problema. Nós estamos aí há meses só falando do caso Neymar, do caso Damião, que são polêmicos.

Então, a empresa fica com medo de ligar a marca dela à marca do Santos. Isso pode ser sanado jogando limpo, fazendo auditoria e colocando pessoas de credibilidade no mercado.

“Vamos acionar a Fifa, isso não tem dúvidas. O jogador passa, mas o clube fica”, disse Peres (Foto: Matheus Tagé/DL)

DL - Sobre ter uma pessoa para cuidar exclusivamente da área do marketing, como a Santos Vivo pretende explorar a marca e a imagem de Pelé?

Peres - Um dos nossos compromissos de campanha é que o Pelé não será entregador de pizza. Isso eu posso garantir. Ele não terá contrato com o Santos. Não queremos nenhum contrato com o Pelé, pois ele não precisa do Santos e o Santos tem que viver de suas próprias pernas. Tem que ter capacidade para não viver só do passado.

Agora, o Pelé será o presidente de honra do clube. Isso é uma promessa minha e conto com os conselheiros, mesmo que de outras chapas para viabilizarmos isso. O Pelé merece respeito. Ele é a maior marca do mundo hoje no meio do futebol e o Santos também é uma marca muito forte. Bateram bastante na marca, depreciariam um pouco a imagem dela, mas é uma marca que se você trabalhar com credibilidade e arregaçando as mangas, o Santos volta a ser uma marca fortíssima. Volta porque o Santos nunca perde a majestade.

Quero o Pelé como um presidente de honra que esteja presente no Comitê de Gestão sem pertencer a ele. Vamos ter uma cadeira para ele no Comitê. O dia que ele quiser, ele vai participar da reunião e vai dar palpite porque ele é o presidente. Então, naturalmente, as duas marcas vão se encontrar. O nosso projeto é muito mais de homenagem, que vai trazer recursos para o Santos, do que um projeto para ele ganhar dinheiro.

DL - O senhor tem em mente uma pré-temporada nos Estados Unidos em janeiro, como alguns clubes do Brasil já estão fazendo?

Peres - Isso eu posso responder com bastante propriedade. Sou diretor do G4 Paulista. O Corinthians conseguiu sua pré-temporada fora do país graças a um trabalho do nosso agente lá nos Estados Unidos. Eu tenho conversado com ele para levar não só o Santos, mas para levar os outros times da aliança para lá. Portanto, sem dúvida alguma, nós já estamos conversando com os americanos para realizar uma pré-temporada paga, pois as cidades americanas pagam para você competir lá. É uma verba que eles têm para atrair turistas e etc.

DL - Como resolver a baixa média de publico no estádio e pouca arrecadação de renda com os jogos?

Peres - Precisamos trazer o torcedor de volta, sem dúvida. A bilheteria é um receita que o Santos não tem. Em 2013, no Campeonato Brasileiro inteiro, o Santos faturou apenas 800 mil reais de renda líquida. Isso não paga nem o salário de um jogador midiático no mês.

O torcedor só volta se tiver um time competitivo. O Santos não está disputando Libertadores há dois anos, Campeonato Brasileiro, desde 2010, é chulo. Santos e São Paulo são separados apenas por uma ‘avenida’ hoje. Esse negócio de ‘santista de raiz’ não existe. O Pelé é mineiro de nascimento e é o jogador que mais representa o Santos. Não pode haver essa divisão. Temos que esquecer essa rixa entre Baixada e Capital e nos unirmos pelo Santos FC.  

Jogaremos mais no Pacaembu. Vai haver uma divisão entre os mandos de campo? Sem dúvida que vai. O clube precisa de receita. Não podemos mentir para o torcedor de Santos nem para o de São Paulo. Nós vamos jogar nas duas cidades.

Temos que trazer esse torcedor de volta, com hospitalidade, dando alimentação adequada e transporte já incluídos no próprio ingresso. Você cobra um pouquinho mais e o torcedor pode ir assistir ao jogo de ônibus, seja na Baixada Santista ou na Capital.

Quanto aos jogos em São Paulo, para quem critica, é só lembrar que Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe faziam as grandes decisões em São Paulo e no Maracanã. 

Peres afirma que conhece os clubes e como funciona a mecânica das federações (Foto: Matheus Tagé/DL)

DL - E quais são os planos para a Vila Belmiro?

Peres - O candidato que falou que vai fazer isso ou aquilo na Vila Belmiro está pedindo voto. A realidade é assim: para você mexer na Vila Belmiro, você precisa de investidores. E o investidor não faz reforma. Ele não conserta ponto cego. Trazer investidores no modelo do Palmeiras, onde você não coloca um real sequer, não dá, porque não se pode mexer na Vila Belmiro.

Eu acho que não é o momento de fazer um estádio padrão Fifa. O momento é de pagar dívidas, de austeridade, de reflexão sobre o Santos.

Daqui a dois anos, a Vila faz cem anos e nós, caso sejamos eleitos, iremos fazer uma festa muito maior do que foi feita no centenário do clube para os torcedores saberem o quanto nós amamos a Vila Belmiro e o quanto a gente reconhece a importância dela, que já abrigou os maiores jogadores do mundo.

DL - A Santos Vivo buscará uma aproximação com a Prefeitura de Santos?

Peres - Eu quero saber o que a prefeitura pode fazer pela gente. Eu quero, no dia 2 de janeiro, estar no gabinete, convidado ou não, esperando o prefeito Paulo Alexandre Barbosa para saber o que a Cidade pode e vai fazer pelo Santos também. Pois o Santos já fez muito pela Cidade.

DL - No futebol, qual sua opinião sobre o elenco e o treinador do Santos?

Peres - Estamos analisando a questão do treinador primeiro. Fazer um contrato até o final de 2015 com o Enderson Moreira foi antiético e antiprofissional.

Em relação ao elenco, eu acho que ele tem valores, mas tem algumas peças que está na hora da gente repensar. A cada ano que termina, todos os clubes precisam de reforços.

A categoria de base será a ‘menina dos olhos’ da nossa gestão. Vamos fazer um alojamento decente junto a iniciativa privada, pois hoje não tem. Vamos transformar a base do Santos em um departamento social. A base do Santos hoje recebe investimento, mas ele é mal investido. Nós vamos investir ainda mais, mas bem investido. Pensamos em ter 40% do elenco profissional com jogadores vindo da base. O Santos é o único clube em que o torcedor ama a base. Ele sempre vai apoiar os meninos.

DL - Sua gestão dará espaço para investidores?

Peres - Os investidores terão espaço com a nossa administração desde que estejam de acordo com as regras. Hoje, esse grupo de investimentos que trouxe o Leandro Damião é parceiro de diversos clubes no mundo, porém, o negócio é mal feito.

Eles emprestam dinheiro para você comprar o jogador, você paga um juros e se vender o atleta eles ficam com 80% do lucro e o clube com 20%. O negócio é mal feito. O clube não pode ser prejudicado. Na pior das hipóteses, a divisão dos lucros tem que ser 50% a 50%. 

“Eu trouxe seis títulos brasileiros para Santos” (Foto: Matheus Tagé/DL)

DL - O senhor tem sido bastante incisivo em relação a transferência de Neymar para o Barcelona. O que pensa em fazer sobre isso, caso seja eleito?

Peres - Vamos acionar a Fifa, isso não tem dúvidas. Eu vou denunciar na Fifa, pois o pai dele deu uma declaração dizendo que recebeu dinheiro adiantado sem que o Santos soubesse. Nós temos que denunciar porque houve um aliciamento. E se o senhor Luís Álvaro de Oliveira Ribeiro deu uma carta o autorizando a fazer isso, vamos responsabilizar quem fez a coisa errada.

Não tem essa de não entrar na Fifa para preservar a imagem do atleta. O jogador passa, mas o clube fica. O que eles estão esperando? Que o Neymar volte para jogar no Santos de novo? O Neymar virá jogar no Santos se ele tiver que vir lá no fim de carreira e ninguém vai se lembrar o que foi feito no passado. O importante para nós é colocar uma pedra nesse caso.

DL - Acredita que o trabalho feito pela unificação dos títulos brasileiros o credencia para assumir a presidência?

Peres - Eu trouxe seis títulos brasileiros para Santos, títulos que estavam perdidos e por pouco nós não conseguiríamos mais isso.

Nós fizemos um dossiê, além de um vídeo com declarações da época de jogadores como Ademir da Guia, Tostão e Pelé. E com isso nós convencemos o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Ele achou que era a hora de unificar os títulos. Mas isso foi aos 41 do segundo tempo, pois logo ele se afastaria por problemas de saúde. Eu não ganhei um real por isso, foi tudo do meu bolso. Foram 10 anos de trabalho e nunca recebi nem um obrigado por isso.

Além disso, eu me preparei. Fui diretor da Federação Paulista durante cinco anos. Conheço os clubes, sei como funciona toda a mecânica dentro de Confederações. Eu não tenho essa vaidade de ser presidente só por ser presidente. Eu venho para arrumar. A minha intenção é vir para mudar e modernizar o clube. Mas modernizar de verdade, mudar para valer.

DL - O que o torcedor pode esperar do senhor, caso venha a ser presidente do Santos Futebol Clube?

Peres - Mangas arregaçadas e trabalho. Tudo o que nós conseguirmos vai ser fruto de trabalho, que é o que está faltando no clube. Vou assumir a responsabilidade que o cargo exige e ter pessoas comprometidas com o clube e com o nosso plano gestor.

O que a gente pode prometer para a torcida é um Santos novo a partir de janeiro. Uma nova era, um Santos moderno, que joga claro. Vamos fazer de tudo para não se atrasar salários. Tentar trazer empresas forte com um departamento de marketing positivo. Trazer o sócio junto conosco porque ele é dono do clube.

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