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Dia 31 de maio de 2013, Neymar deixou o Santos para jogar no Barcelona. Os valores da negociação, porém, mesmo após pouco mais de dois anos, ainda são questionados, inclusive na Justiça, e geram muitas dúvidas. Diante dessas circunstâncias e motivado principalmente pelas declarações de Roberto Moreno, presidente do grupo DIS, dadas nesta quarta-feira, no qual ele alega descumprimento de contrato e traição dos envolvidos, Neymar da Silva Santos, pai e representante do atleta, resolveu dar sua versão ao caso apresentando números e documentos, por meio de uma carta aberta divulgada pelo site da NN Consultoria, empresa do próprio.
Para começar, Neymar Santos explica que jamais negociou direitos econômicos ou federativos de seu filho. E detalha seu acerto com o Barcelona.
“Negociei, na verdade, um “direito futuro”, o direito de “free agent” (todo atleta após seu vínculo de trabalho e sem contrato se torna “free agent” ou “agente livre”, conforme práticas nacionais e internacionais) do meu filho e atleta agenciado de escolher o seu novo clube conforme livre escolha”, diz trecho da nota.
O Santos, assim como a DIS, também se sente lesado na ação que movimentou, ao todo, € 83 milhões. Por isso, em 29 de maio deste ano, o clube resolveu entrar com uma ação na Fifa e promete ir até o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), última instância esportiva, pelo que entender ser de seu direito.
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A polêmica maior é em cima dos € 40 milhões que o clube espanhol pagou diretamente a Neymar Santos. Desta forma, o Peixe recebeu € 17,1 milhões, mas teve de repassar € 6,8 milhões ao grupo Sonda, que tem a DIS como braço esportivo, e € 800 mil ao grupo Teisa, por normas contratuais.
“O Regulamento dos Agentes de Jogadores, publicado pela FIFA em 2008, reconhece a legalidade da figura do chamado "agente natural". Ou seja, seus pais, filhos, irmãos ou esposas podem representar os seus interesses perante terceiros, clubes ou empresas.
A NN Consultoria, representante do atleta, firmou, portanto, em novembro de 2011 um contrato com o F.C. Barcelona contendo obrigações e direitos recíprocos, fixando uma cláusula penal no importe de EUR 40.000.000,00 (quarenta milhões de Euros), devida pela parte que descumprisse os termos e condições do contrato”, segue o comunicado de Neymar Santos, lembrando que o Santos, por meio de uma carta assinada por Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, presidente à época, o liberou a negociar o futuro do atacante.
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Os referidos € 40 milhões foram taxados como multa do acordo entre o pai de Neymar e o Barcelona. Como os espanhóis descumpriram o contrato, que previa a ida do jogador apenas em 2014 para o time de Messi, e preferiram levar a joia em 2013, o valor foi pago à NN Consultoria.
“É importante destacar que a multa valia para os dois lados, ou seja, se a NN Consultoria descumprisse o contrato teria que pagar tal montante sozinha ao F.C. Barcelona, sem qualquer participação ou solidariedade do Santos F.C., DIS ou Teisa”, lembra.
Neymar Santos aproveita até para cobrar o clube que formou seu filho para o futebol, alegando que não recebeu nada sobre os € 17,1 milhões pagos pelo Barça ao Peixe.
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“O Santos F.C., por cláusula expressa em contrato livremente pactuado, tem a obrigação de pagar uma comissão de 10% (dez por cento), calculado sobre todo os proveitos econômico obtidos com a transação para a Neymar Sports, mas até agora não o fez. Oportunamente estes valores serão cobrados”, avisou.
E questiona a reclamação santista por ele ter montado todo o acordo com o Barcelona antes do fim do vínvulo com o clube da Baixada Santista.
“Pergunto: Pode um clube negociar os direitos futuros de televisão?”, exemplificou, antes de reinterar, sem receio, que os € 40 milhões eram de direitos exclusivos de sua empresa.
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“Realmente recebi, porque devido, do F.C. Barcelona a indenização por descumprimento do contrato. Tenho certeza que se fosse do outro lado, com o meu descumprimento, o F.C. Barcelona me cobraria também, como já externado”, afirmou durante a carta.
Além de tentar esclarecer todo o caso, à sua vista, Neymar Santos garante que está em dia com o Fisco brasileiro, diz quer todos os recebimentos foram feitos no Brasil, refuta a possibilidade de uso de “paraísos fiscais” ou “contas numeradas” e afirma estar à disposição tanto da Justiça brasileiro como espanhola para esclarecimentos perante a qualquer dúvida, segundo ele, compreensíveis.
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Ataque a DIS
Apesar do Santos ter declarado guerra ao acionar a Fifa e, por meio de dirigentes e conselheiros, costumeiramente atacar Neymar Santos e até mesmo criticar a atitude do ídolo, seu filho, a DIS aparece como a grande vilã do caso, no entender do pai do jogador, responsável por articular toda a transação.
Neymar Santos vê a DIS como “um mau perdedor (ou ganhador?)” e questiona as indagações do presidente do grupo de investimentos, Roberto Moreno, ressaltando o lucro que o grupo teve e os contratos firmados, que não previam riscos aos mesmos.
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“Se tivesse saído livre, minha família, meu filho, minhas empresas teriam que devolver tudo à DIS. Por isso, me pergunto: onde está o risco desse fundo de investimentos? A mentira contada várias vezes não pode se tornar, e não se tornará, verdade!”, diz Neymar Santos, ainda no extenso texto publicado nesta quinta-feira.
“Foi o que a DIS fez: firmou contratos, ajustou condições, investiu R$ 5 milhões nos direitos do atleta Neymar em 2009/2010 e, três anos e meio do investimento inicial, recebeu o valor de R$ 19.774.251,22 milhões. A verdade está clara: o valor recebido é praticamente quatro vezes maior do que a multa contratual de R$ 5 milhões (corrigido pelo IGP-M (FGV) + juros de poupança), que seria devida caso meu filho e atleta agenciado tivesse saído livre do contrato firmado com Santos F.C”, explica a carta.
Por fim, Neymar Santos se mostra incomodado com as acusações feitas pela DIS e promete brigar judicialmente contra os representantes do grupo de investimentos, tal qual como fez com Luis Álvaro Ribeiro, que recentemente foi condenado a pagar R$ 20 mil por danos morais ao pai de Neymar.
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“Não hesitarei e, sem dúvida, oportunamente dedicarei parte do meu tempo a, em foro e procedimentos apropriados, combater e buscar reparações contra as injustas acusações motivadas pela pura e simples ganância dessa citada empresa”, avisou.
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