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Orlando Rollo quer mudanças estatutárias e Vila Belmiro menos elitizada

Destemido e atuante, o candidato da chapa ‘Pense Novo Santos’ fala no Papo de Domingo sobre seu plano de governo para assumir a presidência do Santos FC

Publicado em 30/11/2014 às 10:22

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Investigador de polícia, suplente de vereador em Santos e ex-vice-presidente do Conselho Deliberativo do Peixe, Orlando Rollo, com apenas 36 anos, acredita que já adquiriu experiência e conhecimento suficientes para assumir o cargo amis nobre dentro do Santos Futebol Clube.

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Representante da chapa ‘Pense Novo Santos’, Rollo não esconde sua relação com torcidas organizadas, pretende extinguir o Comitê de Gestão e prega a volta da geral e dos setores populares da Vila Belmiro. Aliás, o candidato não exclui a possibilidade de derrubar o estádio Urbano Caldeira para a construção de uma nova Arena.

Muito sereno e determinado, Orlando Rollo visitou a redação do Diário do Litoral e fecha, hoje, a série de entrevistas com os cinco candidatos à presidência do Santos na eleição do próximo dia 6 de dezembro.

Confira a entrevista na íntegra:

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Diário do Litoral – Por que ser presidente do Santos?

Orlando Rollo - Por acreditar que eu sou o candidato mais preparado para tirar o Santos dessa crise administrativa. Eu sou conselheiro do clube pelo sexto mandato, já fui vice-presidente do Conselho Deliberativo, também fui vice-presidente da Federação Paulista de Futebol. Apesar de ser o candidato mais jovem, os demais não possuem a mesma vivencia, experiência que eu tenho. Sou associado há 21 anos e acredito que sou o candidato mais preparado para tirar o Santos dessa crise administrativa que hoje se encontra.

DL – O senhor fez parte desta gestão. Por que hoje se faz oposição?

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Rollo - Eu tive participação na primeira gestão do ex-presidente Luis Álvaro, que foi a gestão mais vitoriosa do Santos nos últimos tempos. Eu fui vice-presidente do Conselho Deliberativo no biênio 2010/2011. E quando nós participávamos efetivamente das decisões, nós tivemos um Santos bem administrado, vitorioso. Depois que esse grupo atual assumiu o poder, desde 2012, e nós fomos segregados da administração, o Santos sucumbiu a uma crise administrativa. Eu sou um conselheiro hoje de oposição.

DL - Como você enxerga a estrutura administrativa do clube atualmente e o que pretende mudar?

Rollo - Pretendemos fazer uma grande mudança estatutária, principalmente no que tange a forma de administração, mais diretamente no Comitê de Gestão. Pretendemos extinguir essa forma de administração, que sob uma falsa rege democrata, ele engessa a administração do clube. Uma forma burocrática de administração. A política e a administração de futebol não é compatível com uma forma de administração dessa maneira. No futebol as decisões têm que ser ágeis, dinâmicas, e não burocráticas e letárgicas como funciona nos dias de hoje.

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DL – Além do Comitê de Gestão, existem outras assuntos neste segmento que o senhor pretende alterar?

Rollo - Sim, diversos. Eu gosto de citar também o período de mandato. De três anos para dois, como era no passado. O Santos, em um passado mais distante, já teve períodos de administração de três anos e o ciclo do futebol mostrou que o melhor é de dois anos, com mais dois anos de reeleição. Quatro anos no máximo é o ideal.

DL - A Fifa está buscando alternativas para combater a relação entre empresários, jogadores e clubes. Como o senhor enxerga essa questão?

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Rollo - A Fifa hoje é uma grande congregação dos poetas do futebol. Eles tentam de alguma maneira coibir essa forma de investidor terceirizado, de grupos de investidores, mas não vão conseguir bater de frente com os barões do futebol mundial. Os barões do futebol mundial, os grandes empresários, detentores do capital do futebol vão encontrar subterfúgios de driblar a legislação que tange essa questão e vão encontrar alguma maneira de atuar. Por isso que eu digo que são os poetas do futebol.

Existem grupos sérios e os grupos não tão sérios. Os grupos não tão sérios estão preocupados apenas nos seus interesses mercantilistas de explorar seus interesses, usando o clube como vitrine. Esses investidores serão defenestrados do Santos FC porque nós já sabemos quais são, é fácil identificar. Agora, existem parceiros sérios. Eu seria um demagogo se eu falasse que não me utilizaria de nenhuma. Existem pessoas séries que agem como parceiras. Esse tipo de parceria nós vamos valorizar. Nós já estamos fazendo essa identificação.

DL – As negociações envolvendo a venda de Neymar e compra de Leandro Damião ainda geram muitas dúvidas. O que o senhor pode falar sobre estes casos e o que pretende fazer, caso assuma a presidência?

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Rollo - Primeiro o caso Leandro Damião. É uma grande caixa preta em que os valores e as condições ainda não estão claras pelas inúmeras cláusulas de confidencialidade contratual. Nós só vamos ter ciência exata das implicações quando a gente assumir a presidência. O que já está certo é que o caso Leandro Damião, ele ficando ou indo embora, já trouxe prejuízos irremediáveis para o clube. Qualquer criança de dois anos que acompanha futebol sabia que a contratação do Leandro Damião ia nos trazer prejuízo. Isso é uma prova inequívoca da inexperiência dos gestores do Santos FC. Deixou o abacaxi para a próxima gestão descascar.

Caso Neymar é a pior negociação da história do Santos FC. Um caso obscuro também em que o Santos lucrou mais com a venda do Felipe Anderson do que com a negociação do Neymar. Pasmem. Então, é uma negociação obscura, cercada de alguns contratos e cláusulas de confidencialidade. Eu fui até a Espanha investigar esse caso, tive acesso a alguns documentos que serão apresentados no Conselho Deliberativo. Enquanto alguns membros do grupo situacionista não veem mais possibilidade de investigar, nós apenas estamos iniciando esse caso e, se possível, vamos até a Fifa para que o Santos tenha seus direitos preservados.

DL – O futebol de base do Santos segue se destacando no campo. O senhor pretende manter como está ou realizar mudanças?

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Rollo - A base vai muito bem dentro de campo. Dentro de campo a gente só a parabenizar os profissionais e os atletas, mas fora de campo vai muito mal. Nós temos informações inclusive que nossos atletas, crianças, ficam sem alimentação nos finais de semana. Nós queremos reestruturar essa parte física como essa parte administrativa e logística da base. Nós vamos dar melhor estrutura para as crianças, seja na parte cultural, educacional, esportiva, na formação da pessoa, do homem.

Além de reformar o CT Meninos da Vila, que hoje não é boa. E também ampliar através dos centros de treinamentos descentralizados, que nós implantaremos em locais estratégicos de grande formação de atletas em parceria com o poder público dessas localidades. Posso citar o exemplo específico de Brasília. Brasília é um local de grande formação de atletas profissionais, pode reparar que nas principais equipes do Brasil sempre têm atletas de Brasília. Nas últimas seleções brasileiras sempre atletas de Brasília, mas as pessoas não têm essa informação. Então, como nós já identificamos alguns locais como este.

'Vamos criar um setor popular, que sirva como geral na Vila Belmiro, para atrair o torcedor de volta', disse (foto: MAtheus Tagé/DL)

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DL – Para muitos, o Santos vive sua pior crise financeira da história. Como o senhor espera encontrar o clube, caso seja eleito, e como pretende agir na questão da exploração do marketing?

Rollo - Na verdade, eu espero encontrar o clube na pior situação possível, nós já estamos preparados para isso, então, isso não vai nos assustar. O que estão fazendo é que estão vendendo uma imagem de que o Santos vive uma grande crise financeira. Não é verdade. O Santos vive uma crise administrativa. Dinheiro o Santos tem e muito. Ele arrecada como um grande clube do futebol nacional, um valor, lógico variável, entre R$ 180 milhões e R$ 200 milhões por ano. Esse montante é suficiente para que o Santos monte uma grande equipe e possa disputar os campeonatos contra os grandes times brasileiros. Só que os valores são mal administrados, mal geridos. Com isso, passa essa impressão que o Santos vive uma crise financeira. E não é. É uma crise administrativa.

E nesse valor eu não estou nem colocando o valor do patrocinador master, que muito provavelmente estará conosco ano que vem.

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DL – O Santos tem tido muita dificuldade em conseguir um patrocínio a longo prazo. Como atrair esses parceiros?

Rollo - O que acontece é que o excesso de patrocinadores pontuais desmotivam a viabilidade da vinda de um patrocinador master para a temporada inteira. Essas grandes empresas acabam se interessando em patrocinar pontualmente alguns jogos específicos em que eles obtêm um retorno de mídia. Então, nossa gestão não trabalhará com patrocinadores pontuais, queremos um parceiro que atue conosco durante a temporada inteira. Com certeza essa será a principal fórmula para atrairmos um parceiro.

DL – Qual seu plano para a Vila Belmiro?

Rollo - Ao contrário do presidente Odílio Rodrigues, que sente vergonha da Vila Belmiro, eu sinto muito orgulho da Vila, da nossa casa. Eu pretendo, através de projetos, a ampliação e modernização da Vila. A Vila Belmiro não pode ficar para trás, o Santos não pode ficar para trás em comparação com os clubes brasileiros que aproveitaram o advento da Copa do Mundo para modernizar suas Arenas, para construir novos estádios. A Vila Belmiro não pode ser equiparada, com todo respeito, a Laranjeiras, Caio Martins, Gávea. A Vila Belmiro é um estádio que tem tradição e precisa ser modernizada.

Hoje a Vila Belmiro está extremamente elitizada, através de camarotes e setores VIPs. E elitização não é sinônimo de modernização. Nós pretendemos acabar com esse excesso de camarotes e setores VIPs, vamos realoca-los dentro do estádio e criarmos um setor popular, que sirva como geral na Vila Belmiro, para atrair o torcedor de volta, para a gente atrair o efeito alçapão, para que a Vila volte a ser temida pelos adversários.

DL – O senhor é a favor da construção de uma nova Arena?

Rollo - Se for construída em uma local próprio do Santos que nós já possuímos, no caso a Vila Belmiro. Porque o grande problema dessas novas Arenas é que elas são viabilizadas em área periféricas das grandes metrópoles. O Santos não teria esse problema porque nós já temos uma área própria, um local bem localizado e de fácil acesso, que é a nossa casa, a Vila Belmiro. Em outro local, como sempre são cogitadas nas eleições, como em Diadema, Cubatão, Grande São Paulo, na minha opinião, é uma coisa mirabolante e eu não compactua com essa ideia.

DL – Derrubar a Vila Belmiro seria uma alternativa?

Rollo - Sim, se tiver viabilidade, sim.

DL – E a questão dos mandos? O senhor pretende mandar jogos fora de Santos?

Rollo - Na nossa gestão, a torcida que mora distante de Santos, da Baixada Santista, será privilegiada. Nós temos um planejamento que mandaremos jogos estratégicos em lugares que temos grande aglutinação de torcedores e associados. Como Londrina, Maringá, região do grande ABC, interior de São Paulo, inclusive o Pacaembu. Esse fator vão fazer o torcedor da Baixada Santista valorizar os jogos na Vila Belmiro e frequentar mais ainda o público na Vila Belmiro.

DL – O Senhor falou sobre ampliação da Vila. Qual seria o projeto ideal?

Rollo - O ideal seria 45 mil pessoas. Seria o público que o Santos sempre seria beneficiado e nunca perderia o mando de jogo por mais importante que fosse a final. Porém, sabemos das restrições do momento e hoje nós vamos trabalhar com ampliação para 25 mil, 30 mil pessoas.

DL – É sabido por todos o tamanho da marca Pelé e a relação sempre muito próxima com o Santos. Como utilizar o Rei do Futebol em benefício do clube?

Rollo - O Pelé sem dúvida nenhuma faz parte dos nossos planos. Queremos ter o Pelé não como um parceiro, como uma referência. Porque entendemos que a participação do Pelé tem apenas a somar porque no exterior Pelé é sinônimo de Santos e vice-versa. Apesar de ser o clube do Brasil mais conhecido internacionalmente, a marca não está internacionalizada. Nós queremos efetivamente internacionalizar a marca, queremos colocar produtos do Santos no mundo inteiro. E o Pelé tem que estar com a gente, Pelé tem que ser valorizado. O Pelé hoje tem um contrato com o Santos FC em que a imagem dele é muito mal utilizada. Por exemplo, colocaram o Pelé para fazer um comercial em que ele entrega uma pizza. Muito mal utilizada. E a informação que eu tenho é que essa pizza chegou ao destinatário fria. Então, é o que estão fazendo com o Pelé, um entregador de pizza fria.

DL – Sua relação com as torcida organizadas é sempre muito comentada. Qual é o seu envolvimento com essa ala específica de torcedores?

Rollo - Esse tipo de preconceito existe desde os primórdios da sociedade, da época das capitanias hereditárias, dos senhores feudais até os dias de hoje. Eu não escondo de ninguém que eu sou oriundo de torcida organizada, fui dirigente da Torcida Jovem do Santos, tenho bom relacionamento com membros da Sangue Jovem, da Força Jovem, não escondo de ninguém. Porém, na nossa época, a Torcida Jovem era autossuficiente. Eu entendo que as torcidas trazem alegrias para os estádios, motivam os jogadores, faz efetivamente parte da festa. E só por isso as torcidas têm que ser mantidas, porém, autossuficientes. Nós vamos fazer uma série de parcerias em conjunto com as torcidas, mas elas não serão subsidiadas pelo clube.

DL – E caso o senhor vença a eleição, como seria a relação das torcidas organizadas com o time? O senhor é a favor de reuniões entre as duas partes?

Rollo -
Depende do tipo de conversa. Se for uma conversa para incentivar os atletas, eu acho muito válido. Até porque são torcedores que vão aos jogos chovendo, com sol, se o clube está eliminado, se tem chance, são frequentadores apaixonados. Se for uma conversa que sirva de estimulo para os atletas, eu não vejo problema nenhum. Lógico, se for uma conversa em que impere ameaças de qualquer maneira, eu não posso compactuar com qualquer tipo de ameaça ou violência.

DL – O que o Sócio pode esperar do senhor? Mande o seu recado.

Rollo - Eu aproveito para pedir o voto ao associado do Santos FC, que conheça nossas propostas através do nosso site, das redes sociais, nossa chapa chama-se Pense Novo Santos. E o torcedor pode esperar muito. Eu convivo no Santos desde que eu nasci, então, ganhando ou perdendo essas eleições, eu continuarei a frequentar os jogos normalmente, então, poderei ser cobrado pessoalmente. Peço para que todos analisem nossas propostas e nos honrem com seu voto.

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