Lisca não poupou palavras ao reclamar da viagem do Santos para Fortaleza no empate em 0 a 0, no último domingo / Fernanda Luz/Agif/Folhapress
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Lisca evita ser chamado de "Doido", mas o Santos tem entendido na prática os motivos do apelido. O novo treinador já chacoalhou o clube em menos de uma semana.
A diretoria entende que Lisca está tirando alguns jogadores e funcionários da zona de conforto. Em seis dias, o técnico já reclamou da logística, mudou a rotina no CT Rei Pelé e ficou incomodado com a base.
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"Uma gincana"
Lisca não poupou palavras ao reclamar da viagem do Santos para Fortaleza no empate em 0 a 0, no último domingo (24). Como era de costume com a comissão de Fabián Bustos e outros técnicos, o Peixe ia um dia antes das partidas. E não será mais assim.
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A delegação chegou na capital do Ceará na noite de sábado para poder jogar com o Fortaleza no domingo. Festas na cidade atrapalharam ainda mais a logística apertada. Ao saber da programação, Lisca pediu mudanças, mas não houve tempo hábil.
Um dos motivos para o Santos viajar à véspera do jogo é a vontade do elenco, que ganha mais um dia com a família. Lisca já conversou com os atletas e avisou sobre a necessidade de "sacrifício".
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"Foi uma gincana. Vamos melhorar. Se não pudermos vir dois dias antes e sacrificar um pouco, estamos no clube errado. Santos é um gigante e tem que se preparar bem para as partidas, priorizando recuperação", disse Lisca.
NOVOS HORÁRIOS.
O Santos de Fabián Bustos treinava logo cedo depois de jogos na Vila Belmiro. Os atletas chegavam na madrugada e às 8h já estavam no CT para o regenerativo.
Lisca chegou a Santos na quarta-feira, dia da vitória por 2 a 0 sobre o Botafogo na Vila. E se surpreendeu quando soube do horário do treino de quinta.
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"A recuperação não pode ser na quinta-feira pela manhã. O sono é o maior recuperador que o jogador pode ter. O LeBron James dorme 12 horas por dia. Dormem para recuperar, parecem ursos hibernados. Não podemos terminar o jogo 0h e recuperar de manhã. Temos que dormir e recuperar às 15h", avaliou o treinador.
Os treinamentos de Lisca também têm sido mais longos. Os atletas estavam acostumados com atividades intensas, só que com menor duração. O novo comandante quer alternar horários e cargas para não deixar os jogadores na mesmice.
O UOL Esporte apurou que Lisca atrasou o horário de almoço e a saída do ônibus em Fortaleza. O técnico se alongou na palestra e na preleção para preparar o time nos mínimos detalhes.
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"Treinei um pouco demais em intensidade. O Santos está acostumado com treino mais curto, mas eu gosto. Não podemos ficar sempre na mesma batida, assim a performance não melhora. Temos que exigir mais como é com quem corre. Começa com 10 minutos e depois vai até maratona", afirmou Lisca.
"São detalhes que fazem a diferença. Podemos perder um reino por causa do prego da ferradura do cavalo. O mensageiro não chega e, sem a mensagem, não tem jeito... Pequenos detalhes são fundamentais", completou.
Lisca tem aproveitado ao máximo essa semana livre antes do Santos enfrentar o Fluminense, segunda-feira (1º), na Vila. O Peixe treinará às 9h na quarta e às 15h na quinta, sexta, sábado e domingo.
MUDANÇA.
Um dos primeiros objetivos de Lisca no Santos foi escolher a dupla de zagueiros para enfrentar o Fortaleza. Sem Maicon e Luiz Felipe, no departamento médico, o técnico esboçou o time com Eduardo Bauermann e Alex e chamou Jair, do sub-20, para treinar com ele.
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Jair, de 17 anos, seria relacionado para a viagem ao Ceará, mas, de última hora, avisou o clube sobre um remédio para espinhas indicado por uma dermatologista. A medicação não causa ganho esportivo, mas é proibido pela Associação Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD).
Se Jair não avisasse e fosse sorteado para o doping, poderia ser punido. Lisca ficou incomodado com a situação e questionou as categorias de base sobre o acompanhamento dos meninos e as regras para uso de remédios.
Esse exemplo do Jair mostra como Lisca se preocupa além dos treinos e jogos. Na coletiva de imprensa, o técnico disse que não pensa muito a longo prazo. A ideia é melhorar o Santos em pouco tempo e, para isso, quer aproveitar cada segundo.
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"Bons treinadores são os que conseguem resultados em pouco tempo, na Europa são anos. Não tenho medo de sair do Santos. Não gostaria, mas a minha vida vai seguir e terei outra oportunidade. Sou bom no que faço.
São 32 anos de carreira. Para sermos bons mesmo, precisamos de resultado e vou tentar isso. Se eu não conseguir, paciência."
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