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O jejum de 18 anos sem títulos importantes do Santos começou a acabar em uma churrascaria, meses antes das famosas pedaladas de Robinho na final do Campeonato Brasileiro de 2002, há exatos dez anos. Foi essa reunião que definiu o plano responsável por fazer de um time desacreditado a sensação do futebol nacional.
Na mesa sentaram o então presidente do Santos, Marcelo Teixeira, e o seu vice, Norberto Moreira. A terceira pessoa presente ao encontro apareceu de última hora e era o técnico Emerson Leão. "Aceitei o trabalho pelo desafio e porque o time teria muito tempo para treinar", afirmou o treinador. O clube tinha sido eliminado logo na primeira fase do Torneio Rio-São Paulo e estava sem calendário pelos próximos três meses.
Ficou combinado que a equipe teria um elenco jovem e sem possibilidades de reforços de peso. A ordem era manter a folha de pagamento de R$ 600 mil. Pelo menos restava a oportunidade de fazer uma pré-temporada longa até a estreia no Brasileirão. O time, então candidata ao rebaixamento, pôde se preparar corretamente.
O Santos passou boa parte do campeonato entre os oito primeiros que se classificariam para o mata-mata com uma pitada de travessura, como fez o meia Diego, de 17 anos, quando comemorou um gol em cima do escudo do São Paulo no Morumbi. Porém, como em um processo de aprendizagem e amadurecimento, os meninos também tiveram que levar uma bronca do destino para aprender.
Nas rodadas finais da primeira fase, o Santos começou a ter maus resultados. "O time tinha muita molecagem e se era um jogo chato e com pouca torcida, a gente não se motivava", contou o atacante Alberto. Duas derrotas nas rodadas finais quase custaram a vaga ao mata-mata. Quem salvou a geração de Robinho, Diego e Cia. foi Dimba. Ele liderou a inesperada goleada do já rebaixado Gama por 4 a 0 sobre o Coritiba e evitou a eliminação santista.
Alerta
Ou o Santos acordava, ou não superaria nas quartas de final o São Paulo, dono da melhor campanha no torneio. A solução da diretoria foi levar o grupo para uma espécie de retiro em Extrema (MG). "Na concentração o elenco se reuniu e assumiu o compromisso de lutar pelo título", disse o volante e capitão Paulo Almeida.
Após a conversa, o então presidente foi chamado para falar com os atletas. "Cheguei preparado para dizer que não ia ter premiação por estarem na segunda fase. Mas me enganei. Eles apenas queriam prometer empenho", contou Marcelo Teixeira.
Depois disso o Santos passou por São Paulo, Grêmio e na final enfrentou o Corinthians. Até então tudo tinha saído melhor do que foi planejado naquela reunião na churrascaria. A "zebra" estava perto da taça, mas uma nova molecagem resolveu encurtar o caminho ao título. Robinho pedalou oito vezes para cima de Rogério - a cena mais emblemática daquela campanha. O atacante foi derrubado e o gol de pênalti abriu a vitória por 3 a 2 na decisão. No fim, Santos campeão com um misto de planejamento e também de travessura.
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