Gabriel ou Damião? Enderson diz que não leva números em consideração

Para muitos torcedores, até mesmo de outros clubes, não é fácil entender a opção do técnico Enderson Moreira ao preterir Gabriel e apostar em Leandro Damião. Logo em sua apresentação, o treinador fez diversos elogios ao time, ao elenco, mas admitiu que a falta de pontaria impediu, muitas vezes, que o Peixe deixasse o campo com um resultado melhor. Entretanto, após três jogos à frente do Santos, Enderson Moreira mostrou que sua principal arma para conquistar as vitórias de que tanto precisa não é o artilheiro do time na temporada.

Gabriel, que completou 18 anos recentemente, tem 16 gols em 2014. É o goleador do time no Campeonato Brasileiro com cinco gols, além de ter cinco assistências. Na Copa do Brasil, o camisa 10 marcou quatro gols em quatro jogos.

Por outro lado, Leandro Damião tem apenas sete gols desde que chegou ao clube, em janeiro. Anotou apenas dois no Brasileirão e ainda não balançou as redes na Copa do Brasil. O camisa 9 chegou a ficar quase cinco meses sem marcar um único gol.

Porém, nenhuma dessas estatísticas importa para o atual técnico, que foi contratado para substituir Oswaldo de Oliveira.

“É o seguinte: se a estatística fosse determinante não teríamos trabalho. O futebol não funciona dessa forma. Os números apresentam distorções. Todo o padrão tem a sua curva. O jogador de maior eficiência de passes no campeonato pode ser um jogador que cria pouco. No futebol, precisamos pegar os números, entender. Tivemos 64% de posse (de bola) contra o Sport e perdemos. Não vejo o que foi feito no passado. Provavelmente o principal goleador do Brasil não venha da série A e nem por isso vai ser o mais requisitado”, justificou Enderson, antes de completar tentando explicar sua opção. “Jogador é momento, situação, encaixe da equipe. Temos já jogadores com muita mobilidade, é importante ter uma referência. Não podemos pegar esses números friamente e levá-los para dentro de campo”, disse.

Na primeira partida comandada por Enderson Moreira, 3 a 1 diante do Vitória, Gabriel foi titular ao lado de Damião e Thiago Ribeiro porque Robinho estava servindo a seleção brasileira.

No jogo seguinte, fora de casa, contra o Sport, Enderson apostou em Alan Santos e sacou Gabriel do time, formando o ataque com Damião e Thiago Ribeiro. Gabriel entrou apenas no final e inclusive marcou dois gols, ambos anulados, porém, um de forma equivocada pelo auxiliar, e não conseguiu evitar a derrota por 3 a 1.

No terceiro desafio de Enderson, quando estreou na Vila, Gabriel voltou a iniciar o jogo. Mas novamente em função de um contratempo, que foi a lesão de Thiago Ribeiro.

Tanto contra o Vitória quanto contra o Coxa, Gabriel foi substituído antes de Leandro Damião, o que gerou alguns protestos dos torcedores na partida disputada em casa.

Em entrevista coletiva logo após a vitória do último sábado, Enderson foi questionado se chegava a ouvir outras pessoas do clube ou da comissão técnica antes de fazer suas escolhas e acabou se irritando com a pergunta.

Agora, véspera da partida contra o Grêmio, o técnico garante que não se sentiu pressionado ao colocar o artilheiro do time no banco de reservas e tentou minimizar o caso.

“Não tem essa coisa, faço uma análise para cada jogo. Tem jogo que acho interessante jogar com uma formação, como devemos fazer contra o Grêmio, ou que é melhor controlar o meio de campo. Tem várias possibilidades. Lá fora isso é muito comum, o jogador às vezes nem é convocado. Trabalho com 14 ou 15 titulares. Muitas vezes começando, ou não. Nunca tenho um pensamento fechado”, justificou.

Leandro Damião, que foi contrata por R$ 42 milhões - a maior transação da história entre clubes brasileiros - , já trabalhou com Enderson Moreira em 2009, no Internacional B. Além disso, um dos fatores que pesou na demissão de Oswaldo de Oliveira foi justamente o fato do ex-técnico ter colocado o camisa 9 no banco de reservas contra  Grêmio e Botafogo.

Nesta quinta-feira, Gabriel mais uma vez deve ser titular, pois Thiago Ribeiro segue fora com dores na lombar.