Esportes
As areias de Pipeline foram tomadas por bandeiras, camisas da seleção de futebol e mesmo no dia seguinte ao título muitos brasileiros foram vistos vestindo as cores verde e amarela
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Ninguém esperava tanta festa no Havaí por causa do título mundial de Gabriel Medina no surfe. O brasileiro fez história nas ondas, mas a torcida marcou presença com tanta força que chamou a atenção de todos durante o Pipe Masters, última etapa do Circuito Mundial. “A praia estava lotada, eu nunca tive uma torcida assim no Havaí, com muitos brasileiros e alguns gringos. Foi incrível”, comenta Medina.
As areias de Pipeline foram tomadas por bandeiras brasileiras, camisas da seleção de futebol e mesmo no dia seguinte ao título muitos brasileiros foram vistos vestindo as cores verde e amarela com orgulho. “Foi irado ver vários brasileiros. Ter essa corrente positiva não é pressão, é motivação”, continua o atleta que deixou para trás veteranos vitoriosos como Kelly Slater e Mick Fanning.
Charles Saldanha, seu padrasto e treinador, também imaginou que a alegria pudesse tomar conta se o brasileiro conquistasse o título. “Às vezes eu pensava assim: no dia que o Gabriel fosse conseguir um título, ou estivesse no Havaí com grande chance, acho que eu vou levar uma escola de samba. Pensava um negócio assim. É legal sonhar com esse dia, porque quando faz isso, é porque vai acontecer”, confessa Charles.
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E ele entende que foi mais ou menos isso que ocorreu e comparou, inclusive, às comemorações feitas por torcedores de futebol. “A gente fez a maior festa na areia da praia, e foi muito legal. Parecia uma arquibancada de futebol, com gente pulando, acho que os gringos nunca viram uma coisa assim. Quebrou todos os protocolos e mostramos que somos um povo alegre, que o brasileiro é legal e é do bem. Infelizmente, a minoria estraga o País, mas a maioria dos brasileiros é assim: trabalhadora e indo atrás dos sonhos com dignidade.”
Campeão mundial em 1999, o australiano Mark Occhilupo ficou estarrecido com o que viu no Havaí, pois parecia que Medina estava competindo em Maresias, onde mora no litoral paulista. “Eu nunca vi nada igual a isso numa competição de surfe, fiquei arrepiado. Ele é uma lenda”, afirma o ex-surfista, que viu de perto a vibração das pessoas, que cantaram músicas em referência ao Brasil e gritaram o nome do surfista.
A conquista do título no Havaí, com o vice-campeonato no Pipe Masters - Medina perdeu para o australiano Julian Wilson na final -, colocam o brasileiro em outro patamar, não apenas no surfe como também no esporte em geral. Após o feito, ele garante que tem consciência disso. “Sem o resultado já estava mudando a vida de muita gente, agora é uma responsabilidade muito grande. Mas eu sei disso e isso é bom”, avisa.
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A seriedade com que treina e o foco que demonstra dentro da água são realmente um diferencial importante na carreira. Charles lembra que ele é movido por disputas. “Ele já tinha sido campeão mundial e mesmo assim voltou para água para a bateria seguinte. Ele queria ganhar o Pipe Masters. A mania dele é vencer, mas lealmente. Pode ser na carta, no pingue pongue, até já proibi de jogar de futebol ou skate, porque pode se machucar. Temos de segurar a criatura”, brinca.
Agora Medina ganhará férias e terá um merecido descanso após fazer história. Ele passou as últimas semanas bastante concentrado, evitou badalações e abriu mão de muitas coisas que um jovem de 20 anos faz para conquistar o tão sonhado troféu. Mas, com fome de vitórias, já sonha com um novo título em 2015 e garante estar pronto para brilhar na próxima temporada. “Ainda não caiu a ficha. Parece que está todo mundo mentindo para mim. Eu fui o primeiro campeão mundial do Brasil, eu queria agradecer a Deus, e espero que esse troféu seja o primeiro de muitos”, conclui o surfista, que já havia deixado em sua casa em Maresias um lugar na estante para colocar a mais importante honraria que um surfista pode ter.
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