Candidato à presidência do Santos FC pela chapa ‘Mar Branco’, o empresário Fernando Silva visitou a redação do Diário do Litoral e apresentou suas propostas de governo. Ele garante que os ‘sócios de carteirinha’ não pagarão pelo ingresso em seu mandato. E disse que o clube vive a pior situação de sua vida.
Favorável ao Conselho de Gestão, Silva diz que a atual administração o tem usado da maneira errada. O candidato afirma ainda que terá que refazer o trabalho feito por ele, na gestão do presidente Luís Álvaro de Oliveira Ribeiro, de recolocar pessoas de credibilidade no mercado para conseguir um patrocinador.
Fernando Silva afirma ter um grupo de pessoas experientes, que já vivenciou o momento atual do clube e que conseguiu dar a volta por cima em 2010.
Continua depois da publicidade
Confira a entrevista completa de Fernando Silva:
Diário do Litoral - O senhor é favorável ao atual modelo de gestão do Santos FC?
Fernando Silva - Sou a favor do modelo atual, que nada mais é do que um conselho de administração. Era para ele funcionar como o conselho de Candidato à presidência pela chapa ‘Mar Branco’ garante que os ‘sócios de carteirinha’ não pagarão pelo ingresso em seu mandato Eleições santos FC uma grande empresa, como é o Santos FC, formado por pessoas com visão estratégica e reconhecidas em suas áreas de atuação.
O conselho de gestão, não tem função executiva, ele não deve entrar na decisão diária do clube, o regime é presidencialista, o presidente tem direito de veto.
O que acontece é que nessa gestão eles não exerceram isso, eles colocaram tudo nas costas do Conselho de Gestão. A gestão atual não tem uma cara e interessa a eles que ela não tenha uma cara. Então, ninguém queria assumir nada. Para qualquer coisa, chamavam o conselho de gestão. Isso atrasa muito, principalmente no futebol. Sou a favor, mas acho que está sendo mal utilizado.
DL - O Santos está há dois anos sem um patrocinador ‘master’. O que o senhor tem em mente para mudar esta situação?
FS - Eu acho que o Santos perdeu o cavalo selado em várias áreas e uma delas foi essa. O Santos teve a chance de fechar com pelo menos três patrocinadores, achou que poderia conseguir mais dinheiro, mas não conseguiu nada.
Temos uma equipe rodando o mercado e identificando algumas possibilidades. Hoje, o patrocinador não quer somente por o nome na camisa. Ele quer por o nome na camisa e o no dia seguinte ativar clientes e o Santos, por não ter essa gestão transparente, está em descrédito no mercado.
Vamos ter que fazer de novo aquele trabalho que nós fizemos em 2010. Ou seja, colocar de novo pessoas de credibilidade no mercado para garantir que você vai cumprir o que for assinado.
DL - Como a chapa Mar Branco pretende explorar a imagem de Pelé?
FS - Nós fizemos uma parceria com o Pelé, ele hoje é contratado do Santos. O problema é que o Santos não o usa. Um dos meus sonhos é fazer o ‘Dia do Pelé’, para que ele seja recebido na Vila Belmiro de uma forma melhor e mais importante do que quando o Maradona entra em La Bombonera. O Maradona entra em La Bombonera, seja a hora que for, é foco total em cima dele, é uma música só dele, todos levantam batem palmas e dura só 15 segundos. Então, o Pelé não pode chegar na Vila Belmiro e ser recebido do jeito que ele é recebido hoje.
Cabe ao Santos usá-lo de uma maneira inteligente. Pretendemos usá-lo do jeito que estávamos começando a usar em 2010 e 2011. Quando fomos buscar o Robinho, em 2010, ele desceu de helicóptero na Vila Belmiro ao lado do Pelé, por exemplo.
DL - O que o senhor tem em mente para o programa ‘Sócio Rei’?
FS - O Sócio Rei vai ter que se modificado, vai ter que se tornar um programa de milhagem. Deixo registrado aqui que o grande mote da campanha vai ser que o ‘sócio torcedor de carteirinha’ não vai pagar ingresso.
O sócio de carteirinha é aquele que vai aos jogos e compra produtos licenciados. A gente vai ter uma comunicação com os sócios que o que o Santos oferecer de milhagem, mais o que ele tiver acumulado no futebol, a mensalidade poderá sair até de graça. Mas, além disso, ingresso ele não vai pagar mais.
DL - No seu mandato o Santos poderá fazer pré-temporadas fora do País?
FS - Sim, acho que isso é vital, mas passa pela reformulação do calendário brasileiro. O Campeonato Paulista em termos de receita para o clube é importante. E para você aumentar sua torcida e seus fãs, você tem que ser visto, não podemos descartá-lo.
DL - Como resolver a baixa média de público e a baixa arrecadação na Vila Belmiro?
FS - Você não resolve isso da noite para o dia. Logicamente que você vai ter que retomar um plano de incentivo. Existem medidas que já estamos dando andamento que ajudam um pouco. Por exemplo, em São Paulo a criança não paga. Isso faz diferença no bolso do torcedor. Se ele pega a esposa e diz ‘vamos ao jogo’, o filho pode querer levar um amigo e aí já serão cinco pessoas para pagar ingresso.
Então, na Vila Belmiro isso não pode acontecer. A gente tem que ir até o prefeito e pedir para que aqui tenha a mesma regra ou uma lei municipal. Além disso, fazer alguma promoção para a mulher também não pagar ingresso e aumentar a frequência da família no estádio. Isso vai trazendo novos torcedores.
Outra alternativa é jogar mais onde você tenha torcida, como em São Paulo. O Santos tem que jogar em São Paulo para se mostrar. Não é todo mundo que pode vir para Santos todo jogo. Mas não podem ser jogos pontuais. Tem que ter garantias. Assim, o sócio se programa, não só financeiramente, mas como na agenda dele.
DL - Quais os planos da sua chapa para a Vila Belmiro?
FS - O mercado do futebol hoje está dividido em times que faturam mais de R$ 150 milhões por ano e times que faturam menos.
Se você tirar a venda de jogadores, você fica com três tipos de receitas por ano: patrocínio, sócios e direitos de TV e Arena.
Em uma conta rápida, R$ 150 milhões dá R$ 50 milhões para cada uma dessas receitas. É impossível o aparelho Vila Belmiro te dar R$ 50 milhões por ano. Então o Santos tem que ser criativo nesse aspecto. Temos que revitalizar a Vila Belmiro, tirar a administração de lá, fazer um restaurante, áreas nobres, uma academia. Ou seja, valorizar aquele espaço, dar conforto e segurança, e jogar na Vila Belmiro de uma forma que seja confortável.
DL - O senhor tem algum plano específico para o Pacaembu
FS - Não vejo o Santos pegando concessão do Pacaembu. Temos que jogar onde tivermos as melhores condições. Eu vejo o Santos fazendo um acordo com o Pacaembu, tipo o acordo que o Flamengo e o Fluminense tem com o Maracanã. Quando eles jogam lá, são donos de certas propriedades. O Santos para jogar no Pacaembu terá que ter algumas vantagens, porque ele é conteúdo.
DL - Qual a sua opinião sobre o elenco atual do Santos FC?
FS - Eu acho bom. Acho melhor do que aquele que nós recebemos em 2010, deixado pelo Marcelo Teixeira. Acho que algumas contratações pontuais tem que ser feitas, mas naquele modelo que a gente criou em 2010, onde o Santos coloca o atleta na vitrine e fica com a opção de compra.
Acho que precisamos de umas três ou quatro contratações pontuais e subir a molecada, porque esse é o DNA do Santos. O Santos é um time que joga bonito, ofensivo e tem que ser competitivo sempre.
DL - O senhor é favorável à participação de empresários em transferências?
FS - Eu vejo como isso um ‘player’ de mercado. Desde que você combine as regras claras e participação de cada um, é uma saída para você.
O caso do Leandro Damião eu não reconheço como um parceria, pois parceria pressupõe- se que duas partes entraram no negócio. Nesse negócio o Santos entrou com tudo. Assinou um cheque e vai ter que pagar. E o pior, ninguém sabe até hoje qual foi a garantia que o Santos deu para essa compra.
DL - O senhor falou subir meninos da base. Quais são os planos para o CT Meninos da Vila?
FS - Somos reconhecidamente é um clube formador, mas nós não temos infraestrutura nenhuma para formar. A gente forma com bons profissionais e temos muita sorte. O jovem vem para cá porque ele tem a percepção que aqui ele vai ter oportunidade, mas a gente não tem infraestrutura nenhuma.
Nesse ponto o cavalo passou selado mais uma vez na nossa frente e a gente não aproveitou. Todos os CTs da base são feitos com renuncia fiscal. São Paulo, Corinthians e Palmeiras, fizeram ou estão fazendo os deles por meio de renuncia fiscal, com dinheiro do governo. Então, tivemos a chance durante anos de estar com o Neymar na mídia todos os dias, de ter grandes executivos, grandes caminhos e a gente não aproveitou nada disso. Era para a gente estar com um centro de treinamento melhor e mais moderno pronto. Vamos ter que correr atrás de novo.
DL - E quanto à chácara Nicolau Morán. O que fazer?
FS - Entrar lá já em 2010 já era complicado, então a gente resolveu deixar de lado, É caro ficar com ela e é muito mais caro se livrar dela. Então, tem que ser feito um estudo, tem que ver com a prefeitura local o que fazer. A gente tentou resolver em 2010, mas não conseguiu porque é tanta licença, tanta multa, tanto imposto, tanta coisa atrasada que você não consegue sair.
DL - O que o torcedor pode esperar do senhor caso venha a ser presidente do Santos Futebol Clube?
FS - Um grupo de pessoas experientes, que já viveu tudo isso, que já pegou terra arrasada em 2010 e conseguiu dar a volta por cima. Um grupo de pessoas que já esteve nesta mesma situação, que tem credibilidade no mercado e tem as portas abertas para fazer acontecer com muito trabalho, pois o rombo que vamos encontrar no clube, faz da situação a pior da vida do Santos.
Por isso, eu digo que esse voto, é o voto da sobrevivência e o associado tem que pensar muito bem em quem vai votar.
A nossa diferença é o nosso perfil, somos quem vai colocar o que está no papel em prática. Eu já fiz isso uma vez e estou disposto a fazer a segunda.