A crise dentro de campo e a iminente queda para a Série B do Campeonato Brasileiro fazem o Palmeiras se fragmentar internamente. Além de Arnaldo Tirone, cada vez mais isolado politicamente, pelo menos mais quatro candidaturas à presidência já se articulam para tentar assumir a missão de reerguer o clube. E, em suas formações, os grupos políticos começam a ensaiar associações antes impensadas nos bastidores palmeirenses.
Uma delas é a aproximação entre duas turmas que até a eleição passada estavam em lados diametralmente opostos. O ex-presidente Mustafá Contursi mostra interesse em apoiar a candidatura de Paulo Nobre. Pré-candidato declarado, Nobre é um conselheiro tido como da nova geração e que tem suas origens políticas no clube ligadas ao grupo de Luiz Gonzaga Belluzzo, o Muda Palmeiras, um movimento que por muitos anos fez oposição a Contursi.
Pessoas ligadas ao ex-presidente já procuraram Paulo Nobre para dizer que pretendem apoiá-lo e votar nele na eleição de janeiro - que ainda obedecerá ao processo indireto, tendo apenas conselheiros habilitados a escolher o presidente para os próximos dois anos. O candidato não rejeita o apoio do ex-presidente, uma figura ainda forte no cenário político palmeirense, desde que seu "projeto político" seja respeitado. Aí talvez surja um entrave, já que o grupo de Mustafá Contursi prega uma austeridade econômica que não privilegia recursos para o futebol como prioridade.
Os candidatos mais "boleiros" já se dividem em duas turmas. Uma delas tem Wlademir Pescarmona, ex-diretor de futebol e aliado de Belluzzo. O ex-dirigente, no entanto, ainda carece de mais apoio, pois a bancada "beluzzista" no Conselho não é das maiores. Na outra associação de "boleiros" estão os correligionários do ex-presidente Affonso della Monica, um dos apoios mais disputados na política palmeirense - ele é tido como um dos responsáveis pela eleição de Arnaldo Tirone. Della Monica, no entanto, pode ser o mentor de outro candidato, o conselheiro Décio Perin, que tem bom trânsito em quase todos os grupos políticos.
Na esteira da gestão contestada de Tirone, os membros do órgão que mais importunaram o presidente, o Conselho de Orientação e Fiscalização (COF), também cogitam lançar seu candidato próprio. O "cofista" candidato seria Sérgio Moyses, que tem atuado como um dos oposicionistas a Tirone e teria pouca rejeição no Conselho Deliberativo.
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