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Em carta aberta, Arouca se despede, explica ação judicial e revela mágoa

No texto, o volante aproveita para explicar algumas situações que geraram polêmicas nas últimas semanas

Publicado em 30/01/2015 às 18:10

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Um dia após acertar sua rescisão contratual com o Santos, clube que defendeu nas últimas cinco temporadas e conquistou seis títulos, sendo o principal a Libertadores da América de 2011, quando deu assistência para o gol de Neymar na grande decisão, Arouca assinou nesta sexta-feira um contrato de quatro anos com o rival Palmeiras.

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Antes de iniciar a nova fase na carreira, porém, o ex-camisa 5 do Peixe fez questão de se despedir do torcedor santista através de uma carta aberta. No texto, Arouca aproveita para explicar algumas situações que geraram polêmicas nas últimas semanas.

O fato de ter acionado o clube na Justiça mesmo após garantir que não o faria, segundo o jogador, aconteceu após “se esgotarem todas as maneiras de solucionar o caso”. O atleta se diz “vítima da precária condição financeira do nosso futebol” e não esconde a mágoa com o torcedor que o criticou por tudo isso, inclusive pichando e retirando sua imagem do muro do CT Rei Pelé, onde estão retratados os grandes ídolos da história santista. “Isso é uma imensa inversão de valores!”, escreveu Arouca.

Por fim, o novo reforço do Palmeiras agradece o agora ex-clube e toda a torcida do Santos pelos “melhores momentos de sua carreira”, ressalta sempre ter se doado “110%  em campo” e garante que tentará repetir sua elogiadas atuações e glórias, agora, no entanto, com a camisa do Verdão.

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No acordo entre Palmeiras e Santos, o Peixe ficou com 40% dos direitos econômicos de Arouca e ainda se livrou de uma dívida com o jogador que girava em torno de R$ 1,4 milhões. O clube da Capital ficou com outros 40% e a (Teisa Terceira Estrela S/A), grupo parceiro do alvinegro praiano, fecha o fatiamento ao completar os outros 20%.

Arouca acertou sua ida ao Palmeiras nesta sexta-feira (Foto: Divulgação/Santos FC)

Confira, na íntegra, a carta escrita por Arouca e repassada por sua assessoria de imprensa:

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Olá, pessoal

Hoje é um dia diferente para mim. Um dia de despedida, mas, ao mesmo tempo, do início de um novo ciclo. Simbolicamente um 30 de janeiro, que também é o aniversário de cinco anos da minha estreia pelo Santos. Uma história de tantas conquistas, de evolução e que agora chega ao seu fim. Antes de seguir em frente, porém, queria deixar registrado algumas palavras para todos os santistas.

É de conhecimento geral que o Santos FC vive uma grave crise financeira. E essa situação, que também afetou os meus companheiros, me atingiu diretamente, provocando atrasos de salário, de pagamento de direito de imagem, entre outras coisas. Desde que o entrave se iniciou, procurei a diretoria em busca de uma solução, pois creio que problemas dessa natureza podem (e deveriam) ser resolvidos na base da conversa. E foi por acreditar nisso que, há pouco mais de um mês, afirmei por meio de uma nota oficial que não moveria ação judicial e só sairia do time caso surgisse alguma proposta boa para ambos os lados.

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Portanto, gostaria de deixar claro que, antes de tomar a atitude de entrar na justiça, esgotei todas as demais maneiras de solucionar o caso, pois tenho uma história bonita e uma gratidão imensa pelo clube e por sua torcida. O que é natural após tanto tempo vestindo e honrando a camisa alvinegra.

Nas últimas cinco temporadas, construí uma trajetória vitoriosa e de muita identificação com o Peixe e sua torcida. Foi vestido com o manto que um dia foi do Rei que vivi os meus melhores momentos como profissional e conquistei os principais títulos da minha carreira, sendo convocado para defender a seleção do meu país. E a forma perfeita de retribuir isso foi jamais deixar no gramado menos de 110% daquilo que eu poderia fazer em cada partida.

Infelizmente, porém, fui mais uma vítima da precária condição financeira do nosso futebol, que promete salários com os quais não pode arcar e está se afogando em dívidas. E um fato em especial me deixa bastante chateado: quando os atletas se veem obrigados a entrarem com ações judiciais para receberem seus salários, são acusados de não ter amor à camisa, de só pensar em dinheiro e não no time, e ainda são chamados de mercenários, entre outros adjetivos pejorativos. Isso é uma imensa inversão de valores! Sei que o torcedor é movido pela paixão e que alguns estão chateados com a atitude que tomei, mas peço que tentem entender o meu lado no caso.

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Apesar disso que aconteceu, saio da equipe - pela qual entrei em campo 268 vezes e conquistei seis títulos – pela porta da frente e com a consciência tranquila, pois fiz tudo o que podia dentro e fora do gramado. Dentro, lutando e me dedicando para trazer as vitórias que a torcida esperava; Fora, com um comportamento correto, dando exemplo e tentando resolver as coisas da melhor forma possível. Por isso, fiz questão de que o Santos FC fosse recompensado pela minha saída – mesmo com a possibilidade de obter na justiça a quebra do meu vínculo contratual, hipótese em que o clube não teria direito a nada. E, felizmente, chegamos a um acordo em que, assim como havia prometido, houve uma solução boa para ambas as partes.

Antes de me despedir, gostaria de dizer que nada nesse mundo vai apagar e nem diminuir os momentos felizes que vivi. Vou guardar na memória todas as alegrias que tive e levarei no peito a emoção que senti em cada partida. Queria agradecer também aos torcedores pelo imenso carinho e também aos amigos que fiz através do Santos FC, incluindo jogadores, treinadores e funcionários, que sempre me trataram tão bem.

Agora, sigo para o Palmeiras, clube que tanto esforço fez para contar comigo, em especial o presidente Paulo Nobre, o Alexandre Mattos e a diretoria, que moveram mundos e fundos para que essa transferência se concretizasse, agindo de forma correta tanto comigo quanto com o Santos. Como contrapartida, prometo ter a mesma dedicação e buscar títulos tão importantes quanto aqueles que, graças a Deus, consegui durante toda minha carreira.

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A todos, o meu muito obrigado!

Carinhosamente,
Arouca

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