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O ano de 2015 era de esperança para a Portuguesa Santista. Após quase conquistar o acesso para a série A-3 do Paulista em 2014, o clube abriu o ano confiante em obter uma vaga para terceira divisão estadual de 2016. Mas, a primeira notícia é uma dor de cabeça, e antiga.
O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo determinou o leilão do estádio Ulrico Mursa, casa da Briosa, no dia 20 deste mês, para quitar uma dívida do clube criada em 1998. Segundo a 1ª Vara Cível da Comarca de Santos, o terreno, avaliado em R$ 20,5 milhões, foi penhorado devido a uma ação movida pelo Estoril Palace Hotel, de Registro.
As pessoas ou empresas que quiserem adquirir o espaço, terão até o dia 23, às 15h para efetuar algum lance. Caso não haja comprador, uma 2ª praça inicia logo após o término da 1ª e segue até dia 12 de fevereiro. Nesta etapa, o valor mínimo para a venda cai para 60% do valor do imóvel, equivalente a R$ 12, 3 milhões.
Atual presidente da Briosa, José Ciaglia, disse não ter recebido nenhuma notificação. Ele informou que iria ter uma reunião com a área jurídica do clube ontem. “Não vou antecipar nada. Primeiro porque não tenho notificação de nada. Vou fazer uma reunião com o departamento jurídico para ver o que está acontecendo. Devo fazer essa reunião hoje à noite. Uma coisa eu tenho certeza. Não é da minha época. Eu não provoquei isso. Infelizmente, está no nome da Portuguesa, nós temos que procurar resolver isso”.
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Dívida de R$ 251 mil
A ação de penhora foi movida pelo Estoril Palace Hotel, de Registro, cidade no Vale do Ribeira. Segundo o proprietário do estabelecimento, Antonio Carlos Teixeira, o clube realizou uma pré-temporada na cidade em 1998 e a equipe ficou hospedada lá, mas nunca pagou a conta pelos serviços prestados.
“Eles ficaram hospedados no hotel por 14 dias. Eram cerca de 50 pessoas, com hospedagem, lavanderia, refeições e no final não foi paga a estadia. Foi movido um processo desde aquela época que está se desenvolvendo até agora, onde nós conseguimos incluir este estádio como penhora e esse bem vai a leilão”.
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Segundo Teixeira, houve três tentativas de conciliação judicial, mas os dirigentes da Portuguesa Santista alegavam que o clube estava sem dinheiro e que não tinha nada a oferecer. A Briosa chegou a oferecer os refletores do estádio para quitar a dívida.
“Já foram condenados há muito tempo. Na época ofereceram os refletores do estádio, mas nós não aceitamos. O que eu vou fazer com um refletor de estádio? Assim foi indo. Já foi tentado penhora de conta bancária, mas não tinha dinheiro em conta, de patrocínio, mas ele já estava penhorado. Infelizmente, se não for pago o débito até a data, o estádio vai para leilão”.
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Segundo uma fonte próxima a Portuguesa Santista, a prefeitura de Registro tinha se comprometido a pagar a estadia do time, mas o acordo não foi cumprido. A Briosa gasta, mensalmente, cerca de R$ 38 mil em dívidas antigas.
O proprietário do hotel lamentou a situação. “É uma pena chegar a esse ponto. Penhorar um estádio tradicional. É um clube tradicional de Santos. A gente lamenta esse tipo de coisa. Era uma época que a Portuguesa Santista estava no auge. Eles tinham condição de cumprir o que foi prometido. Não sei o que levou o antigo presidente a tomar esse tipo de atitude. Disse que não ia pagar e ponto final. Deixou uma camisa autografada e até logo”.
Outras ações
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O estádio foi colocado em penhora por outras ações contra o clube. Elas são citadas no documento pela 1ª Vara Cível da Comarca de Santos. No total, são seis processos, que juntos somam quase R$ 861 mil em dívidas.
A maior é com a prefeitura de Santos. Em abril do ano passado, a soma em débitos de Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) chegou a R$ 495 mil. Outras duas ações foram movidas pela Caixa Econômica Federal, nos valores de R$ 6,7 mil e R$ 24,4 mil.
Já o fisioterapeuta Marcio Ribeiro Afonso, que trabalhou no clube de dezembro de 2000 a fevereiro de 2002, cobra da Briosa cerca de R$ 23 mil. Ele explicou o que aconteceu. ”Fiquei 8 meses sem receber salário, 13º e férias. Tive que pedir para sair. Fiquei de agosto de 2001 a fevereiro de 2002 sem os pagamentos”.
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De acordo com Afonso, na época o futebol da Portuguesa Santista era controlado pelo Grupo Multicargo, Agências Marítimas Ltda, de Virgílio Pina. A empresa não pagou funcionários, mas tinha autonomia para responder em nome da Briosa. “É um rolo isso. Ela (empresa) tinha total autonomia para carimbar com o nome da Portuguesa. Alguns jogadores recebiam pela Multicargo, que era uma empresa de grãos que faliu. Outras pessoas recebiam pela Portuguesa Santista e o restante por outra empresa que ele (Pina) tinha”.
O fisioterapeuta contou que vivia com a promessa de pagamento, que não era cumprida e teve que lutar para conseguir ser liberado. “Na época o técnico era o Muricy Ramalho e o preparador era o que voltou agora para o Santos, o Carlito Macedo. Esses sempre recebiam, mas a gente ficava a ver navios. Tentei acordo nos 8 meses. Não queriam me mandar embora. Tive que falar com o Chulapa para poder me mandarem embora e tentar receber”.
Afonso chegou a fazer um acordo, mas a Portuguesa Santista deixou de cumprir com os pagamentos após um ano, o que fez o médico entrar com outra ação. Em 2014, o advogado da Briosa tentou negociar a dívida. “A gente queria que eles pagassem em três vezes e eles queriam pagamento das Casas Bahia. Não aceitamos. Já tínhamos a experiência negativa de fazer um acordo parcelado várias vezes e eles não cumprirem”.
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A última ação foi movida pelo Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo, no valor de R$ 60 mil. Segundo a assessoria do sindicato, a ação foi movida devido ao não repasse da contribuição sindical dos jogadores. O sindicato informou que já realizou um acordo com o clube que vem efetuando o valor das parcelas acordadas. Assim que a divida for sanada, a penhora do imóvel será cancelada.