Continua depois da publicidade
Muricy Ramalho já não é mais um dos defensores da permanência de Neymar no Brasil. Incomodado com as críticas que o atacante recebe, principalmente quando está a serviço da Seleção Brasileira, o técnico do Santos deixou de aconselhá-lo a recusar as propostas do futebol europeu.
“Eu era um dos que não queriam que o Neymar fosse para fora, mas já tenho as minhas dúvidas. Antes, eu achava que ele poderia não jogar se fosse para o Real Madrid, por exemplo. O português (o técnico José Mourinho) é gente boa e trabalha bem, mas não coloca nem o Kaká para jogar. Isso porque ele tem 300 caras como o Neymar lá. Então, se o Neymar saísse para ficar parado, poderia perder a Copa do Mundo. Mas já penso um pouco diferente agora. Também estou de saco cheio de ficar ouvindo coisas sobre ele”, esbravejou Muricy.
Com a propriedade de quem trabalha diretamente com Neymar, o técnico acredita que o seu pupilo também se irritou com os críticos a ponto de pensar em se transferir do País. “Acho que ele está (de saco cheio). É o nosso único ídolo no futebol brasileiro e sempre tem alguém achando errado, sendo agressivo. Ele pode oscilar um pouco, como todo o mundo. Sinceramente, as críticas não cabem. Se ele não está bem, precisa receber incentivo para melhorar”, disse.
Muricy se referiu mais especificamente as vaias e insultos que Neymar ouviu de torcedores durante o empate entre Brasil e Chile, em amistoso disputado no Mineirão. Incomodado porque o santista não chegava a brilhar, o público extravasou com gritos de, entre outros, “pipoqueiro”.
Continua depois da publicidade
“Se a gente tem alguma chance de ir bem no Mundial, ela passa pelo Neymar. Todos os atletas têm altos e baixos, e o brasileiro é chato em relação a isso, agredindo demais. O Neymar é um fenômeno nosso e merece um pouco mais de carinho, até porque estamos carentes de ídolos. O único que temos é maltratado, como aconteceu na Seleção”, observou Muricy.
Para o treinador, Neymar não deveria nem sequer ser exposto a amistosos sem tanto apelo (contra o Chile, por não se tratar de uma data Fifa, o técnico Luiz Felipe Scolari só contou com atletas que atuam no Brasil). “Ele não precisa provar nada para ninguém, assim como o Paulinho do Corinthians, o Henrique do Palmeiras e outros. Ao invés de ser uma convocação boa, acaba virando algo ruim. As pessoas exageram um pouco nas palavras. Não acho que exista esse comportamento em outros lugares do mundo”, continuou a reclamar Muricy.
Em Santos, Neymar reencontrou apoio. O atacante foi protegido pelo técnico (como ficou claro), por seus companheiros e até pelos torcedores, que estenderam faixas na Vila Belmiro para incentivá-lo diante do Palmeiras. “Ele voltou machucado e quis jogar. Outros não fariam isso. E o que ele correu foi brincadeira”, enalteceu Muricy Ramalho, feliz com a vitória nos pênaltis, que colocou o seu time nas semifinais do Campeonato Paulista.
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade