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O baiano Dante possui um sentimento ambíguo pela Alemanha. Há 8 anos no país europeu, o zagueiro já está adaptado, é um dos jogadores que mais entram em campo pelo Bayern de Munique e busca conquistar a cidadania germânica. Ao mesmo tempo, é forçado a conviver com a derrota mais marcante da história da seleção brasileira: o fatídico 7 a 1 para os alemães na Copa do Mundo.
Com um currículo repleto de títulos, o brasileiro busca o tri do Campeonato Alemão, o tri da Copa da Alemanha e o bi da Liga dos Campeões da Europa.
A estreia no futebol foi aos 18 anos, no Juventude, quando o clube gaúcho ainda disputava a elite do futebol brasileiro. Não teve tempo de ser conhecido no País. Em 2004, foi atuar no Lille, da França. Após duas temporadas e poucas partidas, seguiu para a Bélgica. Lá, passou por Charleroi e Standard Liège, onde conquistou os primeiros títulos na carreira: o bicampeonato belga.
A passagem em Liège abriu caminho para a Alemanha. Foi para o Borussia Mönchengladbach. No clube do oeste germânico, quase na fronteira com a Holanda, Dante ganhou destaque e atraiu o olhar do Bayern de Munique, maior clube do país, onde atua desde 2012.
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Em 2013, com Luiz Felipe Scolari, ganhou a primeira chance na seleção brasileira, onde conquistou a Copa das Confederações daquele ano. Mas também foi a escolha do técnico para substituir o capitão da Seleção, Thiago Silva, na semifinal da Copa do Mundo, no ano seguinte. Em campo no Mineirão, enfrentou a maior derrota da carreira, no dia 8 de julho. Uma partida que ficou marcada na memória do baiano e de todos os brasileiros.
Em entrevista ao Diário do Litoral, Dante fala sobre a Alemanha, a Copa do Mundo e sobre sua carreira, que virou livro indicado a prêmio pela Academia Alemã para a Cultura do Futebol. Confira:
DL: Como foi essa primeira metade de temporada europeia?
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Dante: Foi muito boa. O Bayern está muito bem nas três competições que estamos jogando e espero que, no final, possamos conquistar o maior número de títulos possíveis.
DL: Já são 8 anos na Alemanha. Como surgiu a ideia de conseguir a cidadania alemã? Como anda esse processo?
Dante: Tenho que esperar até dezembro do ano que vem para dar entrada. Mas acho que vai acontecer com naturalidade. É um país que me acolheu muito bem, minha família está muito feliz e meu filho nasceu aqui. Representa muito para mim.
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DL: A cidadania alemã é um indicativo que você não planeja voltar a atuar no Brasil? Existe alguma possibilidade disso acontecer?
Dante: Não, lógico que não. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Muitas pessoas têm dupla nacionalidade. E ser alemão seria algo natural para quem morou tantos anos no país e tem raízes aqui.
DL: Você está com 31 anos. Atua num dos maiores clubes do mundo, já conquistou praticamente tudo que um jogador sonha por um clube. Já jogou pela seleção brasileira, disputou uma Copa do Mundo. O que falta para a sua carreira?
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Dante: Sabe, fico feliz em poder ter conquistado tantos títulos e ter tido tanto sucesso. Mas o atleta precisa sempre criar objetivos para continuar seguindo em frente. E os meus continuam sendo os mesmos. Trabalhar duro, dar sempre o meu melhor e poder sempre estar jogando em alto nível. Quando eu sentir que não tenho isso mais, aí eu posso parar.
DL: Difícil não perguntar sobre a fatídica semifinal da Copa do Mundo contra a Alemanha. Passados quase 6 meses, é possível superar a derrota, ainda mais da forma que foi?
Dante: Muito difícil essa derrota. Com certeza, a pior da minha carreira. Uma pena, pois queríamos tanto chegar a final e dar a alegria ao nosso povo de conquistar um título em casa. Infelizmente, foi um dia horrível e que vai ficar marcado para sempre. Muito doloroso ainda, mas com o tempo vou superando.
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DL: Qual lição você tirou daquele 8 de julho?
Dante: Acho que não estávamos preparados para a adversidade. Em todos os jogos, nós saímos com um gol na frente do adversário. Infelizmente, não soubemos lhe dar com a adversidade e queríamos atacar de qualquer maneira. E isso foi fatídico contra uma equipe que estava muito bem organizada e que soube aproveitar muito bem os nossos erros.
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DL: Pesou naquela partida a responsabilidade de substituir o capitão Thiago Silva?
Dante: Não. Estava muito bem preparado para o jogo. Semifinal de Copa do Mundo em casa, um sonho. Infelizmente, a nossa tática não foi a correta e não conseguimos jogar o nosso melhor.
DL: Qual imagem do pós-jogo ficou na sua memória?
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Dante: A tristeza de todo mundo em campo e no estádio.
DL: Você joga ao lado de muitos alemães que estiveram naquele duelo. Como foi esse reencontro?
Dante: Pessoal fez um pouco de brincadeira, mas tudo saudável.
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DL: Hoje a seleção brasileira passa por uma renovação com Dunga. Entretanto, no setor defensivo, nomes como Thiago Silva e David Luiz seguem, além do retorno de Miranda à Seleção. Como você vê suas chances de voltar a ser convocado? Ainda pensa na seleção brasileira?
Dante: O importante para mim e continuar jogando bem no meu clube. Nunca vou fechar as portas para a seleção brasileira, pois sempre foi um sonho jogar com a camisa amarela.
DL: Além da carreira no futebol, você mostrou um outro lado, com a autobiografia ‘Ich, Dante’. Qual a mensagem que você tentou passar para os leitores?
Dante: Que cada um tem um sonho. Mas os nossos sonhos não são fáceis de ser conseguidos. Temos que trabalhar muito, existem vários obstáculos para conquistarmos o que queremos. E se tivermos paciência e persistência, podemos chegar.
DL: O livro ainda foi indicado na Academia Alemã para a Cultura do Futebol na categoria livro de futebol do ano. O que isso significou para você?
Dante: É uma satisfação porque o livro foi bem recebido. Fico feliz em poder compartilhar a minha historia.
DL: A publicação tem o prefácio do técnico Jupp Heynckes. Quanto ele foi importante na sua carreira?
Dante: O Jupp foi muito importante para a minha adaptação no Bayern. Não é fácil sair do Borussia Mönchengladbach e chegar num time como o Bayern. A transição é muito importante e ele fez com que eu não tivesse nenhum problema. Cheguei e já comecei jogando e ajudando minha equipe.
DL: Hoje, com Guardiola, quais foram os principais ensinamentos aprendidos?
Dante: Guardiola é um técnico moderno. Trabalhamos muito com a bola e ele tem uma grande visão do jogo. Isso vem me ajudando bastante.
DL: Qual o técnico mais importante da sua carreira? Por que?
Dante: Tive vários bons treinadores na carreira. O Michel Preud’homme no Standard Liège, o Lucien Favre, no Borussia Mönchengladbach, o Jupp Heynckes no Bayern e agora o Guardiola. Na seleção brasileira tive o Scolari. Cada um foi importante para o meu crescimento como jogador e fico muito feliz por ter aprendido muito ao longo da carreira, pois me ajudou a chegar onde eu estou.