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A Terra não é azul. Se o mundo realmente acabar nos próximos dias, sua última imagem será em preto e branco. Para delírio de sua apaixonada torcida, que deu mais uma prova de amor inacreditável ao tomar o Japão, o Corinthians fez 1 a 0 no Chelsea e conquistou o Mundial.
Nem as superstições ajudaram os ingleses neste domingo. Jogando na Terra do Sol Nascente e fundado em um pub coincidentemente chamado de The Rising Sun em 1905, o clube não brilhou em Yokohama. A luz do lampião – sob a qual nasceu o Timão na esquina das ruas Cônego Martins e dos Imigrantes, em 1910 – foi mais forte e iluminou a equipe brasileira.
Guerrero balançou a rede de Petr Cech e foi um monstro em campo, assim como Cássio e Danilo, mas o astro-rei foi a Fiel, que não se satisfez com uma invasão histórica. Quase 30 mil corintianos cantaram sem parar no Estádio Internacional e empurraram o time do povo, que “nesta noite” tinha que ganhar.
Desta vez, os alvinegros uniram a prova de amor ao orgulho da conquista, que teve o sofrimento do qual eles se alimentam. Na decisão, a exemplo do que havia ocorrido na semifinal contra o Al Ahly, houve bastante dificuldade para os comandados de Tite.
A estratégia alvinegra na decisão foi impedir a saída de bola com os técnicos volantes do Chelsea, Ramires e Lampard. A ideia era que os ingleses apostassem em bolas longas, o que funcionou, mas o sistema defensivo tinha dificuldade para cortar os lançamentos.
Assim, os primeiros minutos foram dos ingleses, que só não marcaram com Cahill em escanteio por milagre de Cássio com a coxa. Aos poucos, no entanto, o Corinthians começou a colocar a bola no chão e atacar com perigo quando roubava a bola em boa posição.
Jorge acompanhava Cole pela direita, mas Emerson não tinha o posicionamento esperado, aberto pela esquerda. O Sheik estava solto no meio, nas costas do volantes, pois não precisava acompanhar o lateral direito Ivanovic, que avança raramente.
Atuando perto de Guerrero, que fazia mais uma boa partida e levava ampla vantagem sobre o fraco Cahill, Emerson teve duas oportunidades. Em uma delas, completando chute do peruano, chegou a beliscar o poste esquerdo do goleiro Cech.
Talvez cansado da marcação forte, o Timão caiu na parte final do primeiro tempo. Paulo André teve de tirar a bola de Moses na risca da pequena área e Cássio precisou fazer duas grandes defesas – um milagre em chute de Moses – para manter o placar zerado até o intervalo.
A etapa derradeira começou com o Chelsea ainda melhor. Hazard recebeu na área e teve o ângulo fechado pelo enorme Cássio antes que o Corinthians se assentasse em campo e passasse a se desdobrar no meio-campo para frustrar os ingleses.
Emerson, apesar de abusar dos lances individuais, corria demais. Danilo aliava a raça para marcar até a linha de fundo com uma calma impressionante com a bola no pé. E Paulinho e Guerrero começavam a aparecer em jogadas perigosas no ataque.
Aos 23 minutos, aconteceu a jogada histórica. Paulinho tabelou com Jorge, carregou pelo meio da área e deixou para Danilo finalizar. O meia cortou para o pé direito, foi travado e, com Petr Cech no chão, viu Guerrero balançar a rede de cabeça.
A partir daí, o time do povo aliou a inteligência à raça. Trocou passes, enervou os ingleses e não perdeu o controle nem mesmo com as tentativas de Rafael Benítez de acionar Oscar, Azpilicueta e Marin. Mas, sem um sofrimento extra, não seria Corinthians. Por isso, houve sufoco nos minutos finais e a bola se ofereceu a Fernando Torres a um passo da pequena área, para mais uma defesa de Cássio, alçado definitivamente a um posto de destaque na história do Corinthians.
Cahill foi expulso e, com um a menos, o Chelsea chegou a balançar a rede com Fernando Torres, para desespero de corintianos em todo o planeta. A bandeira subiu, o espanhol estava em posição de impedimento. O Timão é o campeão do mundo.
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