Esportes
O treinador chegou ao Brasil empolgado com o elenco que os dirigentes lhe apresentaram, porém se frustrou com as baixas que teve. Oito jogadores já deixaram o clube
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O São Paulo perdeu três jogos consecutivos recentemente (para Goiás, Ceará e Flamengo), mas Juan Carlos Osorio continuou prestigiado no mercado do futebol. O colombiano diz ter recebido, diante do auxiliar e amigo Milton Cruz, telefonemas de clubes da América do Sul e dos Emirados Árabes Unidos interessados em sua contratação. Não estendeu a conversa com ninguém. A situação será diferente, contudo, se os rumores se confirmarem e a ligação partir da Federação Mexicana de Futebol.
“O que você faria se a ABC te oferecesse um contrato? Pensaria, não é? Eu faria o mesmo”, avisou Osorio a um repórter, nesta sexta-feira. “Não vou trocar o São Paulo por nenhum clube. Estou feliz aqui, no melhor futebol mundial e em um dos maiores times da América do Sul. Mas tenho um objetivo profissional de médio a longo prazo de ir a uma Copa do Mundo. Estou evoluindo como pessoa e como técnico para isso. Se uma seleção séria, com projeto esportivo, vier me buscar, vou escutar o que eles têm a dizer até por respeito. E, se essa seleção séria tem condições de ir às quartas de final de um Mundial, vou considerar”, ressaltou.
Osorio já esteve mais feliz no São Paulo. O colombiano chegou ao Brasil empolgado com o elenco que os dirigentes lhe apresentaram, porém se frustrou com as baixas que teve – oito jogadores deixaram o clube desde a sua contratação – e já não mede muito as críticas à qualidade de sua mão de obra. A irritação maior, porém, ocorreu quando os seus métodos inovadores passaram a ser contestados até internamente após a instabilidade da equipe no Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil.
“Entendo que isso aconteça. É normal no futebol brasileiro. Futebol se faz de resultados, e mais ainda aqui. Então, quando alguém pergunta se o meu futuro está no São Paulo, digo que não sei. Falo isso até para a minha esposa e para os meus filhos”, afirmou Osorio. “Mas é algo que não me preocupa. O que me preocupa é a saúde dos meus pais na Colômbia, são os crimes, as coisas terríveis, a lesão do Luciano (atacante do rival Corinthians)… Em qualquer contrato, há duas partes. E sempre falei para os meus chefes que, no dia em que não estiverem tranquilos comigo, vou embora, sem problema algum.”
No início da semana, o vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro concedeu entrevista coletiva para garantir que continua tranquilo com o trabalho de Juan Carlos Osorio. Também se disse seguro em relação aos desejos profissionais do treinador, apesar da possibilidade de a Federação Mexicana de Futebol colocá-lo na vaga ocupada interinamente pelo brasileiro Ricardo Ferretti (do Tigres) após a demissão de Miguel Herrera.
Aos seus familiares, Osorio repete que não tem certeza sobre o seu futuro profissional. Os dois filhos estão felizes no Brasil e já o ensinaram até algumas gírias, como falar “velho” ao final de cada frase. “Não deixo dúvidas de que o meu coração está no São Paulo”, sorriu, prometendo empenho com ou sem uma proposta do México. “Mas seria algo extraordinário na minha carreira. Se isso acontecer, vou pensar. Não vim para cá por dinheiro, até porque estava cômodo na Colômbia. Para onde vou, é para ganhar e ser reconhecido como um bom profissional”, concluiu, já velho de saber das dificuldades de atingir essa meta no São Paulo.