Continua depois da publicidade
A CBF estuda a possibilidade de restringir o número de estrangeiros no Brasil. A proposta foi debatida durante encontro de ex-técnicos da seleção brasileira na sede da entidade e deve ser encaminhada para discussão entre os clubes nos próximos dias.
A medida visa conter a entrada sobretudo de jogadores sul-americanos, contratados muitas vezes apenas por aceitarem receber salários mais baixos do que os brasileiros. Estão inscritos atualmente no Departamento de Registro e Transferência da CBF 90 atletas profissionais estrangeiros. “A ideia é que a gente melhore o nível técnico e a qualidade dos jogadores que vão atuar aqui. Para trazer igual ou pior do que nós temos aqui, não precisamos contratar de fora”, defendeu Carlos Alberto Parreira.
A proposta discutida na CBF segue basicamente o modelo inglês, no qual para atuar em um clube do país o jogador de fora da comunidade europeia precisa ter um número mínimo de convocações para a seleção. Desde 1.º de maio entraram em vigor na Inglaterra regras mais rígidas que vetam, por exemplo, a contratação de atletas cujos países não estejam até a 50.ª posição do ranking da Fifa. Antes, o limite era o Top 70.
Continua depois da publicidade
Aqui no Brasil, no entanto, o projeto não foi bem aceito pelos treinadores. Tite, do Corinthians, é contra dificultar a entrada de estrangeiros no País. “Não é esse tipo de medida que vai ajudar a melhorar o futebol. Quanto mais qualidade, melhor. Estimula a concorrência e eleva o nível. Não importa se o jogador é de fora”, disse.
Atual bicampeão brasileiro com o Cruzeiro e hoje no comando do Palmeiras, Marcelo Oliveira também defende que a CBF não deve endurecer os requisitos para a entrada de jogadores de fora no País. “Acho saudável e legítimo a interação com estrangeiros. Vale como experiência para os nossos atletas. Talvez o Parreira esteja preocupado com a formação do jogador brasileiro e a seleção, mas a nossa seleção é formada por atletas que estão fora, então os estrangeiros não causam prejuízo. Acho até que são benéficos, porque trazem ideias novas”.
O colombiano Juan Carlos Osorio, técnico do São Paulo, reage com espanto à proposta. Pós-graduado em ciência do futebol pela Universidade de Liverpool e auxiliar técnico no Manchester City durante cinco temporadas, ele não concorda com a comparação entre as realidades de Brasil e Inglaterra. “Isso me surpreende. A quantidade de jogadores estrangeiros no Brasil é muito baixa. Não vejo como um problema, como na Inglaterra. Lá, vários times, como o Arsenal, muitas vezes não tinham na escalação nenhum inglês sequer. No Brasil, todos os times têm oito ou onze brasileiros”.
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade