Esportes

Blatter critica Havelange por problemas do Brasil

Questionado sobre a baixa qualidade do futebol brasileiro evidenciada na Copa, o presidente da Fifa não mediu palavras e chegou a responsabilizar seu mentor

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 09/08/2014 às 15:27

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O Brasil precisa investir no futebol de base para voltar a ser competitivo, depois do colapso da seleção na Copa do Mundo e diante da baixa qualidade do seu campeonato nacional. O alerta vem do presidente da Fifa, Joseph Blatter, que, numa atitude rara, responsabilizou seu antecessor, João Havelange, por não ter dado atenção suficiente à base e à formação de jogadores brasileiros. "Foi um erro", declarou.

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Neste sábado, Blatter promoveu sua tradicional festa em sua cidade natal, Ulrichen, no interior dos Alpes e num clima de "festa na roça". Música "caipira" tocada por um sanfoneiro, salsicha em prato de plástico, bancos de madeira e cerveja quente. Descontraído, ele conversou com um grupo de jornalistas, entre eles o Estado, em sua primeira entrevista depois da Copa do Mundo.

Questionado sobre a baixa qualidade do futebol brasileiro evidenciada na Copa, Blatter não mediu palavras e chegou a responsabilizar seu mentor na Fifa. "Acho que temos colocar certa responsabilidade no senhor Havelange", disse. "Quando ele começou a dizer que o futebol deveria ser universal, com programas de desenvolvimento e me chamou, ele disse que algumas nações não precisavam e, em especial, não o Brasil", explicou.

Joseph Blatter criticou João Havelange pelo problemas do Brasil na Copa (Foto: Associated Press)

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"Isso foi um erro", insistiu Blatter. "Todos precisam de programas de desenvolvimento e do futebol de base. Isso é o que fizemos e dizemos em todo o mundo: por favor, desenvolvam o futebol, tenham um plano de base. O Brasil nunca teve um programa da Fifa porque era grande demais e eu acho que é ai que está o problema", disse.

Blatter assumiu a Fifa em 1998, depois de anos atuando como o braço direito de Havelange. Desde então, te reverenciado seu antecessor, inclusive em casos de corrupção. Especialistas na Europa insistem que a Alemanha e outras seleções chegaram com força total no Brasil graças a um plano detalhado e de longo prazo para desenvolver o futebol de base e em todas as regiões.

Para Blatter, a Alemanha mereceu ganhar a Copa. "Ela jogou bem e foi a seleção certa para ganhar. Foi a única que foi ao Mundial para ganhar, e não com táticas para evitar perder", disse. Para ele, a derrota de 7 a 1 do Brasil para a Alemanha nas semifinais da Copa foi "um desastre", que "entra na história do futebol".

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Em sua avaliação, Lionel Messi não deveria ter recebido o título de melhor jogador da Copa. Para ele, os destaques ficaram para Arjen Robben e James Rodriguez, além dos goleiros da Costa Rica, Keylor Navas, e México, Guillermo Ochoa. "Robben correu do primeiro ao último jogo", disse. "Ele corria, atacava e defendia. Talvez ele não seja o mais brilhante. Mas ele estaria em um lugar muito alto em minha lista de melhores da Copa", contou.

Blatter ainda confirmou que se lança candidato a uma nova eleição para a presidência da Fifa em 2015. "Recebi o apoio de muitas federações", disse. Mas foi além e alertou que aqueles que o criticam devem "correr riscos" e também se lançar no processo eleitoral, em uma mensagem contra Michel Platini, que até agora não decidiu o que fará.

"Eu assumo riscos de estar em uma eleição desde 1998", disse. "Eu assumo os meus riscos. Outros, se quiserem, que tentem também. Venham e lutem. Eu sou um lutador", completou.

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