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Criado nas areias das praias de Santos no fim da década de 1930, o tamboréu é um patrimônio da Cidade e, com o passar do tempo, se espalhou pelo país e pelo mundo. Porém, em função do alto número de praticantes com idade avançada, criou-se a imagem de que o tamboréu não seria esporte para jovens. Afim de derrubar este rótulo e resgatar a modalidade justamente no local onde ele nasceu é que um grupo de atletas e amigos estão promovendo uma ação com 120 crianças da rede pública de ensino.
“Muita gente rotula o tamboréu como esporte de velho. E não é isso. Existe um pessoal novo, um pessoal que é bem forte dentro do esporte e muita gente não conhece. Então, conseguimos introduzir isso dentro das escolas municipais. O tamboréu continua forte, mas a gente precisa de renovação”, explicou Paulo Maurício Carmo, coordenador do projeto Tamboréu na Educação Integral.
As crianças contempladas foram divididas em quatro grupos de 30, todas vinculadas ao Centro Comunitário São Judas e à Associação Atlética dos Portuários. Após uma clínica com vídeos, mostrando a história do esporte e as primeiras instruções, as aulas práticas começaram nesta semana e acontecerão sempre às terças e quintas. As crianças que estudam no período da manhã, jogarão das 13h às 16h. Já os alunos do período da tarde, terão aulas das 8h às 11h, sempre em frente ao Posto 2.
“O grupo Opera 5, que é uma associação de tamboréu que fica lá no Canal 5, se reuniu para poder montar um projeto de renovação. Nós implantamos esse ano, junto com a Pompéia, uma escolinha pública de tamboréu, que funciona lá no Canal 5, para 72 vagas. E a gente pensou muito em renovação. Qual que é a ideia? Essas crianças”, contou Paulo.
José Carlos de Almeida, mais conhecido como Kaculé, também ressaltou a importância do projeto para a comunidade em si e para o esporte. Presidente da Sociedade de Melhoramentos do bairro da Pompéia, Kaculé admite a necessidade ter crianças jogando tamboréu.
Essa é a oportunidade que a gente está tendo de trazer o tamboréu para as crianças. Já temos os adultos, as várias categorias, mas, crianças, não. É um incentivo. É um esporte que foi criado aqui em Santos”, disse, antes de completar. “Não tem crianças, até por falta dessa oportunidade que a gente está dando. É a questão de resgatar, criar novos atletas, formar novas equipes, enfim, essa é a intenção que a Sociedade de Melhoramentos da Pompéia está tendo junto com a Escola Total, para dar um novo momento para o tamboréu na nossa Cidade”.
O entusiasmo das crianças nas primeiras aulas é contagiante. Alegres e motivadas a conhecer um esporte inédito para muitos ali, os estudantes, que têm entre 10 e 14 anos, prometem dar uma nova cara para o tamboréu.
“Quem nunca jogou pensa que é esporte para idoso. Mas, não. É um esporte que exige bastante de preparo físico. E é um esporte barato”, afirmou Flávio Simões Pereira, um dos apoiadores do projeto, além de atleta.
“A principal preocupação é com as crianças. Incentivar a fazer esporte, vir para a praia, interagir entre eles. Olhar eles brincando aqui, se divertindo, isso não tem preço. E a segunda é dar uma incentivada no tamboréu, que é um esporte santista e ficou meio abandonado aí por um tempo. Ficou um pouco para trás por causa de horário, de quadra. Então, começamos a incentivar de novo, para ver se conseguimos implantar nos clubes, nas escolas”, explicou.
O projeto Tamboréu na Educação Integral tem o apoio da Escola Total, junto a Seduc, e é independente, custeado pelos colaboradores e idealizadores.