Continua depois da publicidade
Um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro, Manoel Francisco dos Santos, o Garrincha, completaria 80 anos nesta sexta-feira, dia 18 de outubro. Nascido em 1933 no distrito de Magé (Rio de Janeiro), o craque, morto em 1983, notabilizou-se por seus dribles desconcertantes e jogadas de efeito revolucionárias à época em que atuou, entre as décadas de 50 e 70. Bicampeão mundial com a Seleção Brasileira em 1958 e 1962, o “Anjo das pernas tortas”, como era conhecido, marcou história no Botafogo e é lembrado como o maior ponta-direita da história do esporte mais popular do mundo.
Garrincha iniciou sua carreira no futebol ainda ao quatorze anos de idade, quando começou a atuar no amador Esporte Clube Pau Grande, tradicional equipe de sua cidade. Seu talento atraiu a atenção do Botafogo através de Arati, ex-jogador do Clube da Estrela Solitária. O humilde menino, então, foi fazer um teste na equipe alvinegra e, após se destacar com inúmeros dribles aplicados em cima do renomado lateral Nílton Santos, acabou aprovado. Jogaria em um dos quatro grandes clubes do Rio de Janeiro. Onde permaneceu por 12 anos (de 1953 a 1965).
Logo em sua estreia, diante do Bonsucesso, em jogo válido pelo Campeonato Carioca de 1953, Garrincha anotou três gols e encantou a torcida alvinegra com uma atuação irretocável. Depois deste confronto, atuou em mais 613 partidas com a camisa botafoguense, balançando as redes adversárias em mais 242 oportunidades. Neste período, conquistou três títulos cariocas (1957, 1961 e 62), três torneios Rio-São Paulo (1962, 64 e 66) e muitas outras taças em competições internacionais, disputadas em países como México, Costa Rica, Colômbia e Bolívia.
Depois do Botafogo, já com sérios problemas no joelho, Garrincha ainda defendeu o Corinthians (1966), a Portuguesa da Ilha do Governador (1967), o Atlético Júnior, da Colômbia (1968), o Flamengo (1968), o Olaria (1972) e o Milionários, entre 1974 e 1982. Nestes clubes, porém, o craque não conseguiu repetir as excelentes atuações dos tempos de Botafogo e acabou encerrando sua carreira em 1972,.
Continua depois da publicidade
Antes disto, no entanto, o Anjo das Pernas Tortas já havia se consolidado como um dos maiores jogadores do todos os tempos por sua brilhante passagem pela Seleção Brasileira. Disputou sua primeira Copa do Mundo em 1958, na Suécia, e, ao lado de Pelé, Vavá e Zagallo, foi fundamental na conquista do primeiro título mundial do Brasil. Quatro anos depois, na Copa de 1962, no Chile, atingiu seu auge.
Com a contusão de Pelé ainda na primeira fase do torneio, assumiu a responsabilidade e carregou a seleção canarinho ao bi, mesmo atuando com uma febre de 39° na final, diante da Tchecoslováquia. Garrincha ainda jogou o Mundial de 1966, na Inglaterra, mas, como todos os outros atletas, não teve bom desempenho e viu o Brasil cair logo na primeira fase. Em 60 jogos com a camisa verde e amarela (52 vitórias, 7 empates, 1 derrota), anotou 16 gols. Ao lado de Pelé, jamais foi derrotado.
Continua depois da publicidade
Vida pessoal:
Manoel dos Santos virou Garrincha antes de se tornar jogador de futebol. Ainda criança, o craque passou a ser chamado pelo nome que o imortalizaria por sua irmã, em referência ao apelido de um pássaro comum na região de Magé, onde vivia com sua família. As pernas tortas, que valorizariam as futuras glórias de sua carreira, foram decorrentes de uma distrofia física. Sua perna direita, seis centímetros mais curta que a esquerda, era flexionada para o lado canhoto. A perna esquerda apresentava o mesmo desenho. Assim, um arco se formava entre os dois ‘instrumentos de trabalho’ do maior ídolo da história do Botafogo.
Garrincha se casou duas vezes. A primeira com Nair, sua namorada de infância, com quem teve nove filhos, e a segunda com a cantora Elza Soares (de 1968 a 1983). Os dois tiveram um filho, Manuel Garrincha dos Santos Júnior, morto aos 9 anos de idade após um acidente automobilístico. O relacionamento com a artista, porém, foi marcado pelos altos e baixos. Em 1977, por exemplo, o jogador foi acusado de agredí-la por estar transtornado pelo alcoolismo.
Continua depois da publicidade
Este problema, aliás, foi o maior adversário da vida do craque. Garrincha nunca escondeu seu gosto pela bebida e acabou por ela derrotado em 20 de janeiro de 1983, quando faleceu, ainda aos 49 anos, vítima de cirrose hepática. O corpo do jogador está enterrado em uma sepultura coletiva, com outros três corpos, e, em seu jazigo, há uma placa com os dizeres: “Aqui jaz em paz aquele que foi a Alegria do Povo – Mané Garrincha”.