Esportes
Se não abre exceção nem para um atleta medalhista mundial, que ficou de fora da seleção por não bater o peso, não haveria por que ser complacente com um lutador vindo de fora
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Não será o currículo de grande nome do MMA que levará Anderson Silva para a Olimpíada. Se o ex-campeão dos médios do UFC quiser disputar os Jogos do Rio, em 2016, vai ter que participar de todo o processo seletivo definido pela Confederação Brasileira de Tae Kwon Do (CBTKD), o que inclui vencer os principais brasileiros da categoria +80kg em pelo menos duas rodadas de lutas. É isso que garante o técnico da seleção brasileira, Fernando Madureira.
"Ele vai ter que passar pelo processo seletivo. Já praticou tae kwon do, tem boa qualidade física, histórico de luta muito bacana. Para ir para a Olimpíada, vai depender de entrar no sistema de seletiva nosso e ganhar dos caras", diz o treinador, informado pelo site da CBTKD do pedido de Anderson Silva para entrar na disputa de uma vaga olímpica.
A confederação tem sido muito rígida com os critérios que ela mesmo impôs. O exemplo mais claro é Guilherme Dias. Bronze no Mundial de 2013, ele não conseguiu bater o peso (68kg) para disputar a seletiva da seleção brasileira, duas semanas depois de, pela seleção, garantir vaga ao Brasil no Pan de Toronto. Mesmo sobrando como melhor do País, está fora da equipe, não vai ao Mundial e por isso terá enormes dificuldades de obter a vaga olímpica como um dos seis melhores do ranking.
Se não abre exceção nem para um atleta medalhista mundial, que ficou de fora da seleção por não bater o peso, não haveria por que ser complacente com um lutador vindo de fora. "Ninguém vai abrir exceção por causa de nome. A gente vai seguir regras e critérios", garante Madureira, explicando que pode haver uma alteração em alguns dos critérios, mas exatamente para privilegiar quem já tem bom ranking.
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Para chegar à seleção, Anderson terá, assim, que vencer torneios menores para ser convocado à seletiva nacional. Se entrar na seleção e conseguir bons resultados, vai ter que participar de "duas ou três" rodadas de lutas contra os melhores da categoria, provavelmente Guilherme Felix (18º do ranking mundial), Maicon Andrade (vencedor da seletiva nacional) e Lucas Ferreira (responsável por garantir um brasileiro da categoria no Pan).
A isso, ainda se somam os critérios exigidos pela WTF (federação internacional) para que um atleta brasileiro possa lutar na Olimpíada com um dos quatro convites destinados ao país sede. O primeiro deles: receber uma licença de lutador de tae kwon do. Depois, precisa de resultados. Pelo menos um da seguinte lista: medalhista de uma competição da WTF (federação internacional), chegar em algum momento entre os 20 melhores do ranking olímpico ficar entre os 16 melhores do Mundial, avançar às quartas de final do Campeonato Pan-Americano ou ganhar o Campeonato Brasileiro. Tudo isso até abril de 2016.
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Madureira garante ter sido coincidência o fato de, na quinta-feira passada, o conselho técnico da seleção definir que um dos quatro convites aos quais o tae kwon do brasileiro tem direito nos Jogos será destinado à categoria +80kg, exatamente aquela na qual Anderson Silva se encaixa, e a publicação, nesta segunda-feira, da carta na qual o lutador se coloca à disposição do País e revela o sonho de disputar a Olimpíada.
"Acho que não (tem a ver), porque ele não tinha feito contato ainda. O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) já estava pedindo planejamento. A gente ainda acha meio cedo para apresentar alguma coisa, mas adiantamos isso", explica o treinador. Ele não nega, entretanto, que recebeu com felicidade a notícia de Anderson Silva, especialmente pela "mídia" que o lutador pode trazer à modalidade.