Continua depois da publicidade
De volta ao São Paulo em 2014, depois de 24 anos afastado, Carlos Miguel Aidar ainda nem cumpriu integralmente seu primeiro mandato e já está de olho no próximo pleito, em abril de 2017. O presidente admite que tentará se reeleger e promete zerar a dívida do clube (a qual, segundo ele, é de R$ 270 milhões atualmente) com ajuda de são-paulinos ricos.
“Eu acho que em cinco anos eu tiro a dívida da frente do São Paulo. É o tempo que me sobra de mandato. São dois neste atual e outros três da reeleição. Sou candidato à reeleição daqui dois anos e todo mundo aqui dentro já sabe disso”, disse ao jornal Estado de S. Paulo, em entrevista publicada nesta segunda-feira.
“O endividamento total do São Paulo, a dívida total, tributária, bancária e trabalhista, era de R$ 17 milhões em 2003, melhorou um pouco com a venda de Lucas, mas foi de R$ 270 milhões em 2014. A tendência é continuar crescendo. Se não estancar isso, não para mais. Essa é a preocupação e a fonte disso é o balanço do São Paulo. É só saber analisar os dados”, comentou.
A esperança do dirigente é montar um fundo de investimento com captação inicial de R$ 100 milhões. A ideia é contar com ajuda do que chamou de “grandes são-paulinos”, que emprestariam quantia mínima de R$ 1 milhão e teriam retorno futuro na venda de jogadores. “Já tenho nomes elencados para convidar. Vinícius Pinotti (atual diretor de marketing), Abílio Diniz, Roberto Justus, Benjamin Steinbruch, Felipe Massa, Rodrigo Faro, Henri Castelli, Zezé di Camargo, Ives Gandra…”, elencou.
Continua depois da publicidade
Luis Fabiano e Alexandre Pato
Na mesma entrevista, Aidar negou que esteja devendo para Luis Fabiano – o centroavante alega que tem três meses de direito a receber -, justificando que o jogador cobra por um contrato de produtividade que venceu em maio e não foi renovado. Reforçou ainda que, por R$ 10 milhões (montante pré-estabelecido em acordo com o Corinthians), será muito difícil contratar Alexandre Pato em definitivo, no final do ano. Recentemente, o atacante recorreu à Justiça para receber vencimentos atrasados dos dois clubes.
Continua depois da publicidade
“O salário ele também teria que diminuir, mas para ficar no São Paulo ele revê a condição. Ele moveu uma ação contra o clube, era um direito dele. Estávamos devendo. Fizemos um sacrifício imenso e pagamos, assim como o Corinthians. Ninguém quis correr o risco. Gerou um desconforto e eu corri para pagar os outros jogadores. Paguei três meses atrasados, todo mundo, venceu no último dia 10″, lembrou, naquela que disse ter sido sua última entrevista exclusiva.
“Agora o São Paulo terá um porta-voz. Só vou falar de assuntos relevantes. Agora quem vai falar é o Júlio Casares (vice-presidente). Em futebol só o Júlio e o Ataíde (Gil Guerreiro, vice-presidente de futebol). Estou saindo de cena porque preciso trabalhar no fundo, na parte política, arrumar dinheiro, contratar profissionais. Não dá tempo”, justificou Aidar, que tem sofrido forte oposição no Conselho Deliberativo.
Comissão milionária
Continua depois da publicidade
O mais recente motivo de questionamento é o contrato de comissão pelo acerto com a Under Armour, fornecedora de material esportivo. Sua diretoria firmou acordo em que terá que pagar R$ 18 milhões ao intermediário do negócio, o norte-americano Jack Banafsheha. Os opositores contestam não apenas o valor, mas também o fato de a empresa do comissionado (Far East) ser sediada em Hong Kong, um paraíso fiscal. O assunto deverá voltar à pauta dos conselheiros em assembleia marcada para esta terça-feira.
“Já provei que a empresa existe. O intermediário existe, tanto é que assinou. Mais do que isso, todos os documentos da firma e os contratos passaram por autenticação, inclusive do governo da China. Tenho o contrato social da empresa Far East, com autenticação do governo de Hong Kong. Eu conheci o intermediador. Não adianta falarem que não existe, eu o cumprimentei. Quer fazer oposição? Faça com um pouco mais de qualidade. O cara esteve aqui antes mesmo de eu ser presidente. Nós fizemos o contrato de intermediação com um cidadão, que optou por entre as várias empresas que tem nos Estados Unidos, na Itália e na China, onde ele escolheu por receber lá. Nesse país ele tem um tratamento tributário diferenciado, um custo muito menor”, defende-se.