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Agentes revelam que Marco Polo Del Nero era o homem forte da CBF em negociações

E-mails entre empresas e agentes revelam que o atual chefe da CBF era a pessoa incontornável em todas as negociações na entidade desde que Ricardo Teixeira deixou a CBF

Publicado em 08/06/2015 às 11:48

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Empresários e agentes estrangeiros consideravam Marco Polo del Nero o “homem forte” da CBF, mesmo quando era o vice-presidente da entidade sob o mandato de José Maria Marin. E-mails entre empresas e agentes obtidos com exclusividade revelam que o atual chefe da CBF era a pessoa incontornável em todas as negociações na entidade desde que Ricardo Teixeira deixou a CBF em março de 2012.

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Mesmo despachando da Federação Paulista de Futebol (FPF), ele recebeu empresários em São Paulo para tratar de contratos da CBF. Del Nero nega qualquer envolvimento no escândalo de corrupção investigado nos Estados Unidos e na Suíça. Nesta segunda-feira, Marin deve apresentar ao Ministério Público suíço um pedido para aguardar uma eventual extradição em liberdade condicional.

Mas o esforço de Del Nero em se afastar da gestão Marin se contradiz com o que atores do mercado, a Fifa e empresas ligadas ao futebol o tratavam. Se Teixeira jamais viajava com seu vice-presidente e nunca entrava em uma negociação acompanhado por outro cartola, Del Nero passou a fazer parte da presidência de Marin.

No dia 21 de março de 2012, dias depois da renúncia de Teixeira e da posse de Marin, um dos altos funcionários do Grupo Figer enviaria um e-mail a Philipp Grothe, chefe da Kentaro, empresa que tinha dos direitos dos amistosos do Brasil. Na mensagem, ele descrevia a mudança de governo na CBF. “Tenho um encontro com Marco Polo Del Nero. VP (vice-presidente) da CBF, o homem forte agora”, escreveu o representante.

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Empresários e agentes estrangeiros consideravam Marco Polo del Nero o “homem forte” da CBF (Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)

Horas depois, Grothe escreveria de volta, pedindo que os empresários brasileiros “tenham cuidado com qualquer tipo de comunicação com qualquer pessoa”. O empresário foi interrogado na última sexta-feira pelo Ministério Público da Suíça, que suspeita de que amistosos da CBF foram usados para pagar propinas.

Um mês depois, novas reuniões entre agentes e a CBF mostravam uma vez mais que Del Nero fazia parte de todos os encontros para examinar novos contratos. No dia 25 de abril de 2012, no hotel Claridge de Londres, Marin e Del Nero se reuniram com a Kentaro e com André e Marcel Figer, do Grupo Figer. A meta era negociar um novo acordo.

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No dia 3 de maio de 2012, uma nova reunião entre os Figers e Del Nero. Desta vez, o encontro ocorreu na sede da Federação Paulista de Futebol. O objetivo, porém, era tratar dos contratos para os amistosos do Brasil. Del Nero teria concordado em negociar um acordo com os Figers, usando uma empresa do grupo fora do Brasil, a Plausus.

Quando o acordo com a Kentaro não funcionou, Grothe escreveu aos Figers para protestar diante da decisão da CBF de assinar com outra empresa, a Pitch. Uma vez mais, fica claro que Del Nero fazia parte de todas as conversas. “Vinte quatro horas antes, Marin e Del Nero nem tinham ouvido falar da Pitch”, se queixou. Ao escrever de volta, os representantes da Figer indicavam que precisavam encontrar uma forma de “forçar Marin e Del Nero a cancelar o acordo”.

Mesmo perdendo o contrato, a Kentaro reforçaria em mais um e-mail de setembro de 2012 a intenção de se aproximar da CBF. Uma vez mais, era o nome de Del Nero o usado como referência. Falando sobre um novo contrato, a empresa via a negociação “como uma boa oportunidade de fortalecer as relações com Marco Polo e Marin”. A mensagem era de 17 de setembro, para André e Marcel Figer.

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Na Fifa, Del Nero também assumiu parte das funções de Teixeira. Logo que entrou para o Comitê Executivo, foi designado para presidir o Comitê de Beach Soccer (futebol de areia), um setor dos negócios atrelados ao ex-chefe da CBF.

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