Economia
O resultado foi uma emissão de papéis novos menor que os títulos que venceram no mês passado, o que levou a uma redução do estoque da dívida em 1,29% em relação a setembro, somando R$ 2,155 trilhões
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Diante de incertezas geradas pelo processo eleitoral e pelo cenário internacional, os investidores exigiram do Tesouro Nacional em outubro uma rentabilidade mais alta para comprar papéis da Dívida Pública Federal. O movimento elevou o custo médio do estoque, que passou para 11,63% ao ano. Segundo o Tesouro, as taxas médias de juros pagas no mês passado foram mais altas que as de setembro. O Tesouro também foi obrigado a colocar um pé no freio na venda de títulos. O resultado foi uma emissão de papéis novos menor que os títulos que venceram no mês passado, o que levou a uma redução do estoque da dívida em 1,29% em relação a setembro, somando R$ 2,155 trilhões.
O coordenador geral da dívida pública do Tesouro, Fernando Garrido, afirmou que a elevação do custo da dívida reflete as expectativas dos agentes econômicos em relação a taxas futuras de juros. "Se deve à conjuntura e a diversos fatores econômicos que influenciam a taxa de mercado", afirmou.
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Para evitar ter de pagar taxas mais salgadas aos investidores, além de adicionar mais instabilidade ao mercado, o Tesouro reduziu para 10% o volume de papéis vendidos em um dos leilões semanais de títulos. A oferta caiu de 9 milhões de papéis prefixados (cuja taxa de juros é definida na hora da venda e têm maior risco para o comprador) ofertados no dia 2 de outubro para apenas 900 mil no leilão do dia 16.
Garrido, no entanto, evitou fazer relação com o processo eleitoral. "Prefiro não fazer avaliação a respeito de impactos ou não do processo eleitoral. As conclusões ficam a cargo dos analistas", disse. Ele destacou, no entanto, que o volume emitido nos demais leilões, à exceção do dia 16 de outubro, não teve diferença significativa em relação a meses anteriores. "Tivemos uma semana específica em que a emissão de títulos foi muito baixa em função da volatilidade dos mercados internacionais", disse, lembrando as incertezas em relação ao comportamento do banco central dos Estados Unidos (Federal Reserve), que deve começar a elevação dos juros em 2015.
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Desde o início do ano, o Tesouro tem tido mais dificuldade em vender seus títulos em função da grande volatilidade dos mercados, agravada no Brasil com as eleições presidenciais. Por conta disso, de janeiro a outubro, houve um resgate de R$ 160,14 bilhões acima dos valores de títulos emitidos em 2014. Esse movimento fez com que, em vários momentos deste ano, o estoque da dívida estivesse menor que o volume de dezembro de 2013. O valor da dívida em outubro mostrou um crescimento de 1,53% (R$ 32,561 bilhões) em relação a dezembro de 2013. Mas isso só aconteceu por conta da incorporação no estoque da correção de juros, que somaram R$ 193,72 bilhões nos dez primeiros meses do ano.
No mês passado, os títulos que venceram superaram em R$ 48,68 bilhões as emissões, enquanto que os juros incluídos no estoque foram de R$ 20,45 bilhões. Isso explica a queda da dívida verificada em outubro na comparação com setembro. O valor está menor que o previsto nas bandas estabelecidas pelo Plano Anual de Financiamento (PAF) do Tesouro, lançado no início do ano com parâmetros para a administração da dívida. Segundo esse planejamento, a dívida deve fechar 2014 entre R$ 2,170 trilhões e R$ 2,320 trilhões.
O Tesouro ainda trabalha com esse cenário. A previsão é que os resgates de títulos não superem R$ 8 bilhões em novembro e dezembro, indicando que haverá emissão líquida nos últimos dois meses do ano, elevando o estoque total.
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Apesar do cenário mais volátil, os investidores estrangeiros aumentaram mais uma vez a aquisição de títulos do Tesouro em outubro. A participação deles no estoque da dívida interna subiu de 19,32% em setembro para 20,38% em outubro, somando R$ 417,87 bilhões. "A expectativa sempre é de continuidade de aumento gradual na participação desse tipo de investidor no que se refere a volume", disse Garrido.