Economia

Tensão política criada constantemente por Bolsonaro afasta investidores do país, dizem economistas

A economista ainda menciona que os juros mais altos e a possibilidade de produção menor na agropecuária, em meio à crise hídrica

Folhapress

Publicado em 02/09/2021 às 08:40

Atualizado em 02/09/2021 às 08:47

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Marcelo Casal Jr./Agência Brasil

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A tensão política e as incertezas sobre os rumos da política econômica devem travar investimentos produtivos na economia brasileira nos próximos meses, dizem economistas.

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Os aportes são medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo -ou FBCF. No segundo trimestre, o indicador teve queda de 3,6% em relação aos três meses iniciais de 2021.

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O dado faz parte do PIB (Produto Interno Bruto) de abril a junho, cujos dados foram divulgados nesta quarta-feira (1º) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em parte, a retração é atribuída ao efeito do Repetro, o regime aduaneiro especial que permite ao setor de petróleo e gás importar bens de capital sem pagar tributos federais, incluindo plataformas.

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Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, explicou que, entre o primeiro e o segundo trimestre, a entrada desses bens diminuiu, pressionando os investimentos para baixo. Além disso, a escassez de insumos na indústria, em ramos como o automotivo, também abalou o indicador, disse Rebeca.

Alexandre Espirito Santo, economista da Órama e professor do Ibmec-RJ, acrescenta um terceiro fator: a alta no valor de insumos. Com os custos de produção elevados na pandemia, a tendência é que empresários atrasem novos desembolsos, sinaliza o economista.

Se não bastassem esses fatores, o cenário para os próximos meses traz riscos adicionais, formados pela tensão política e pelas incertezas econômicas, aponta Espirito Santo.

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"As eleições do próximo ano foram antecipadas. Isso, aliado à CPI da Covid-19, acabou afetando o andamento das reformas", diz. "Com o clima de eleições extremamente polarizadas, a gente vai ficar em um Fla-Flu. Ou seja, na arquibancada, e não no lado racional. Isso atrasa investimentos. Infelizmente, é o que temos. Gostaria muito de estar errado", acrescenta.

A pesquisadora Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), vai na mesma linha. Ela também diz que a tensão vivida pelo país na área política e incertezas sobre o rumo econômico devem impactar investimentos.

"O cenário não é um desastre, mas também não é favorável. Temos incertezas econômicas geradas pelas incertezas políticas", define Silvia.

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A economista ainda menciona que os juros mais altos e a possibilidade de produção menor na agropecuária, em meio à crise hídrica, podem frear investimentos em máquinas e equipamentos.

Nesta quarta, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) também divulgou seu indicador mensal de FBCF. Em junho, os aportes tiveram leve redução de 0,1% frente a maio, informou o instituto.

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