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Tradicionalmente descontadas ante seus pares privados, as ações do Banco do Brasil acumulam desempenho superior às de Itaú Unibanco e Bradesco neste mês, beneficiadas pela redução do temor de que o banco público estivesse mais exposto ao risco da inadimplência que os seus concorrentes. A alta dos papéis chamou atenção de operadores porque não foi influenciado apenas pelos rumores de pesquisas eleitorais, uma vez que o banco oficial sustentou alta até mesmo em dias em que outras companhias públicas, como Petrobras e Eletrobras, recuaram.
Além da superação do fantasma da maior inadimplência, mesmo com o apetite maior do BB no crescimento do crédito que os bancos privados, fontes citaram outros motivos que ajudaram os papéis, como a renovação do programa de recompra de ações no mês passado e notícias positivas para o setor em torno do julgamento dos bancos públicos.
Outro motivo é que o papel do banco estava mais descontado que seus players privados, tendência que se inverteu em julho. O BB chegou a acumular alta de 20% em julho, o dobro dos concorrentes privados, mas reduziu a valorização para 11,55% no mês passado, enquanto os papéis PN do Itaú subiram em julho 9,86% e do Bradesco, 8,05%. As units do Santander avançaram cerca de 0,79%
Com inadimplência controlada - há quatro trimestres o indicador, considerando os atrasos acima de 90 dias, não ultrapassa a faixa de 3,7% e 4,2%, o banco oficial passou a ser considerado um player mais seguro em termos de qualidade de crédito por alguns analistas do mercado. Nos últimos anos, o mercado tem criticado a influência do governo na gestão da instituição por conta do crescimento mais agressivo do crédito e redução de juros.
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Segundo um operador, pode ter influenciado o mercado um relatório divulgado pelo Morgan Stanley no último dia 16, rebaixando Bradesco e Itaú Unibanco, mas mantendo recomendação para BB, por avaliar que o banco estatal tem uma base de clientes mais permeada por funcionários públicos, o que deve proteger a instituição financeira em um cenário de maior desemprego. O relatório apontava ainda que o banco opera com avaliação pior que seus concorrentes privados, com previsão de preço/valor patrimonial para o final de ano de 1 vez para BB, de 1,8 vez para Bradesco e de 1,9 vez para Itaú Unibanco.
Também ajudou o papel do BB o parecer da Procuradoria Geral da República (PGR) que apontou lucro de R$ 21,87 bilhões para os bancos com os planos econômicos e não mais R$ 441,7 bilhões. Isso porque BB e Caixa Econômica Federal respondem por mais de 50% do volume dos depósitos nas décadas de 80 e 90. O julgamento do tema no Supremo Tribunal Federal (STF), que já foi adiado quatro vezes, ainda não tem data definida e a possibilidade de ficar somente para 2015 afasta riscos para o desempenho dos papéis.
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Riscos
Em relatório divulgado na semana passada, o Credit Suisse destacou que o "gap" entre BB e bancos privados diminuiu nas últimas quatro semanas, mas que a vantagem do BB vista neste mês pode estar se esgotando. Por isso, o Credit recomendou aos investidores a troca de BB por Petrobras.
Enquanto o BB está sendo negociado a múltiplo de 7,5 vezes o preço/lucro de 2015, os privados estão a 9,5 vezes, segundo o Credit. "Agora, novos aumentos dependerão de como o banco estatal vai entregar resultados neste ambiente macroeconômico mais desafiador." O banco abrirá seus números do segundo trimestre no dia 14 de agosto, antes da abertura do mercado.
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Os analistas do banco suíço lembraram que o BB tem um plano de recompra aberto com possibilidade de comprar 50 milhões de ações no mercado. O novo programa de recompra foi aprovado em 6 de junho. "Pode ter ajudado na performance. Não sabemos se eles foram ativos no mercado, mas sabemos que não poderão fazer nada nos próximos 15 dias dado o período de silêncio antes do resultado em 14 de agosto)", afirmou o Credit no relatório.
Um risco que pode ser observado diz respeito à estrutura de capital do banco, mas este foi amenizado com a emissão de US$ 2,5 bilhões em bônus perpétuos subordinados nível 1, enquadrados nas regras de Basileia 3, no mês passado. O fato de a operação ter sido bem-sucedida, com demanda superior a US$ 12 bilhões, confirma, conforme uma fonte, o esforço do banco em reforçar a sua base de capital. Procurado pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o Banco do Brasil não comentou o assunto
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