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O saldo da entrada e saída de dólares do país, fluxo cambial, ficou negativo em US$ 2,484 bilhões, neste mês, até o dia 19, informou hoje (23) o Banco Central (BC).
A maior parte do resultado negativo veio do segmento financeiro (investimentos em títulos, remessas de lucros e dividendos ao exterior e investimentos estrangeiros diretos, entre outras operações), com US$ 1,590 bilhão. O fluxo comercial (operações relacionadas a exportações e importações) também registrou saldo negativo, de US$ 893 milhões.
Essas saídas de dólares do país maiores do que as entradas ocorreram mesmo com as medidas do governo para tentar estimular a entrada da moeda no país. Se houvesse maior entrada de dólares, a cotação do dólar seria empurrada para baixo.
No último dia 3, o BC eliminou as restrições de prazos para que os exportadores financiem pagamentos antecipados. Antes, os exportadores que quisessem antecipar o recebimento das receitas com as vendas para o exterior poderiam pegar empréstimos de até cinco anos. O BC derrubou esse limite, permitindo que financiamentos de prazos mais longos sejam concedidos. A medida tem como objetivo aumentar a oferta de dólares no mercado, empurrando a cotação para baixo.
De acordo com os dados do BC, as operações de pagamento antecipado ficaram em US$ 2,244 bilhões, em julho até dia 19. As operações de Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) chegaram a US$ 1,971 bilhão. No total, as exportações ficaram em US$ 10,727 bilhões, enquanto as importações chegaram a US$ 11,620 bilhões.
Além dessa medida o BC retirou o depósito compulsório sobre a posição vendida de câmbio. Com a medida, os bancos deixaram de recolher à autoridade monetária parte dos valores aplicados em apostas de que o dólar vai cair. O BC também tem feito operações de swap cambial tradicional, equivalente à venda de dólares no mercado futuro, para tentar suavizar a alta do dólar.
Outra medida do governo foi zerar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para os estrangeiros que aplicam em renda fixa no Brasil. Desde outubro de 2010, a alíquota em vigor era 6%. O governo também decidiu isentar de IOF a venda de moeda estrangeira no mercado futuro.
O mercado financeiro global enfrenta turbulências por causa da perspectiva de que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, reduza os estímulos monetários para a maior economia do planeta. Se a ajuda diminuir, o volume de moeda norte-americana em circulação cai, aumentando o preço do dólar em todo o mundo.
Ainda de acordo com os dados do BC, a posição de câmbio dos bancos ficou comprada (indica expectativa de alta do dólar) em US$ 570 milhões, em julho até dia 19. Em junho, a posição comprada era US$ 3,093 bilhões.
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