Economia

Presidente do Ipea defende reformas tributária e da previdência social

A reforma da previdência teve o relatório aprovado na Comissão Especial em maio e aguarda para ser votada no plenário da Câmara dos Deputados

Agência Brasil

Publicado em 11/10/2017 às 08:30

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Ernesto Lozardo defende as reformas tributária e da previdência social / Agência Brasil

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O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Ernesto Lozardo, defendeu que o Brasil faça uma reforma no sistema tributário, além da previdência, para que “o país reduza os custos do trabalho e do capital e possa crescer com sustentabilidade”. A reforma da previdência teve o relatório aprovado na Comissão Especial em maio e aguarda para ser votada no plenário da Câmara dos Deputados.

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A reforma tributária ainda não foi enviada pelo governo ao congresso, mas já foi defendida pelo presidente Michel Temer. Segundo Lozardo, que participou hoje do seminário Reforma Tributária: perspectivas para 2017, na Fundação Getulio Vargas (FGV), o sistema precisa ser modernizado para acompanhar as mudanças no processo produtivo das empresas.

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“Onde se produz as coisas? Nós não sabemos. Está cada vez mais distante,  mais difícil saber aonde inicia a produção de um bem e onde termina. Nós sabemos onde ele é consumido, mas não onde ele é produzido, tem vários componentes. Então, dada a sofisticação do mundo produtivo de hoje, nós temos que ter um sistema tributário mais simples e mais moderno, para que atenda a essas coisas”, disse.

De acordo com ele, será difícil aprovar uma reforma ampla no momento. “O que sugeriria é que nós possamos ter um regime tributário que simplifique as tributações, reduza enormemente a burocracia da arrecadação tributária das empresas e do governo, mas que possa tornar o sistema mais eficiente tanto na arrecadação quanto na alocação dos recursos”.

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Lozardo explicou que o governo trabalha em uma proposta para uma reforma “ampla” e que seja “possível” de ser feita agora, até o fim do atual governo. “Se não houver a grande reforma, pelo menos que se faça uma reforma inteligente agora. Não precisa ter a grande reforma, mas uma reforma mais prudente. Nesse sentido, estamos trabalhando, o Ipea com o governo, de, sim, criarmos a grande reforma, e fazermos agora a reforma prudente. O que é mais prudente ser feito agora. É um governo curto, temos muito pouco tempo de fazer isso, mas que se faça agora”.

Ele citou o caso da Índia, onde foi implementado um sistema com o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) no curto prazo e com revisão periódica. “A revisão para ir adaptando o novo sistema à realidade, porque a realidade produtiva hoje é muito diferente do que era 20 ou 30 anos atrás, e vai ser muito diferente daqui a dez anos. Então, o processo de adaptação do sistema tributário a uma nova realidade, para ter flexibilidade no sistema tributário brasileiro, é muito importante isso. Primeiro, ter um tempo de implementação curto, três anos, e ter flexibilidade, não no sentido de aumentar carga tributária, de criar de novas alíquotas que venham a tornar um sistema tributário caótico. Não. A flexibilidade de torná-lo mais exequível as novas realidades produtivas no mundo, fazendo essa revisão periódica”.

De acordo com Lozardo, o objetivo maior da reforma tributária, que seria a redução das desigualdades sociais, é possível com mudanças na tributação do ganho de capital, passando do ganho nominal para a variação real do patrimônio. Porém, ele afirma que não será possível mudar isso por enquanto.

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“A gente nota que no Brasil, da maneira que é o nosso regime tributário, ele favorece a concentração de renda e não torna o sistema mais progressivo. Então as pessoas de alta renda conseguem fazer uma série de aplicações financeiras, um planejamento tributário, em que evita o pagamento de tributos. É uma nova discussão, que o nosso sistema tributário favorece a concentração de renda dos mais ricos em detrimento dos mais pobres ou da classe média. Então, é mais um elemento importante. Não vai ser discutido isso agora. Quando falo de um sistema tributário flexível, é para que essas deficiências possam ser corrigidas ao longo do tempo. Agora não dá”.

Lozardo explicou que o Ipea tem estudado as possibilidades para “corrigir essas imperfeições ao longo do tempo”, tanto em relação “aos novos sistemas de produção no mundo e no país”, quanto em relação a “essas anomalias que o antigo sistema tributário gerou”. O instituto também deve se dedicar a avaliar os gastos públicos após as reformas. “Você não pode depois de todas essas reformas continuar gastando como gasta hoje, com as mesmas ineficiências”.

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