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Dados divulgados pelo Banco Central na última quarta-feira (27) revelaram que a taxa total de inadimplência, considerando pessoas físicas e empresas, no segmento de recursos livres (exceto crédito rural e habitacional), subiu de 4,4% em março para 4,6% no mês de abril. Os dados representam as operações com atrasos superiores a 90 dias.
Ao mesmo tempo, a taxa de juros cobrada pelos bancos nas operações de pessoa física subiu pelo quarto mês consecutivo, chegando a 56,1% ao ano ? destaque também para a alta no crédito pessoal não consignado. O aumento é o maior desde o início da série histórica, em 2011.
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Houve também crescimento significativo na taxa de juros média de crédito das operações incluindo pessoas físicas e empresas, ainda com recursos livres, que passou de 40,9% ao ano em março para 41,8% em abril.
Para o economista Alexandre Nobre, sócio-diretor da RCB Investimentos, o aumento nas taxas de juros está relacionado ao ajuste necessário acontecendo na econômica. "O controle de preços administrados, o incentivo ao consumo e a rede de benefícios, estimulados pelo governo nos últimos anos, levou a essa situação com inflação em alta e necessidade de ajuste fiscal. Isso resultou à alta de juros e a desaceleração que estamos vivendo", explica. No acumulado de 12 meses, encerrado em abril, a inflação chegou a 8,17%. De acordo com o economista, o crescimento da inadimplência é reflexo de uma série de fatores, entre os quais o crescimento dos índices de desemprego e o aumento da inflação.
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"A tendência para este ano é que a inadimplência permaneça com índices elevados. O aperto no crédito feito pelos bancos também é um fator que contribui para esse quadro", acrescenta Renato Toledo, sócio de Nobre na RCB.
Ainda como consequência da crise econômica, a taxa anual de juros do rotativo do cartão de crédito subiu de 345,8%, em março, para 347,5%, em abril. "O cartão de crédito é uma das principais modalidades de pagamento para 52 milhões de brasileiros. A elevação da taxa de juros no segmento também contribui para o aumento do número de devedores. A lógica é simples: dívidas mais caras significa maior dificuldade para as famílias", conclui Toledo.