Economia
Em junho, os investidores estrangeiros tinham R$ 275,18 bilhões aplicados em títulos federais, o que representava 14,52% da dívida mobiliária
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A retirada da taxação de capitais estrangeiros que entram no país e a alta dos juros básicos da economia estimularam o interesse dos investidores internacionais em papéis do governo brasileiro, mesmo num cenário de turbulência financeira global. A participação de não residentes na dívida pública mobiliária (em títulos) interna saltou R$ 10 bilhões no mês passado e encerrou junho no maior volume da história.
Em junho, os investidores estrangeiros tinham R$ 275,18 bilhões aplicados em títulos federais, o que representava 14,52% da dívida mobiliária. Em termos percentuais, o recorde na participação de aplicadores de fora do país tinha sido registrado em março, quando atingiu 14,8%.
De acordo com o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, a retirada do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para aplicações de estrangeiros em renda fixa contribuiu para aumentar as compras de papéis do Tesouro Nacional por não residentes. “O fim do IOF trouxe novo fluxo de compra de investidores, concentrados em papéis prefixados de prazo mais longo. Alguns investimentos planejados foram efetivados”, declarou.
Desde março de 2008, os investidores estrangeiros que aplicavam em renda fixa no Brasil pagavam IOF na hora de embolsar os rendimentos. Inicialmente, a alíquota correspondia a 1,5%, sendo reajustada para 2% em outubro de 2009, 4% em outubro de 2010 e 6% também em outubro de 2010. A taxação tinha como objetivo conter a entrada de capitais especulativos, que contribuíam para a queda do dólar.
A alta da moeda norte-americana a partir do fim de maio, motivada pela perspectiva de retirada dos estímulos monetários para a economia dos Estados Unidos, mudou o cenário. Em junho, o Ministério da Fazenda zerou o IOF para conter a subida do dólar.
A medida surtiu efeito sobre as compras de títulos por estrangeiros. Nos últimos meses, o estoque de títulos da dívida interna nas mãos de aplicadores internacionais estava em torno de R$ 264 bilhões. “Somente em um mês, observamos um salto de R$ 10 bilhões no volume detido por não residentes”, destacou Garrido.
Além da retirada do IOF, a alta da taxa Selic, que começou a ser reajustada em maio pelo Banco Central, também aumentou o interesse dos investidores estrangeiros nos papéis do governo brasileiro. Isso porque, com a Selic maior, as taxas dos títulos prefixados também sobem. “O aumento dos juros provocou maior atratividade das taxas dos títulos”, explicou o coordenador.
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