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O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, disse que a expansão do crédito no mês de julho, divulgada nesta quinta-feira pelo BC, em termos nominais, está acima do crescimento registrado do Produto Interno Bruto (PIB) e em linha com a projeção de crescimento de 15% para este ano. "O crédito segue como um elemento importante na manutenção do crescimento econômico", salientou.
A expansão desse mercado vista em julho refletiu, de acordo com o Maciel, a estabilidade do crédito livre e expansão dos financiamentos direcionados. "Esta tem sido a tônica deste ano", resumiu. Ele destacou que a expansão desse mercado se dá em um ambiente de alongamento de prazos e de um quadro favorável de inadimplência. Segundo Maciel, a taxa de 3,3% de inadimplência vista no mês passado é a menor da nova série, que teve início em março de 2011.
Segundo Maciel, os juros bancários subiram no mês em linha com o ciclo de política monetária. O comportamento se deu tanto no crédito livre quanto no direcionado, afetando as taxas para pessoas físicas e jurídicas. Ele disse que o crédito livre tem crescido, mas em ritmo mais fraco do que o direcionado, que abrange duas modalidades com dinamismo mais forte, crédito para investimento, principalmente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e habitacional. Essas modalidades estão concentradas nos bancos públicos, o que explica o melhor desempenho dessas instituições este ano.
Sobre a desaceleração do crédito livre em julho, Maciel destacou a sazonalidade por parte das empresas e o efeito das manifestações de ruas, que contribuíram para a queda da confiança de consumidores. "Tivemos indicadores de confiança que mostraram recuo, certamente, em parte, influenciados pelas manifestações, e isso pode ter sido fator adicional, na medida em que deixa tanto tomadores como bancos mais cautelosos."
Crédito imobiliário
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central afirmou que a alta do crédito direcionado, em especial o imobiliário e o concedido por meio do BNDES tem ocorrido com "bastante qualidade". Ele argumentou que a constatação dessa avaliação pode ser verificada por meio da evolução da inadimplência desses segmentos.
De acordo com dados do BC apresentados mais cedo, o calote a instituições financeiras públicas ficou em 1,9% em julho. Desde pelo menos dezembro de 2011, conforme dados divulgados nesta quinta-feira pelo BC, a inadimplência dessa área gira em torno desse porcentual, tendo ficado no menor nível de 1,8% e no maior de 2,00% desde então. "Nunca ficamos fora de 1,9%", disse.
Maciel evitou fazer comentários sobre as preocupações apresentadas na quarta-feira, 28, pelo Fundo Monetário Nacional (FMI) em relação a alguns pontos da economia brasileira. O organismo multilateral chegou a recomendar, por exemplo, uma redução gradual na concessão de crédito por bancos públicos no Brasil. "Não vou fazer comentários sobre manifestação do FMI", limitou-se a dizer.
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