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Quando a economia brasileira retomar a confiança perdida na crise atual, o dólar deve voltar ao patamar abaixo de R$ 3,00, segundo afirmou o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira, em evento promovido pela FGV em São Paulo nesta quarta-feira (26).
A "única coisa boa" que emergiu da atual conjuntura de crise foi o fato de o "mercado ter levado a taxa de câmbio para um lugar bom, o que dá um respiro para a indústria".
Bresser disse estar convencido de que o atual patamar não se manterá.
O país, segundo ele, vive uma "sobreapreciação cíclica e crônica" da taxa de câmbio e a taxa se depreciou agora porque as commodities caíram, os Estados Unidos mudaram a apreciação de sua moeda e houve perda de confiança relativa.
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"Assim que voltar um pouco de confiança, que os EUA mudarem sua política e que as commodities voltarem não para o boom, mas para um preço normal, nossa taxa de câmbio volta de R$ 3,60 para R$ 2,80 ou R$ 2,90 e a nossa indústria volta a se inviabilizar. Então, temos que fazer alguma coisa sobre isso", afirmou.
No mesmo evento, Roberto Mangabeira Unger, o ministro de Assuntos Estratégicos, comentou o ajuste fiscal e afirmou que as medidas não podem depender da condescendência dos mercados financeiros.
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Para ele, o atributo do ajuste de combater a inflação "só muito temporariamente deve ter por base o aumento do custo do dinheiro". O combate à inflação, segundo ele, deve se basear em um esforço produtivo e no avanço da produtividade.
"O que não pode passar para o país é que, diante do malogro das políticas contracíclicas, o governo ficou em pânico e rendeu-se aos bancos. O propósito do ajuste fiscal e de todo o projeto de desenvolvimento nacional é assegurar a primazia dos interesse do trabalho e da produção sobre os interesses do rentismo financeiro."
Segundo o ministro, o ajuste não pode contradizer o movimento da desvalorização cambial.
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"Seria um desvario, uma irresponsabilidade, dilapidar os recursos do Tesouro e do povo brasileiro na tentativa de inibir ou reverter o curso da desvalorização cambial, cujos efeitos são o seu conjunto mais benéfico do que para nós."
Ele destacou a importância de se promover a liberdade para a importação de altas tecnologias e disse ser necessário abandonar unilateralmente todas as restrições tarifárias e não tarifarias à importação de alta tecnologia. "Uma impressora 3D não deve custar em São Paulo o dobro do que custa em Nova York. Para isso, teremos que superar nossos preconceitos mercantilistas segundo os quais, exportar é bom e importar é ruim."
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