Economia

Dívida pública recua 3,6%, para R$ 2,04 trilhões

O clima de desconfiança com o País fez o Tesouro botar um pé no freio nas vendas e não referendar as taxas elevadas de juros que os investidores estavam pedindo para comprar os títulos do governo brasileiro

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 25/02/2014 às 21:12

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Num mês de grande turbulência no mercado financeiro, o estoque da dívida pública federal caiu R$ 76,5 bilhões em janeiro e fechou o mês em R$ 2,04 trilhões.

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Apesar do recuo de 3,6% do endividamento interno e externo do governo federal parecer positivo num primeiro momento, o resultado refletiu as dificuldades do Tesouro Nacional em vender os títulos públicos por causa das incertezas em relação ao futuro da economia brasileira e de outros países emergentes diante da mudança da política monetária dos Estados Unidos e das turbulências cambiais na Argentina.

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O clima de desconfiança com o País fez o Tesouro botar um pé no freio nas vendas e não referendar as taxas elevadas de juros que os investidores estavam pedindo para comprar os títulos do governo brasileiro. Também contribuiu para o resultado o vencimento de R$ 129,42 bilhões de títulos - o maior da história num único mês.

Com tantos títulos vencendo em meio à alta volatilidade e aversão a risco dos investidores, o Tesouro acabou retirando do mercado o volume recorde de R$ 100,1 bilhões de papéis. Essa é quantidade de títulos que venceram no mês e não foram refinanciados com a venda de novos papéis.

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O impacto da correção dos juros no estoque da dívida atingiu a marca de R$ 23,60 bilhões no mês, o que evitou uma queda ainda maior da dívida. O custo está maior devido ao processo de alta da taxa Selic comandado pelo Banco Central e também pela piora das expectativas. No acumulado de 12 meses, o custo médio subiu de 11,32% para 11,61% ao ano em janeiro.

Segundo dados do Tesouro divulgados nesta terça-feira, 25, a dívida interna caiu 3,85% no mês passado, enquanto a dívida externa subiu 1,67%. O Tesouro vendeu R$ 35,3 bilhões. Apesar das dificuldades enfrentadas, o coordenador-geral da Dívida Pública do Tesouro, Fernando Garrido, considerou positivo o volume vendido - maior do que em muitos meses de 2013.

Ele lembrou que, no último leilão de venda de títulos de janeiro, o Tesouro vendeu menos do ofertado em resposta a um período de maior volatilidade do mercado. O objetivo do governo com essa estratégia, segundo ele, foi evitar adicionar mais volatilidade, o que levou o Tesouro a cancelar também no início de fevereiro um leilão de venda e realizar três leilões de recompra de papéis. Esses leilões funcionam como porta de saída para os investidores que quiserem se desfazer dos seus papéis.

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Avaliação

"Se não há definição clara das taxas, se evita fazer a venda, por que podemos pagar mais do que seria justo?", afirmou Garrido sobre a estratégia. Ele considerou a política bem-sucedida e destacou, como exemplo, a taxa da LTN (título prefixado) com vencimento em 2018, que estava em 13,30% no último leilão de janeiro e caiu para 12,83% na semana passada. "A avaliação do mercado foi positiva no sentido de evitar adicionar volatilidade "

O coordenador destacou como positivo o aumento do prazo médio da dívida , que atingiu em janeiro o maior patamar da série histórica. O prazo médio passou de 4,18 anos em dezembro para 4,39 anos no mês passado. A parcela de títulos atrelados à taxa Selic subiu de 19,11% em dezembro para 20,32%.

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Esses títulos trazem mais risco de financiamento da dívida no caso de alta dos juros. Já a participação de títulos prefixados caiu de 42,02% em dezembro para 38,68% em janeiro. Os títulos atrelados à inflação fecharam o mês passado em 36,36%, ante 34,53% do total da DPF em dezembro. O total de papéis corrigidos pela taxa de câmbio aumentou de 4,35% para 4,64% do total da dívida.

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