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O desemprego pode voltar a ser alto no país. A afirmação é do presidente da Ordem dos Economistas do Brasil e professor da Universidade de São Paulo (USP), Manuel Garcia Enriquez. Segundo o especialista, com crescimento econômico em queda – podendo fechar o ano com menos de 1% — o Brasil tem pela frente um grande desafio: resgatar a credibilidade para garantir o desenvolvimento.
“O Brasil está em situação de baixa credibilidade econômica. É preciso restaurá-la, mas para isso a presidente terá que indicar uma boa equipe econômica, que tenha independência para desenvolver políticas voltadas ao crescimento”, disse Enriquez.
O professor destaca que, enquanto a inflação estiver alta o crescimento será baixo. “Ela (a presidente) ainda não deu sinais de que fará mudanças bruscas. Pelo contrário, elevou, recentemente, a taxa de juros e a tarifa de energia elétrica. Se nada for feito para mudar o cenário, haverá perda de postos de trabalho”.
Enriquez explica que, apesar de Dilma ter sucedido Lula e ambos pertencerem ao mesmo partido, há diferença entres os modelos econômicos adotados por seus governos. “O presidente Lula manteve, na essência, o mesmo modelo de Fernando Henrique Cardoso, e teve muita sorte, pois seguiu a economia mundial, principalmente da Europa e da China, que cresceu rapidamente entre os anos de 2003 e 2008”.
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O especialista destaca características econômicas do governo Lula como o combate maior à inflação e com geração de superávit primário. “Isso dá credibilidade à economia, pois sinaliza ao investidor que está economizando parte da receita tributária para o pagamento de juros”. O economista também ressaltou a adoção do câmbio flutuante, com intervenções do Banco Central par a que o dólar não alcançasse taxas elevadas. Ele ressalta ainda a ascenção da classe C.
Segundo Enriquez, até o segundo ano deste mandato, a presidente Dilma Rousseff manteve a mesma política econômica adotada por Lula, no entanto se afastou porque ‘faltava dinheiro’. “Os bancos privados têm uma capacidade pequena de empréstimo. Tudo muda quando a presidente diz ao Tesouro Nacional que o dinheiro do aumento da dívida seja entregue aos bancos públicos para que esses continuem dando crédito. Quando se faz isso a economia não cresce, e como não há crescimento, não há aumento da arrecadação, mas há aumento com os gastos e, consequentemente falta dinheiro para pagar os juros”.
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Para ilustrar a explicação, o economista dá como exemplo a execução das obras de infraestrutura. “Não criou condições para finalizar as melhorias nos portos e aeroportos e da logística, sendo concluído apenas de 20 a 30 por cento dos serviços”. A falta de investimentos e a instabilidade econômica afastou investidores nos últimos anos.